Ibovespa fecha na máxima do dia e tem melhor pregão em 7 dias; dólar volta a subir

Commodities ajudam e índice volta a subir, apesar de um clima de maior cautela do mercado antes dos grandes eventos da semana

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A sessão positiva para as commodities contribuiu para um dia positivo do Ibovespa, diferente do dia misto no exterior, onde, com exceção da Nasdaq, os índices americanos tiveram queda. Na semana, os investidores ficam de olho em três grandes eventos: as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, e a intensificação da agenda de divulgação de resultados.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,64%, aos 65.099 pontos, puxado sobretudo pelas ações de Petrobras e Vale, compensando a queda das exportadoras e companhias do setor elétrico e do Banco do Brasil. Esta foi a maior alta do Ibovespa desde 13 de julho, quando avançou 0,53%. O volume financeiro nesta sessão ficou em R$ 4,879 bilhões.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 ficaram estáveis em 8,52%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 subiram 1 ponto-base, a 9,45%. Nesta semana, os investidores aguardam com ansiedade pelo desfecho da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deverá culminar em um corte de 100 pontos-base na Selic, para 9,25% ao ano. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em agosto deste ano subiram 0,10%, sinalizando cotação de R$ 3,151, enquanto o dólar comercial avançou 0,22%, para R$ 3,1476.

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“Os agentes estão de olho em semana forte de indicadores, com PIBs de diferentes países no segundo trimestre, reunião do FED e Copom sobre política monetária e safra de balanços do segundo trimestre”, observou o economista-chefe do home broker Modalmais, Alvaro Bandeira.

Com o recesso parlamentar, esses tendem a ser os grandes drivers da semana, embora seja importante dar atenção à movimentação nos bastidores do presidente Michel Temer, o procurador-geral Rodrigo Janot e a oposição. Com o aumento de impostos sobre os combustíveis, o peemedebista recebeu resistência até de figuras mais próximas, mas calculou que tal medida seria mais adequada do que comprar novo desgaste com o mercado, ao ignorar os riscos de a meta fiscal estabelecida não ser cumprida.

No exterior, também vale destacar a ofensiva do Congresso norte-americano, com apoio da Casa Branca, em impor novas sanções contra a Rússia pela suposta interferência nas últimas eleições locais. Ainda na maior economia do mundo, o mercado acompanha a fala de Jared Kushner, genro e conselheiro de Trump, que depõe hoje a comitê de inteligência do Senado sobre relações do presidente dos EUA com a Rússia.

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Na Europa, chamam atenção os PMIs (índice de gerentes de compras, na sigla em inglês), cujo indicador composto da zona do euro, que mede atividade nos setores industrial e de serviços, caiu para 55,8 em julho, de 56,3 em junho, atingindo o menor nível em seis meses, segundo dados preliminares publicados hoje pela IHS Markit.

Os analistas consultados pela Dow Jones Newswire previam queda apenas marginal do indicador, para 56,2. Ainda no velho continente, também pesa sobre o movimento dos mercados notícia da revista alemã Der Spiegel de que comitê antitruste da União Europeia estaria investigando potencial conluio entre empresas do setor automobilístico para combinar preços.

“Não podemos descartar um dia mais fraco por aqui, diante de um exterior menos favorável. Assim, vemos um viés de baixa em bolsa, e de alta sobre dólar. Os DIs, à espera do Copom, tendem a ficar mais estáveis, já precificando um corte de 1 ponto percentual na Selic”, escreveu a equipe de análise da Guide Investimentos em relatório a clientes.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) fecharam em alta, acompanhando em parte o movimento positivo do petróleo no mercado internacional. No radar, a estatal reduziu em 1,8% o preço da gasolina e em 3% do diesel nas refinarias. Os preços valem a partir desta terça-feira (25).

As ações da Vale (VALE3; VALE5) subiram acompanhando os ganhos do minério de ferro à vista negociado no porto de Qingdao, na China, que subiu 1,07%, a US$ 67,86 por tonelada, neste pregão. Já os contratos futuros da commodity negociados na bolsa chinesa de Dalian caíram 0,97%, a 512 iuanes. Seguiram o pregão positivo as ações da Bradespar — holding que detém participação na mineradora — e as siderúrgicas.

No radar, a Usiminas informou que, seguindo solicitação dos acionistas, a empresa ajuizou uma ação de responsabilidade contra o ex-presidente Rômel Erwin de Souza, que foi destituído da presidência da siderúrgica em março. Souza é acusado de violar o estatuto da empresa ao ter assinado, em 2016, um memorando com a Mineração Usiminas (Musa) sem a presença de outro diretor estatutário e sem anuência do conselho de administração.

As units do Santander (SANB11) caíram pelo 4º pregão consecutivo, acumulando no período perdas de 5%. Hoje, os papéis operam como a maior queda do Ibovespa. Por sua vez, os demais bancos grandes listados na bolsa – Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil – operaram entre perdas e ganhos de 1% nesse período.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,48 +4,18 +14,17 65,77M
 TIMP3 TIM PART S/AON 10,49 +3,35 +34,77 49,74M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 16,67 +3,35 +7,34 19,10M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 68,85 +3,32 +25,75 65,61M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,60 +3,12 -29,95 28,36M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SANB11 SANTANDER BRUNT 25,25 -2,43 -10,38 51,30M
 NATU3 NATURA ON 23,30 -2,31 +1,73 57,71M
 BRKM5 BRASKEM PNA 38,24 -1,57 +11,65 53,91M
 ELET3 ELETROBRAS ON 13,82 -1,43 -34,56 16,62M
 SBSP3 SABESP ON 34,60 -1,23 +24,76 31,71M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 27,38 +2,51 352,94M 490,47M 18.652 
 PETR4 PETROBRAS PN 12,88 +1,50 207,14M 452,04M 14.044 
 BBAS3 BRASIL ON 29,08 -1,12 199,12M 174,63M 13.870 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,00 +0,63 192,92M 323,53M 16.091 
 BBDC4 BRADESCO PN 29,53 +0,85 173,95M 256,09M 14.470 
 KROT3 KROTON ON 15,36 -0,45 134,11M 202,99M 13.936 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 21,00 +0,96 126,74M 126,29M 15.571 
 VALE3 VALE ON 29,13 +2,21 116,07M 144,29M 9.604 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,20 0,00 92,87M 120,89M 29.587 
 CIEL3 CIELO ON 25,75 -0,27 91,24M 103,48M 10.710 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Expectativas do FMI
O Fundo Monetário Internacional apontou como bem-vinda a recuperação do Brasil depois de anos de profunda recessão, mas que o recente aumento de incertezas políticas impõe riscos à perspectiva econômica e à agenda de reformas do governo. As avaliações fazem parte da conclusão do Artigo Quarto de Consultas do FMI ao País.

Dirigentes do conselho executivo do Fundo enfatizaram que “a adoção de firmes políticas e ambiciosas reformas estruturais são necessárias para apoiar a estabilidade macroeconômica, assegurar confiança e ancorar crescimento forte e duradouro”. Eles elogiaram a agenda de reformas em curso no país.

Os dirigentes do FMI destacaram a necessidade de reforma da Previdência Social, inclusive para servidores públicos em todos os níveis de governo, no contexto de tendências demográficas desfavoráveis e desequilíbrios atuariais. “Os diretores expressaram preocupações com finanças subnacionais e encorajaram as autoridades a continuar desenvolvendo soluções duradouras em coordenação com os Estados”.

Os diretores do Fundo concordaram que a política que administra a taxa de juros pelo Banco Central está sendo calibrada de forma apropriada e “recomendaram a continuidade da flexibilização monetária”. Contudo, eles encorajam a contínua reavaliação da política (de juros) de acordo com a evolução da inflação e expectativas e perspectivas de reformas fiscais.

Quando à economia norte-americana, o fundo rebaixou suas perspectivas de crescimento, prevendo que a política fiscal “não será tão expansiva” como se tinha pensado. A maior economia do mundo deverá crescer neste ano 2,1% e no ano seguinte 2,1%, menos que 2,3% e 2,5% que os especialistas do FMI calcularam em abril. Por outro lado, houve melhora nas expectativas para o PIB de Europa, Japão e China.

Noticiário político
O noticiário político também segue agitado, apesar do recesso parlamentar, com destaque para a repercussão do aumento da alíquota do PIS/Cofins para combustíveis da semana passada. Segundo a Coluna do Estadão, a elevação dos impostos ampliou (ainda mais) a rejeição ao presidente Michel Temer e aumentou a irritação na base aliada.

Quem também se irritou com a alta do imposto foi o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que voltou a colocar o “pato amarelo” na frente da entidade. Skaf é um dos principais aliados de Temer e nome do PMDB para a disputa do governo de São Paulo, mas não escondeu sua irritação com o anúncio da medida. Neste domingo, em meio ao descontentamento com a medida, Skaf se encontrou com Temer em São Paulo. Também estiveram na residência do presidente o economista Delfim Netto, que é amigo pessoal de Temer, e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Além de monitorar as reações à alta de imposto, Temer intensifica as ações para barrar a denúncia contra ele na volta do recesso parlamentar, informa o Valor Econômico. Segundo o jornal, líderes aliados e ministros farão uma reunião nesta semana com o objetivo de contabilizar o apoio obtido para impedir que o processo seja encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal). O balanço de auxiliares de Temer indica que pelo menos 266 parlamentares sinalizavam votar pelo arquivamento da denúncia. Ainda nas contas do governo, a oposição tem cerca de 170 votos garantidos. 

Neste sentido, vale destacar ainda o artigo de Joesley Batista publicado no domingo no jornal Folha de S. Paulo sobre a delação que gerou a maior crise do governo Temer. Ele afirmou que não esperava o “súbito vazamento” da delação e quebrou o silêncio “para acabar com mentiras e folclores e dizer que é de carne e osso”. Joesley afirma ver na imprensa “políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de ‘abuso de autoridade'”. 

“Eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família”, destacou. 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.