Os 3 grandes eventos que movimentam os mercados nesta semana

Queda no exterior inibe alta mais expressiva do índice

Marcos Mortari

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SÃO PAULO –  A sessão positiva para as commodities contribui para uma dia positivo do Ibovespa, a despeito do movimento dos principais índices acionários internacionais, em uma semana marcada por expectativas sobre decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, além da digestão dos efeitos do aumento de impostos sobre combustíveis e a intensificação da agenda de divulgação de balanços corporativos. Às 13h07 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 0,16%, a 64.794 pontos, puxado sobretudo pelas ações de Petrobras e Vale, compensando a queda das exportadoras e companhias do setor elétrico, além de Banco do Brasil e Santander.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 recuavam 1 ponto-base, a 8,51%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 subiam 1 ponto-base, a 9,45%. Nesta semana, os investidores aguardam com ansiedade pelo desfecho da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deverá culminar em um corte de 100 pontos-base na Selic, para 9,25% ao ano. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em agosto deste ano subiam 0,17%, sinalizando cotação de R$ 3,153.

“Os agentes estão de olho em semana forte de indicadores, com PIBs de diferentes países no segundo trimestre, reunião do FED e Copom sobre política monetária e safra de balanços do segundo trimestre”, observou o economista-chefe do home broker Modalmais, Alvaro Bandeira. Com o recesso parlamentar, esses tendem a ser os grandes drivers da semana, embora seja importante dar atenção à movimentação nos bastidores do presidente Michel Temer, o procurador-geral Rodrigo Janot e a oposição. Com o aumento de impostos sobre os combustíveis, o peemedebista recebeu resistência até de figuras mais próximas, mas calculou que tal medida seria mais adequada do que comprar novo desgaste com o mercado, ao ignorar os riscos de a meta fiscal estabelecida não ser cumprida.

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No exterior, também vale destacar a ofensiva do Congresso norte-americano, com apoio da Casa Branca, em impor novas sanções contra a Rússia pela suposta interferência nas últimas eleições locais. Ainda na maior economia do mundo, o mercado acompanha a fala de Jared Kushner, genro e conselheiro de Trump, que depõe hoje a comitê de inteligência do Senado sobre relações do presidente dos EUA com a Rússia.

Na Europa, chamam atenção os PMIs (índice de gerentes de compras, na sigla em inglês), cujo indicador composto da zona do euro, que mede atividade nos setores industrial e de serviços, caiu para 55,8 em julho, de 56,3 em junho, atingindo o menor nível em seis meses, segundo dados preliminares publicados hoje pela IHS Markit. Os analistas consultados pela Dow Jones Newswire previam queda apenas marginal do indicador, para 56,2. Ainda no velho continente, também pesa sobre o movimento dos mercados notícia da revista alemã Der Spiegel de que comitê antitruste da União Europeia estaria investigando potencial conluio entre empresas do setor automobilístico para combinar preços.

“Não podemos descartar um dia mais fraco por aqui, diante de um exterior menos favorável. Assim, vemos um viés de baixa em bolsa, e de alta sobre dólar. Os DIs, à espera do Copom, tendem a ficar mais estáveis, já precificando um corte de 1 ponto percentual na Selic”, escreveu a equipe de análise da Guide Investimentos em relatório a clientes.

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Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) operam em alta, acompanhando em parte o movimento positivo do petróleo no mercado internacional. No radar, a estatal reduziu em 1,8% o preço da gasolina e em 3% do diesel nas refinarias. Os preços valem a partir desta terça-feira (25).

As ações da Vale (VALE3; VALE5) sobem acompanhando os ganhos do minério de ferro à vista negociado no porto de Qingdao, na China, que subiu 1,07%, a US$ 67,86 por tonelada, neste pregão. Já os contratos futuros da commodity negociados na bolsa chinesa de Dalian caíram 0,97%, a 512 iuanes. Seguem o pregão positivo as ações da Bradespar — holding que detém participação na mineradora — e as siderúrgicas. No radar, a Usiminas informou que, seguindo solicitação dos acionistas, a empresa ajuizou uma ação de responsabilidade contra o ex-presidente Rômel Erwin de Souza, que foi destituído da presidência da siderúrgica em março. Souza é acusado de violar o estatuto da empresa ao ter assinado, em 2016, um memorando com a Mineração Usiminas (Musa) sem a presença de outro diretor estatutário e sem anuência do conselho de administração.

As units do Santander (SANB11) caem pelo 4º pregão consecutivo, acumulando no período perdas de 5%. Hoje, os papéis operam como a maior queda do Ibovespa. Por sua vez, os demais bancos grandes listados na bolsa – Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil – operaram entre perdas e ganhos de 1% nesse período.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CYRE3 CYRELA REALTON 12,50 +2,88 +22,59 13,82M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 68,24 +2,40 +24,64 27,44M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 16,51 +2,36 +6,31 6,27M
 TIMP3 TIM PART S/AON 10,35 +1,97 +32,97 16,75M
 LREN3 LOJAS RENNERON 29,67 +1,61 +41,60 18,91M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SANB11 SANTANDER BRUNT 25,05 -3,21 -11,09 29,74M
 BRKM5 BRASKEM PNA 37,91 -2,42 +10,69 28,73M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,82 -2,33 -0,07 18,44M
 SBSP3 SABESP ON 34,31 -2,06 +23,72 12,37M
 FIBR3 FIBRIA ON 33,31 -1,86 +7,02 19,78M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Expectativas do FMI
O Fundo Monetário Internacional apontou como bem-vinda a recuperação do Brasil depois de anos de profunda recessão, mas que o recente aumento de incertezas políticas impõe riscos à perspectiva econômica e à agenda de reformas do governo. As avaliações fazem parte da conclusão do Artigo Quarto de Consultas do FMI ao País. Dirigentes do conselho executivo do Fundo enfatizaram que “a adoção de firmes políticas e ambiciosas reformas estruturais são necessárias para apoiar a estabilidade macroeconômica, assegurar confiança e ancorar crescimento forte e duradouro”. Eles elogiaram a agenda de reformas em curso no país.

Os dirigentes do FMI destacaram a necessidade de reforma da Previdência Social, inclusive para servidores públicos em todos os níveis de governo, no contexto de tendências demográficas desfavoráveis e desequilíbrios atuariais. “Os diretores expressaram preocupações com finanças subnacionais e encorajaram as autoridades a continuar desenvolvendo soluções duradouras em coordenação com os Estados”.

Os diretores do Fundo concordaram que a política que administra a taxa de juros pelo Banco Central está sendo calibrada de forma apropriada e “recomendaram a continuidade da flexibilização monetária”. Contudo, eles encorajam a contínua reavaliação da política (de juros) de acordo com a evolução da inflação e expectativas e perspectivas de reformas fiscais.

Quando à economia norte-americana, o fundo rebaixou suas perspectivas de crescimento, prevendo que a política fiscal “não será tão expansiva” como se tinha pensado. A maior economia do mundo deverá crescer neste ano 2,1% e no ano seguinte 2,1%, menos que 2,3% e 2,5% que os especialistas do FMI calcularam em abril. Por outro lado, houve melhora nas expectativas para o PIB de Europa, Japão e China.

Agenda econômica da semana

O destaque da semana fica com as reuniões do Fomc (Federal Open Market Committee) e do Copom (Comitê de Política Monetária), ambas na quarta-feira (26). Às 15h (horário de Brasília), os diretores do Federal Reserve publicam a nota do encontro sobre sua política monetária. Segundo a equipe de analistas do Bank of America, “é provável que o Fomc faça pequenos ajustes na declaração, mas é improvável que altere significativamente a mensagem”. Por não contar com divulgação de projeções nem coletiva de Janet Yellen, o encontro perde força, mas não deixa de ser importante. Já no fim do dia de quarta, logo após o fechamento do mercado, será divulgada a decisão do Copom, que deve manter o ritmo de corte da Selic em 100 pontos-base, diante da evolução bastante benigna da inflação, a recuperação lenta da atividade, o quadro internacional tranquilo e a moderação das preocupações com o clima político, além da confirmação do comprometimento com a meta fiscal do ano, segundo a Rosenberg.

Entre os indicadores, a semana começará mais tranquila, com alguns PMIs nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, além do tradicional relatório Focus, a Secretaria do Tesouro Nacional divulga nesta segunda-feira o relatório mensal de dívida pública do mês de junho e, às 15h, será revelado o dado da balança comercial. Nos EUA, serão revelados às 10h45 o indicador de manufatura do Markit e às 11h as vendas de casas existentes. 

Já na sexta-feira (28), o Brasil terá dados de inflação medido pelo IGP-M e de desemprego com a Pnad Contínua. Segundo e Rosenberg, o desempenho deve atingir 13,4%, pouco acima do trimestre encerrado em maio, porém abaixo dos 13,7% verificados no trimestre anterior. Já no exterior, a semana termina com o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre dos EUA e dados de inflação. A Rosenberg acredita que o PIB pode corroborar os dados já divulgados de atividade, que têm indicado perda de ritmo do crescimento nos meses de maio e junho. 

Noticiário político

O noticiário político também segue agitado, apesar do recesso parlamentar, com destaque para a repercussão do aumento da alíquota do PIS/Cofins para combustíveis da semana passada. Segundo a Coluna do Estadão, a elevação dos impostos ampliou (ainda mais) a rejeição ao presidente Michel Temer e aumentou a irritação na base aliada. Quem também se irritou com a alta do imposto foi o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que voltou a colocar o “pato amarelo” na frente da entidade. Skaf é um dos principais aliados de Temer e nome do PMDB para a disputa do governo de São Paulo, mas não escondeu sua irritação com o anúncio da medida. Neste domingo, em meio ao descontentamento com a medida, Skaf se encontrou com Temer em São Paulo. Também estiveram na residência do presidente o economista Delfim Netto, que é amigo pessoal de Temer, e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Além de monitorar as reações à alta de imposto, Temer intensifica as ações para barrar a denúncia contra ele na volta do recesso parlamentar, informa o Valor Econômico. Segundo o jornal, líderes aliados e ministros farão uma reunião nesta semana com o objetivo de contabilizar o apoio obtido para impedir que o processo seja encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal). O balanço de auxiliares de Temer indica que pelo menos 266 parlamentares sinalizavam votar pelo arquivamento da denúncia. Ainda nas contas do governo, a oposição tem cerca de 170 votos garantidos. 

Neste sentido, vale destacar ainda o artigo de Joesley Batista publicado no domingo no jornal Folha de S. Paulo sobre a delação que gerou a maior crise do governo Temer. Ele afirmou que não esperava o “súbito vazamento” da delação e quebrou o silêncio “para acabar com mentiras e folclores e dizer que é de carne e osso”. Joesley afirma ver na imprensa “políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de ‘abuso de autoridade'”. “Eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família”, destacou. 

Especiais IMTV

O InfoMoney entrevista nesta segunda-feira (24) o gestor Roberto Knoepfelmacher, da Mosaico Capital, que tem como foco investimentos em small caps. Na entrevista, que será transmitida ao vivo às 11 horas (horário de Brasília) na InfoMoneyTV, ele comentará sobre uma ação que acredita que tenha um grande potencial de valorização na bolsa para os próximos anos.

A partir de amanhã, a IMTV dá continuidade ao “Especial Setores” do 2º semestre. Na terça-feira às 15h, serão analisadas as ações de programas de fidelidade, seguradoras e saúde. Na quarta-feira às 14h, abordaremos sobre as perspectivas para as ações de frigoríficos e educacionais. Clique aqui e assista a todo o conteúdo desse especial.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.