DIs mergulham 22 pontos após Copom; Ibovespa sobe de olho em balanços corporativos e Lava Jato

Comunicado do Banco Central faz mercado apostar em novo corte de 100 pontos na Selic em setembro

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em um dia com um turbilhão de drivers para o mercado, o Ibovespa abriu sinalizando sessão positiva, com poucas ações do índice operando em queda. Às 10h34 (horário de Brasília) desta quinta-feira (27), o benchmark da bolsa brasileira avançava 0,66%, a 65.442 pontos, com os investidores digerindo a divulgação de balanços importantes, além de uma nova fase da Operação Lava Jato e a decisão do Copom de cortar os juros em 100 pontos-base, para 9,25% ao ano.

“Os mercados internacionais digerem as divulgações de balanços das empresas, e tanto nos EUA quanto na Europa o dia é intenso. Ontem, o mercado reagiu a um Fed ‘brando’, que reconhece a queda da inflação recente, e contribuiu para a queda do dólar no mundo. No Brasil, investidores reagirão às sinalizações do BC, que deixa a porta aberta para novos cortes de Selic, e coloca um viés de baixa às projeções do mercado. Do lado ‘micro’, um dia intenso, com balanços de Vale e Bradesco, entre outros”, observam os analistas da Guide Investimentos.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 mergulhavam 22 pontos-base, a 8,28%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíam 18 pontos-base, a 9,31%. Os investidores repercutem a decisão do Comitê de Política Monetária por reduzir a taxa básica de juros em 100 pontos, para 9,25% ao ano, em seu menor patamar em 3 anos e 11 meses. As sinalizações do Banco Central de que o ciclo de cortes na Selic poderá ser mantido no mesmo ritmo influencia nos movimentos do mercado de renda fixa neste pregão. 

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“O modelo dele [BC] está dando 4,3% para o ano que vem com 8% de Selic no final do ano, o que indica que existe espaço adicional para cortar juros”, afirmou Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset. “O cenário base do BC hoje deve ser reduzir a taxa de juros para 7,5% no final do ciclo. Dado isso, a próxima reunião será 100 pontos-base”, completou. As expectativas de juros mais baixos também impactam na bolsa, uma vez que tornam o mercado de renda variável mais atrativo, tendo em vista a queda do retorno da renda fixa.

“O resultado era aguardado pelo mercado, e a atenção estava concentrada no comunicado, que surpreendeu. O documento veio com tom menos cauteloso do que o último comunicado (maio). Trechos que sugeriam uma redução do ritmo de corte foram retirados, e diminuíram as menções sobre incertezas. Com isso, o mercado não mais se questiona sobre um corte de 0,5p.p. e 0,75p.p. para a próxima reunião, dia 6 de setembro, e agora se voltam para o intervalo de 0,75p.p. e 1,0p.p como o mais provável”, observou a equipe de análise da XP Investimentos em relatório a clientes.

Confira ao que se atentar neste pregão:

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Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) operam em alta, descolados do movimento do petróleo no mercado internacional. No radar da companhia, destaque para a aprovação de emissão de até R$ 5 bilhões em debêntures simples em até quatro séries com esforços restritos de distribuição. Pelo menos R$ 800 milhões deverão ser alocados na primeira e/ou segunda séries, que serão de debêntures incentivadas, enquanto R$ 3,2 bilhões deverão ser alocados na terceira e/ou quarta séries. As debêntures incentivadas comporão duas séries enquadradas, pelo Ministério de Minas e Energia, como prioritárias para o projeto de investimento na área de infraestrutura de petróleo e gás natural.

Em outro comunicado, a estatal informou que pagará R$ 4,3 bilhões em programa regularização tributária. O conselho de administração da companhia aprovou a inclusão da empresa no PERT (Programa Especial de Regularização Tributária) para despesas relacionadas à repactuação do plano Petros. O valor total será dividido, sendo R$ 1,3 bilhão à vista e em espécie, e os R$ 3 bilhões restantes serão parcelados em 145 pagamentos mensais e sucessivos, vencíveis a partir de janeiro de 2018, disse a empresa. O valor parcelado considera reduções de 80% dos juros de mora, 40% da multa de ofício e 25% dos encargos legais.

Todos os valores sofrerão atualização pela taxa Selic e a adesão ao PERT representa uma economia de 34% do valor do débito, em termos nominais. O impacto negativo líquido no resultado do 2º trimestre de 2017, por sua vez, será de aproximadamente R$ 6 bilhões.

As ações da Vale (VALE3; VALE5) têm manhã extremamente volátil após balanço do 2° trimestre. Depois de abrirem em leve alta, os papéis perderam força e caíram até 1%, mas logo em seguida recuperaram terreno e agora operam praticamente estáveis. Acompanham o movimento os papéis da Bradespar — holding que detém participação na mineradora.

A mineradora mostrou uma queda de 98,3% no seu lucro do período, que passou de R$ 3,585 bilhões no segundo trimestre de 2017 para R$ 60 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado foi impactado pela desvalorização do real e seu efeito sobre a dívida, informou a companhia. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 8,834 bilhões, alta de 7,4% na comparação com os R$  8,228 bilhões registrados um ano antes, mas com baixa de 34,7% na comparação com os primeiros três meses deste ano, quando somou R$ 13,523 bilhões. 

A receita líquida no trimestre foi de R$ 23,363 bilhões, 8,3% acima dos R$ 21,576 bilhões na base de comparação anual, mas 12,6% se comparado ao primeiro trimestre de 2017, quando totalizou R$ 26,742 bilhões. Já a dívida líquida teve queda de 2,87%, passando de US$ 22,777 bilhões no fechamento do primeiro trimestre para US$ 22,122 bilhões no fechamento de junho.

As ações do Bradesco (BBDC3; BBDC4) sinalizam alta após o banco reportar lucro líquido ajustado de R$ 4,704 bilhões, avanço sequencial de 1,2% e de 13% na comparação ano a ano, resultado favorecido pelo controle nas despesas administrativas e nas provisões para perdas com inadimplência. O lucro líquido não ajustado foi de R$ 3,911 bilhões no segundo trimestre, queda de 3,9% na base trimestral e de 5,4% ante mesma etapa do ano passado. 

A despesa com PDD (provisão para devedores duvidosos) foi de R$ 4,970 bilhões, baixa de 1,1% ante o segundo trimestre de 2016. Já a inadimplência acima de 90 dias foi de 4,9%, baixa de 0,7 ponto percentual ante 5,6% no primeiro trimestre, mas alta de 0,3 ponto percentual ante os 4,6% registrados no segundo trimestre de 2016. 

A carteira de crédito expandido totalizou R$ 493,6 bilhões no fim de junho, 1,8% menor em três meses e alta de 10,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. O retorno sobre patrimônio líquido médio foi de 18,2% no segundo trimestre. (Para saber mais sobre os balanços desta quinta, clique aqui).

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 7,82 +4,69 -31,18 30,83M
 CYRE3 CYRELA REALTON 12,25 +2,08 +20,14 935,19K
 NATU3 NATURA ON 23,06 +2,08 +0,68 33,23M
 SBSP3 SABESP ON 34,92 +1,93 +25,92 3,84M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,15 +1,70 +18,28 66,51M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 27,28 -1,05 +6,79 4,54M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,28 -0,31 -6,58 1,50M
 KROT3 KROTON ON 15,17 -0,20 +15,39 41,85M
 BRAP4 BRADESPAR PN 21,64 -0,18 +49,32 1,53M
 BRKM5 BRASKEM PNA 38,36 -0,18 +12,00 1,84M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário político

O grande destaque fica para a 42ª fase da Operação Lava Jato, que culminou na prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, além de operadores financeiros suspeitos de participarem do recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht. 

Bendine esteve no comando do BB entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016. De acordo com o MPF-PR, existem evidências de que ele pediu propina à Odebrecht AgroIndustrial. “Numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil”, diz a nota. 

Além disso, segundo o MPF, “há provas apontando que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, o que ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis. Desta vez, as indicações são de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato”.

Indicadores econômicos

O Índice de Preços ao Produtor, que inclui preços da indústria extrativa e de transformação, registrou queda de 0,21% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A taxa de maio foi revisada de uma alta de 0,12% para elevação de 0,10%. Com o resultado agora anunciado, o IPP de indústrias de transformação e extrativa acumulou recuo de 0,30% no ano. A taxa em 12 meses ficou positiva em 1,52%. Considerando apenas a indústria extrativa, houve redução de 6,22% em junho, após a queda de 11,02% registrada em maio, segundo o IBGE. Já a indústria de transformação registrou ligeiro recuo de 0,01% no IPP de junho, ante alta de 0,54% em maio.

Bolsas mundiais

Assim como no mercado brasileiro, os resultados corporativos do segundo trimestre chamam atenção dos investidores internacionais. Os índices do continente alternam entre altas e baixas em um dos dias mais movimentados em balanços, após série de resultados positivos impulsionarem a Ásia. Em destaque, estão as ações do banco alemão Deutsche Bank, que caem cerca de 3% em Frankfurt após a receita decepcionar o mercado. No mercado de câmbio, o dólar se estabiliza após queda sob efeito do Fomc na véspera.

Na Ásia, os índices de ações da China se recuperaram de perdas observadas no início da sessão e subiram em meio à alta de ações de startups, já que investidores procuraram por papéis baratos depois que as ações de small caps recuaram na semana passada.

No mercado de commodities, vale destacar o relatório do Goldman Sachs, que mostrou otimismo com minério de ferro e revisou previsão para metal em 3 meses de US$ 55 para US$ 70, além de elevar estimativa para fim do ano em US$ 5 para US$ 60. Contudo, há um alerta sobre 2018 diante de pressões vinda de mais oferta. Nesta sessão, o dia é de leves variações para a commodity. O petróleo também registra leve baixa.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.