Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira ao que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário desta quinta-feira é muito movimentado. Além da intensificação da temporada de balanços, com destaque para Vale e Bradesco, o mercado repercute as sinalizações do Copom, que deixou a porta aberta para um corte de 1 ponto percentual na Selic na próxima reunião. Atenção ainda para a nova fase da Operação Lava Jato, que culminou com a prisão temporária do ex-presidente do BB e da Petrobras Aldemir Bendine. Nesta manhã, será divulgada a pesquisa CNI/Ibope de popularidade do governo Temer. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

Assim como no mercado brasileiro, os resultados corporativos do segundo trimestre são destaque nas bolsas europeias. Os índices do continente alternam entre altas e baixas em um dos dias mais movimentados em balanços, após série de resultados positivos impulsionarem a Ásia. Em destaque, estão as ações do banco alemão Deutsche Bank, que caem cerca de 3% em Frankfurt após a receita decepcionar o mercado. No mercado de câmbio, o dólar se estabiliza após queda sob efeito do Fomc na véspera. 

Na Ásia, os índices de ações da China se recuperaram de perdas observadas no início da sessão e subiram em meio à alta de ações de startups, já que investidores procuraram por papéis baratos depois que as ações de small caps recuaram na semana passada. 

No mercado de commodities, vale destacar o relatório do Goldman Sachs, que mostrou otimismo com minério de ferro e revisou previsão para metal em 3 meses de US$ 55 para US$ 70, além de elevar estimativa para fim do ano em US$ 5 para US$ 60. Contudo, há um alerta sobre 2018 diante de pressões vinda de mais oferta. Nesta sessão, o dia é de leves variações para a commodity. O petróleo também registra leve baixa. 

Às 8h24, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,15%

*FTSE (Reino Unido) +0,03%

*DAX (Alemanha) -0,40% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,71% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,05% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,15% (fechado)

*Petróleo WTI -0,68%, a US$ 48,42 o barril

*Petróleo brent -0,59%, a US$ 50,67 o barril

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, -0,33%, a US$ 70,20 por tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,19%, a 527 iuanes

2. Noticiário político

O grande destaque fica para a 42ª fase da Operação Lava Jato, que culminou na prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, além de operadores financeiros suspeitos de participarem do recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht. 

Bendine esteve no comando do BB entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016. De acordo com o MPF-PR, existem evidências de que ele pediu propina à Odebrecht AgroIndustrial. “Numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil”, diz a nota. 

Além disso, segundo o MPF, “há provas apontando que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, o que ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis. Desta vez, as indicações são de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato.”

Vale destacar ainda que, às 10h, a CNI divulga a pesquisa Ibope com avaliação dos brasileiros sobre o desempenho do governo federal. Segundo antecipou o blog de Ricardo Noblat do jornal O Globo, Temer deve registrar a pior taxa de aprovação da série histórica. 

3. Reações a Copom e volta do PIS/Cofins

O Copom (Comitê de Política Monetária) não surpreendeu na noite da última quarta-feira ao cortar os juros em 1 ponto percentual, a 9,25% ao ano. Contudo, os juros futuros devem reagir nesta sessão com o BC deixando a porta aberta para um novo corte de 1 ponto na próxima reunião. 

Assim, após a divulgação da decisão, a Nomura reduziu a previsão de Selic fim do ano de 8% para 7,5%, enquanto o Safra revisou a sua projeção de 7,5% para 7%. Veja a análise clicando aqui. 

Pelo Twitter, o presidente Michel Temer comemorou a redução dos juros.  “Juros abaixo de um dígito pela 1ª vez em 4 anos. Menor inflação em uma década. Com responsabilidade, estamos mudando o Brasil para melhor”, escreveu. Temer destacou ainda que a redução dos juros incentiva investimentos produtivos que geram mais empregos. “Com trabalho, estamos colocando a economia nos trilhos.” Em meio ao alívio monetário, o presidente estendeu o prazo para saque de contas inativas FGTS até 31 de dezembro, uma medida também para estimular a economia. 

Vale destacar ainda que, em uma vitória para o Palácio do Planalto, o desembargador Hilton José Gomes de Queiroz, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou  a liminar de um juiz de primeira instância que barrava o aumento das alíquotas de PIS/Cofins sobre combustíveis, decretado pelo governo de Michel Temer na semana passada.

Por fim, a Medida Provisória (MP) nº 792 que trata do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) no âmbito do Poder Executivo Federal está publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (27). Ela foi assinada ontem (26) por Temer, e tem como objetivo reduzir gastos públicos com a folha de pagamento dos servidores públicos federais.

4. Agenda econômica
A agenda econômica brasileira nesta quinta-feira tem como destaques o resultado primário do governo central e o IPP – Indústria de Transformação de junho, a ser revelado às 9h pelo IBGE. Às 10h30, será divulgada a nota de política monetária e operações de crédito. 

Já nos EUA, será divulgado o volume de pedidos e entregas de bens duráveis de junho às 9h30 pelo Departamento de Comércio. Atenção ainda para os estoques no atacado, para os pedidos de auxílio desemprego semanais e para a balança comercial, também às 9h30. 

5. Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado, tento como destaque os resultados de Vale, Ambev, Bradesco e Natura. A Vale teve uma queda de 98,3% no seu lucro, que passou de R$ 3,585 bilhões no segundo trimestre de 2017 para R$ 60 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado foi impactado pela desvalorização do real e seu efeito sobre a dívida, informou a companhia. O Bradesco teve lucro líquido de R$ 3,911 bilhões no segundo trimestre, queda de 3,9% na base trimestral e de 5,4% ante mesma etapa do ano passado. 

A Ambev viu seu lucro líquido cair 2,2% no segundo trimestre de 2017 na base de comparação anual, para R$ 2,125 bilhões. Já o lucro líquido atribuído aos sócios da empresa controladora, base para a distribuição de dividendos, caiu 1,6%, para R$ 2,013 bilhões.  O Ebitda registrou baixa de 6,2%, a R$ 3,943 bilhões. A Natura, por sua vez, viu seu lucro subir 79,8% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, atingindo R$ 163,5 milhões. Segundo a companhia, esta evolução está relacionada à menor despesa financeira. Desconsiderados os custos relacionados à aquisição da Body Shop, o lucro seria de R$ 139,1 milhões, contra ganho líquido de R$ 90,9 milhões um ano antes. A OdontoPrev encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 252,46 milhões, ante lucro de R$ 43,97 milhões um ano antes. 

Além da temporada de balanços, destaque ainda para a Petrobras. A estatal pagará R$ 4,3 bilhões em programa de regularização tributária
e também aprovou a emissão de até R$ 5 bilhões em debêntures. Destaque ainda para os IPOs, com Omega e IRB precificando as ações. 

Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.