Ibovespa Futuro sobe e DIs despencam com Copom deixando a porta aberta para mais cortes da Selic

Comunicado mais dovish surpreendeu o mercado e economistas acreditam que juro pode chegar em 7% ao ano

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro opera em alta de 0,74%, aos 65.645 pontos, às 09h03 (horário de Brasília), com os investidores reagindo a decisão de política monetária do Copom (Comitê de Política Monetária). O corte de 100 pontos-base da Selic nessa reunião, indo para 9,25% ao ano, era amplamente precificado pelo mercado, mas o tom dovish do comunicado surpreendeu o mercado e o BC deixou a porta aberta para novos cortes.

Assim, após a divulgação da decisão, a Nomura reduziu a previsão de Selic fim do ano de 8% para 7,5%, enquanto o Safra revisou a sua projeção de 7,5% para 7%. De acordo com a LCA Consultores, “o Banco Central parece enxergar espaço para reduzir o juro básico para 8% (ou até um pouco abaixo disso) no curto prazo, sem correr risco de descumprimento da meta de inflação do ano que vem”.

Em vista desta expectativa, os juros futuros com vencimento em 2019 despencam 26 pontos, negociados a 8,13%. Na mesma linha, os DIs com vencimento para 2021 registram forte queda de 16 pontos, cotados a 9,33%.

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Bolsas mundiais

Assim como no mercado brasileiro, os resultados corporativos do segundo trimestre são destaque nas bolsas europeias. Os índices do continente alternam entre altas e baixas em um dos dias mais movimentados em balanços, após série de resultados positivos impulsionarem a Ásia. Em destaque, estão as ações do banco alemão Deutsche Bank, que caem cerca de 3% em Frankfurt após a receita decepcionar o mercado. No mercado de câmbio, o dólar se estabiliza após queda sob efeito do Fomc na véspera. 

Na Ásia, os índices de ações da China se recuperaram de perdas observadas no início da sessão e subiram em meio à alta de ações de startups, já que investidores procuraram por papéis baratos depois que as ações de small caps recuaram na semana passada. 

No mercado de commodities, vale destacar o relatório do Goldman Sachs, que mostrou otimismo com minério de ferro e revisou previsão para metal em 3 meses de US$ 55 para US$ 70, além de elevar estimativa para fim do ano em US$ 5 para US$ 60. Contudo, há um alerta sobre 2018 diante de pressões vinda de mais oferta. Nesta sessão, o dia é de leves variações para a commodity. O petróleo também registra leve baixa. 

Às 9h03, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,03%

*FTSE (Reino Unido) +0,02%

*DAX (Alemanha) -0,51% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,71% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,05% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,15% (fechado)

*Petróleo WTI -0,57%, a US$ 48,47 o barril

*Petróleo brent -0,43%, a US$ 50,75 o barril

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, -0,33%, a US$ 70,20 por tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,19%, a 527 iuanes

Noticiário político

O grande destaque fica para a 42ª fase da Operação Lava Jato, que culminou na prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, além de operadores financeiros suspeitos de participarem do recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht. 

Bendine esteve no comando do BB entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016. De acordo com o MPF-PR, existem evidências de que ele pediu propina à Odebrecht AgroIndustrial. “Numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil”, diz a nota. 

Além disso, segundo o MPF, “há provas apontando que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, o que ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis. Desta vez, as indicações são de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.”

Vale destacar ainda que, às 10h, a CNI divulga a pesquisa Ibope com avaliação dos brasileiros sobre o desempenho do governo federal. Segundo antecipou o blog de Ricardo Noblat do jornal O Globo, Temer deve registrar a pior taxa de aprovação da série histórica.

Agenda econômica
A agenda econômica brasileira nesta quinta-feira tem como destaques o resultado primário do governo central e o IPP – Indústria de Transformação de junho, a ser revelado às 9h pelo IBGE. Às 10h30, será divulgada a nota de política monetária e operações de crédito. 

Já nos EUA, será divulgado o volume de pedidos e entregas de bens duráveis de junho às 9h30 pelo Departamento de Comércio. Atenção ainda para os estoques no atacado, para os pedidos de auxílio desemprego semanais e para a balança comercial, também às 9h30. 

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado, tento como destaque os resultados de Vale, Ambev, Bradesco e Natura. A Vale teve uma queda de 98,3% no seu lucro, que passou de R$ 3,585 bilhões no segundo trimestre de 2017 para R$ 60 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado foi impactado pela desvalorização do real e seu efeito sobre a dívida, informou a companhia. O Bradesco teve lucro líquido de R$ 3,911 bilhões no segundo trimestre, queda de 3,9% na base trimestral e de 5,4% ante mesma etapa do ano passado. 

A Ambev viu seu lucro líquido cair 2,2% no segundo trimestre de 2017 na base de comparação anual, para R$ 2,125 bilhões. Já o lucro líquido atribuído aos sócios da empresa controladora, base para a distribuição de dividendos, caiu 1,6%, para R$ 2,013 bilhões.  O Ebitda registrou baixa de 6,2%, a R$ 3,943 bilhões. A Natura, por sua vez, viu seu lucro subir 79,8% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, atingindo R$ 163,5 milhões. Segundo a companhia, esta evolução está relacionada à menor despesa financeira. Desconsiderados os custos relacionados à aquisição da Body Shop, o lucro seria de R$ 139,1 milhões, contra ganho líquido de R$ 90,9 milhões um ano antes. A OdontoPrev encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 252,46 milhões, ante lucro de R$ 43,97 milhões um ano antes. 

Além da temporada de balanços, destaque ainda para a Petrobras. A estatal pagará R$ 4,3 bilhões em programa de regularização tributária e também aprovou a emissão de até R$ 5 bilhões em debêntures. Destaque ainda para os IPOs, com Omega e IRB precificando as ações.