Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira ao que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão é de ganhos para os principais índices mundiais, enquanto o Brasil tem um noticiário político bastante movimentado, com atenções voltadas para o recesso parlamentar e a intensa agenda de resultados. Confira os destaques desta terça-feira: 

1. Bolsas mundiais

A sessão é novamente de ganhos para as principais bolsas mundiais, com os índices europeus registrando altas impulsionados pelos resultados do segundo trimestre. Destaque para a gigante do setor de petróleo BP com alta de cerca de 3%, puxando o índice do setor de petróleo e gás depois de bater as previsões à medida que novos projetos sustentaram a produção. Atenção ainda para os dados da economia da zona do euro: o PIB cresceu 0,6% no segundo trimestre do ano ante o primeiro e registrou expansão anual de 2,1% no mesmo período, segundo dados preliminares divulgados hoje pela Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia. Os resultados vieram em linha com a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

Na Ásia, os mercados também tiveram alta animados com os dados de indústria da China. O PMI mostrou alta em julho, com a produção e as novas encomendas aumentando ao ritmo mais rápido desde fevereiro diante das fortes exportações.O minério de ferro futuro sobe mais de 2%, na terceira alta seguida, enquanto Qingdao registra leve baixa. Já o petróleo registra leve baixa, após registrar ganhos mais cedo com expectativa de que dados de estoques nos EUA voltem a mostrar declínio, enquanto incêndio na refinaria de Pernis, da Shell, a maior da Europa, está adicionando volatilidade para a commodity e derivados. 

Às 8h16, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) 0,45%

*FTSE (Reino Unido) +0,53%

*DAX (Alemanha) +0,40% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,79% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,59% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,30% (fechado)

*Petróleo WTI -0,28%, a US$ 50,03 o barril

*Petróleo brent -0,40%, a US$ 52,51 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +2,43%, a 547 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -0,19%, a US$ 73,56 a tonelada

2. Noticiário político

Com as atenções voltadas para a votação sobre a admissibilidade do processo contra o presidente Michel Temer, senadores e deputados voltam ao trabalho nesta terça-feira (1º), após duas semanas de recesso. Pelo calendário estabelecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, hoje, no primeiro dia de trabalho, o parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), contrário ao prosseguimento da denúncia, será lido em plenário às 14h. Amanhã (2) o parecer deverá ser votado pelos 513 deputados. A votação só será aberta quando pelo menos 342 dos 513 deputados registrarem presença em plenário.

Confiante na vitória, mas ainda em busca de quórum para a votação, o governo começou a estimular a presença até de deputados contrários a Temer, destaca a Folha de S. Paulo. Líderes governistas pediram a deputados que ameaçavam se ausentar para que também marquem presença, mas declarem abstenção na hora de pronunciar seus votos no microfone –o que conta para o quórum. Com essa articulação, o presidente pretende colocar entre 290 e 300 deputados no plenário –mesmo que nem todos sejam seus apoiadores– e constranger a oposição a também marcar presença, chegando ao número mínimo para que a denúncia seja votada. 

A vitória do governo já é esperada, uma vez que até mesmo a oposição admite não ter os 342 votos para o prosseguimento da denúncia. Mas o mercado deve ficar de olho na votação.  De acordo com a consultoria de risco político Eurasia Group, uma vitória do presidente Michel Temer por um placar relativamente amplo em votação de denúncia geraria efeitos sobre a adormecida agenda de reformas. Um placar dilatado permitiria que governo começasse a negociar uma versão diluídada reforma da Previdência, aponta relatório da consultoria (veja mais clicando aqui). 

Além da votação da denúncia, a meta fiscal segue no radar. Esperando arquivamento de denúncia contra Temer, governo amarra pacote para equilibrar gastos públicos, quatro outras matérias são consideradas fundamentais para o cumprimento da meta fiscal de 2017, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. O governo quer destravar leilões para ampliar receita, segundo Globo, enquanto matéria do Valor cita que licenças ambientais podem bloquear investimentos na 14ª rodada de petróleo, um dos eventos com os quais governo conta para atrais investimentos. Ontem, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu que a necessidade de mudança da meta fiscal está sendo analisada, mas ressaltou que, no momento, a meta perseguida pela equipe econômica é a aprovada pelo Congresso Nacional, que admite um déficit de R$ 139 bilhões. “Em relação à questão da meta fiscal, estamos analisando o assunto; no momento a meta anunciada será seguida”, afirmou.

Ainda no radar político, destaque para o novo pedido da PGR de prisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A PGR pretende anular decisão anterior do ministro do STF Marco Aurélio, que negou outro pedido de prisão e determinou o retorno do parlamentar, no mês passado, às atividades no Senado. A defesa do senador Aécio Neves informou que ainda não teve acesso à manifestação da PGR, “mas segue tranquila quanto à manutenção da decisão do ministro Marco Aurélio que, ao revogar as cautelares impostas contra o Senador, promoveu precisa aplicação das regras constitucionais”. “A renovação de pedido de prisão contra o senador Aécio representa clara e reprovável tentativa de burla ao texto expresso da Constituição Federal”, diz nota assinada pelo advogado Alberto Zacharias Toron.

3. Agenda econômica 

Na agenda econômica desta terça, destaque para a ata do Copom (Comitê de Política Monetária); na última reunião, a Selic foi reduzida em 100 pontos-base, para 9,25% ao ano. De acordo com o documento, os integrantes do Comitê concluíram sinalizar mesma magnitude para setembro. “Debateu-se a conveniência de se sinalizar flexibilização adicional de mesma magnitude da adotada nesta reunião, versus uma flexibilização mais moderada (…) Concluíram por sinalizar, para a próxima reunião do Copom, uma possível flexibilização de mesma magnitude da adotada nesta reunião, mas que dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da
extensão do ciclo”, destaca a ata. Segundo o documento, de forma geral, a magnitude da flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação. O Copom ressalta que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá de fatores conjunturais e das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.

 Atenção ainda para a produção industrial de junho, que terá dado divulgado às 9h pelo IBGE. Segundo a Rosenberg Consultores Associados, após dois meses de crescimento na margem, a indústria parece ter apresentado uma certa acomodação em junho. “Natural de recuperações lentas e graduais como a atual, esta oscilação mensal não deve ser entendida como uma reversão da recuperação”, afirma a consultoria. Às 15h, será revelado o número da balança comercial de julho. 

Já nos EUA, destaque para o índice de preços dos gastos com consumo às 9h30, além de dados de gastos e de renda do consumidor, no mesmo horário. Às 11h, serão revelados dados de gastos com construção e indicadores de produção da indústria. 

4. Especiais IMTV

O “Especial Setores” do 2º semestre entra na reta final nesta semana. Para a edição desta terça-feira serão analisadas as ações de autopeças, aviação (Gol e Azul) e a Embraer. A transmissão ao vivo começa a partir das 15h (horário de Brasília) na InfoMoneyTV. Os convidados serão o gestor João Paulo Reis, da Venture Invest, e o analista Marco Saravalle, da XP Investimentos. Já amanhã, às 14h, abordaremos as perspectivas para as empresas de concessões, infraestrutura e locadoras de automóveis. Clique aqui e assista a todo o conteúdo desse especial.

5. Noticiário corporativo
Em destaque, está a intensa temporada de balanços. O Itaú Unibanco reportou lucro líquido recorrente de R$ 6,17 bilhões no segundo trimestre deste ano, superando as expectativas compiladas pela Bloomberg, que apontavam lucro de R$ 5,99 bilhões. Além do resultado, o Itaú anunciou ainda que seu conselho aprovou o pagamento de juros sobre o capital próprio complementares aos dividendos pagos mensalmente, no valor de R$ 0,39900 por ação, que serão pagos em 25 de agosto baseado na posição acionária de 14 de agosto. Já o  Magazine Luiza registrou lucro líquido de R$ 72,4 milhões no segundo trimestre do ano, valor 594,5% superior aos R$ 10,4 milhões apurados em igual período do ano passado. Este foi o maior lucro trimestral já registrado pela companhia. Além da temporada de balanços, a JBS anunciou que concluiu por US$ 300 milhões a venda de suas operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para unidades da rival brasileira Minerva. Ainda sobre a J&F, o grupo fechou a venda da Vigor para o grupo Lala, do México, por R$ 5,7 bilhões, de acordo com o Estadão. 

No radar de recomendações, a MRV e a Direcional tiveram a recomendação reduzida de outperform para neutra pelo Credit Suisse, enquanto a Usiminas teve a recomendação elevada para outperform pelo Itaú BBA. Já sobre a Sabesp, a Arsesp concedeu prazo adicional em 2ª revisão tarifária. Por fim, o Conselho de Administração da Suzano aprovou a migração para o Novo Mercado.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.