O que o mercado espera para o Fomc e o Copom nesta quarta?

Mercado tem dia de cautela antes da divulgação de grandes drivers

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma sessão positiva na véspera, o Ibovespa iniciou a quarta-feira (26) sinalizando pregão de cautela para os investidores, destoando do movimento de alta visto nas principais bolsas internacionais e no aguardo do desfecho de duas reuniões de política monetária: o Copom no Brasil e o Fomc nos Estados Unidos. Às 10h27 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira recuava 0,22%, a 65.521 pontos. No radar dos mercado, destaque também para a temporada de balanços corporativos e as especulações sobre uma possível redução na meta fiscal deste ano e o revés do governo com o aumento de impostos sobre os combustíveis.

“Comportamento das commodities minerais no mercado internacional e safra de resultados de empresas no segundo trimestre, acabaram motivando incursões de investidores nos ativos de risco. Junto com isso, passou a crescer a posição de analistas que acreditam que ainda demorará algum tempo para bancos centrais iniciarem elevações de juros e/ou começarem a redução dos estímulos monetários (QE)”, observou Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 2 pontos-base, a 8,50%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 1 ponto-base, a 9,51%. Os investidores apostam que a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deve se encerrar com um anúncio de corte de 100 pontos-base na Selic, para 9,25% ao ano.

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Os contratos de dólar futuro com vencimento em agosto deste ano caíam 0,02%, sinalizando cotação de R$ 3,175. O dólar comercial, por sua vez, subia 0,19% ante o real, a R$ 3,1734 na venda. Do lado do câmbio, pesam as expectativas do mercado sobre a reunião do Fomc, nos Estados Unidos.

“A decisão do BC americano quanto às taxas de juros não deve surpreender ao mercado, que espera a manutenção em 1,00-1,25% ao ano. Ainda assim, o comunicado que acompanha a decisão será cuidadosamente analisado pelos economistas. Afinal, todos querem saber: haverá, de fato, a 3ª elevação de juros de 2017? O mercado ainda é cético: atribui 45% de probabilidade”, explicam os analistas da Guide Investimentos em relatório.

Confira ao que se atentar neste pregão:

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Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da JBS lideram os ganhos dentro do índice, após a companhia anunciar que fechou acordo com instituições financeiras para adiar o pagamento de R$ 21,7 bilhões em dívidas. “A JBS Brasil efetuará o pagamento integral dos juros incorridos nos termos dos contratos originais, bem como o pagamento de quatro parcelas de 2,5% do montante principal do endividamento em questão”, informou em nota. Um dos maiores credores do grupo de Joesley e Wesley Batista é a Caixa Econômica Federal, que receberá uma parte com a venda do controle da Alpargatas pela J&F.

Junto com a Caixa na renegociação estão ainda Bradesco, Santander, Banco do Brasil, HSBC, BNP Paribas e Bank of China e mais 7 instituições. Segundo a empresa, as instituições correspondem a 93% do montante principal das dívidas da JBS Brasil. Em uma negociação paralela, a JBS também fechou uma renegociação de dívidas de R$ 1,2 bilhão com o Itaú Unibanco.

Entre os resultados do dia, o Grupo Pão de Açúcar teve lucro líquido consolidado de R$ 169 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 583 milhões. O resultado foi apoiado em desempenho da bandeira de atacarejo Assaí e contabilização de créditos fiscais. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado consolidado do segundo trimestre saltou 73,4% sobre um ano antes, para R$ 967 milhões.

A área de multivarejo, que abriga as bandeiras de supermercados Pão de Açúcar e Extra, teve alta de 94,5% no Ebitda ajustado, a R$ 758 milhões, enquanto a divisão o Assaí teve crescimento de 42,7% no período, para R$ 239 milhões. Segundo o balanço, o GPA registrou no segundo trimestre ganhos tributários decorrentes de ressarcimento de ICMS que tiveram impacto positivo de R$ 447 milhões na margem bruta da divisão multivarejo, que encerrou junho em 34,4% ante 29,3% no mesmo período de 2016.

Já a Lojas Renner registrou lucro líquido de R$ 193,6 milhões no segundo trimestre de 2017, o que representa uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), por sua vez, fechou em R$ 374,4 milhões, expansão de 7,2% em um ano.

A companhia informou também um Ebitda ajustado ao plano de opções de compra de ações, participações estatutárias e o resultado baixa de ativos fixos, que chegou a R$ 382,7 milhões no segundo trimestre, aumento de 7,5% ante igual intervalo do ano passado.

A receita líquida da Renner ficou em R$ 1,831 bilhão entre abril e junho, uma alta de 11,1% em um ano. Considerando apenas a operação de varejo, sem os produtos de crédito ao consumidor, a receita do trimestre chegou a R$ 1,630 bilhão, crescimento de 11,3% na comparação anual.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LREN3 LOJAS RENNERON 29,37 -2,75 +40,17 15,36M
 GGBR4 GERDAU PN 10,89 -2,24 +0,83 18,25M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,69 -1,66 -29,12 4,35M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,41 -1,64 +12,71 5,82M
 QUAL3 QUALICORP ON 30,35 -1,27 +61,17 2,31M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 7,35 +5,00 -35,32 23,55M
 TIMP3 TIM PART S/AON 10,68 +2,20 +37,21 7,99M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,94 +0,50 +1,61 3,22M
 FIBR3 FIBRIA ON 33,32 +0,48 +7,05 2,14M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 74,58 +0,43 +10,45 290,46K
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Noticiário político

As especulações sobre a meta fiscal continuam rondando o mercado, após o jornal O Globo noticiar ontem que ela poderia ser flexibilizada, mas que contava com a oposição do ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Segundo informou a Bloomberg no final da tarde, a eventual mudança ainda é carta fora do baralho para Fazenda e o Palácio do Planalto, que preferem aumentar ou criar um novo imposto a reajustar o déficit de R$ 139 bilhões. 

Ainda sobre a questão fiscal, vale destacar que a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu ontem ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal), sediado em Brasília, para anular a decisão que suspendeu ontem o aumento das alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a gasolina, o diesel e o etanol, anunciado pelo governo na quinta-feira (20). A suspensão foi determinada pelo juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal no Distrito Federal, a partir da motivação de uma ação popular protocolada por um cidadão. A previsão do governo é arrecadar mais R$ 10,4 bilhões com o aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis, de modo a conseguir cumprir a meta fiscal de déficit primário de R$ 139 bilhões para este ano.

Além disso, a polêmica sobre o anúncio de PDV (Programa de Demissão Voluntária) de servidores federais, em estudo pelo Ministério do Planejamento, segue chamando atenção. De acordo com a Folha, a viabilidade do programa gera dúvidas no Planalto. Cálculos iniciais da Fazenda indicam que o programa preparado pelo governo Michel Temer provocaria uma despesa incompatível com as receitas, com o risco de romper o teto de gastos. O programa cortaria despesas no longo prazo, algo em torno de R$ 1 bilhão por ano. O problema é que, hoje, não há dinheiro no Orçamento para arcar com as indenizações —com prêmios— previstas pelo programa.

Em meio a esse cenário de dificuldade fiscal, o Valor Econômico informa que a equipe econômica trabalha para incluir no decreto de programação financeira, que deve ser publicado esta semana, receitas adicionais de R$ 6,9 bilhões. Mesmo com a entrada dos recursos na previsão, não há garantia de reversão de parte do contingenciamento de gastos. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, seria possível incluir mais R$ 2,1 bilhões referentes à concessão de aeroportos; R$ 2,1 bilhões de precatórios não sacados há mais de dois anos; entre R$ 1,1 bilhão e R$ 2,2 bilhões da renegociação de dívidas dos agricultores com o Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural); R$ 600 milhões em devolução aos cofres públicos de depósitos feitos em bancos para pessoas que já morreram e R$ 1 bilhão da concessão das Lotex.

Por outro lado, a Folha informa que a volta do recesso parlamentar pode ser relativamente “tranquila” para Temer, de acordo com informações da coluna Painel, da Folha. Para aliados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que, mantidas as condições atuais, haverá quórum para votar a denúncia oferecida pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra Temer já no dia 2 de agosto. Maia prevê uma vitória de Temer com relativa folga, enquanto a oposição também reconhece que o presidente venceu o “primeiro round”. Aliados na Câmara falam em algo entre 230 e 250 votos pró-Temer, somando declarações de apoio ao peemedebista e abstenções — que, na prática, também serão favoráveis a ele.

Fomc e Copom

Em destaque nesta quarta-feira estão duas reuniões de política monetária. Às 15h (horário de Brasília), os diretores do Federal Reserve publicam a nota do encontro sobre sua política monetária. Segundo a equipe de analistas do Bank of America, “é provável que o Fomc faça pequenos ajustes na declaração, mas é improvável que altere significativamente a mensagem”. Por não contar com divulgação de projeções nem coletiva de Janet Yellen, o encontro perde força, mas não deixa de ser importante.

Já no Brasil, atenção para o Copom (Comitê de Política Monetária). A expectativa é praticamente unânime de manutenção do ritmo, com um corte de 100 pontos-base na Selic, que iria para 9,25% ao ano, sendo a primeira vez que a taxa chegaria a um dígito desde outubro de 2013.

Além das decisões de política monetária, o Brasil revelará o dado de fluxo cambial semanal às 12h30, enquanto os EUA divulgarão os dados de vendas de moradias novas às 11h e os estoques semanais de petróleo às 11h30.

Especial IMTV

O InfoMoney dá continuidade nesta quarta-feira ao “Especial Setores” do 2º semestre, com análises das empresas de educação e frigoríficos. Os convidados de hoje são a analista Catarina Pedrosa, da WhatsCall Research, e Adeodato Volpi Netto, da Eleven Financial. A transmissão ao vivo começa a partir das 14h na InfoMoneyTV.

Ontem, foram analisadas as ações de programas de fidelidade – Smiles e Multiplus -, as seguradas e empresas ligadas ao setor de saúde.

Bolsas mundiais

A sessão é de ganhos para os principais índices mundiais, com destaque para o FTSE, após o PIB do Reino Unido  crescer 0,3% no segundo trimestre ante o primeiro e registrar expansão anual de 1,7% no mesmo período, segundo dados preliminares divulgados hoje pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês). Além disso, o rali de commodities como petróleo e cobre mantém suporte para ações europeias, que também repercutem resultados corporativos.

O cobre atinge máxima em 2 anos com expectativa de demanda da China, enquanto o petróleo supera US$ 48 com dado da API que mostrou queda de 10,2 milhões de barris nos estoques nos EUA na semana passada; dados do governo saem hoje e podem replicar números. 

O mercado também segue atento à decisão do Fomc na tarde desta quarta-feira. Alguma surpresa pode vir de sinalizações sobre cronograma de redução do balanço de US$ 4,5 trilhões do Fed, principalmente em títulos do Tesouro e dívidas relacionadas a hipotecas. 

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.