Juros futuros voltam cair mesmo com aumento de impostos; Ibovespa Futuro ignora exterior e vira para alta

A menos de uma semana da reunião do Copom, mercado projeta corte de 100 pontos-base na Selic

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma nova sessão de leves perdas na véspera, o Ibovespa Futuro sinaliza maior apetite a riscos por parte dos investidores nesta sexta-feira (21), na contramão do movimento dos principais índices acionários globais e os movimentos do mercado de commodities. Às 9h13 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em agosto subiam 0,18%, a 65.475 pontos, após abrirem em queda.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 operavam estáveis, a 8,54%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 2 pontos-base, a 9,45%. Os recuos vistos nos yield dos contratos de juros futuros indicam maiores apostas do mercado por um corte de 100 pontos-base na Selic na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) marcada para a próxima semana.

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Bolsas mundiais

A sessão é de queda para a maior parte das bolsas europeias, com as exportadoras liderando as baixas, que aprofundam desvalorização na semana com o euro forte sob efeito dos comentários de Mario Draghi de que BCE vai reavaliar programa de estímulos no outono. Por ora, Draghi defende a continuidade da elevada acomodação monetária, pois avalia que a economia europeia ainda não alcançou um quadro mais confortável em relação a inflação, o que requer persistência e paciência por parte do BCE. “Na reunião de setembro pode haver uma sinalização mais contundente sobre os próximos passos do QE, a depender do comportamento da inflação nos próximos meses”, aponta a LCA Consultores.

Já no mercado de câmbio, os desdobramentos políticos nos EUA com negócios de Donald Trump na mira de investigações, o que ameaça agenda de reformas, continuam afetando a moeda norte-americana. 

Entre as commodities, o petróleo caminha para fechar semana em alta com Opep e aliados preparando-se para revisar plano para diminuir o “gap” entre oferta e demanda que tem pressionado preço da commodity. Já o minério de ferro registra baixa em Dalian e Qingdao. 

Este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,68%

*FTSE (Reino Unido) -0,05%

*DAX (Alemanha) -0,96% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,13% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,21% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,22% (fechado)

*Petróleo WTI -1,00%, a US$ 46,45 o barril

*Petróleo brent -0,95%, a US$ 48,83 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,95%, a 521 iuanes

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, -1,34%, a US$ 67,14 por tonelada

Agenda econômica

Com dificuldades em recuperar a arrecadação, o governo anunciou no final da tarde de ontem o aumento de tributos para arrecadar R$ 10,4 bilhões e cumprir a meta fiscal de déficit primário de R$ 139 bilhões. O Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a gasolina, o diesel e o etanol subirá para compensar as dificuldades fiscais, segundo nota conjunta, divulgada há pouco, dos ministérios da Fazenda e do Planejamento.

A alíquota subirá de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 para o litro da gasolina e de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 para o diesel nas refinarias. Para o litro do etanol, a alíquota passará de R$ 0,12 para R$ 0,1309 para o produtor. Para o distribuidor, a alíquota, atualmente zerada, aumentará para R$ 0,1964. A medida já entrou em vigor por meio de decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União e foi superior ao esperado por analistas de mercado. Porém, com impacto não muito significativo para a inflação. De qualquer forma, analistas avaliam que novas altas não estão descartadas.

Após a alta dos impostos, o Credit Suisse aumentou a previsão de IPCA para 2017 de 3,2% para 3,5%, prevendo que o aumento de PIS/Cofins em combustíveis terá um impacto de 53 pontos base na inflação. Segundo os economistas do banco, o caminho benigno da inflação de alimentos nos próximos meses deve compensar parcialmente o impacto do aumento de impostos. 

O governo também contingenciará [bloqueará] mais R$ 5,9 bilhões de despesas não obrigatórias do Orçamento. Os novos cortes serão detalhados hoje às 11h, quando o Ministério do Planejamento divulgará o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. Publicado a cada dois meses, o documento contém previsões sobre a economia e a programação orçamentária do ano. A nova alíquota vai impactar o preço de combustível nas refinarias, mas o eventual repasse do aumento para o consumidor vai depender de cada posto de gasolina. O aumento de impostos “irritou” entidades empresariais. A Fiesp manifestou, em nota, indignação com a alta do imposto (veja mais clicando aqui).

Além disso, na agenda econômica, o Banco Central divulga os dados da conta corrente de junho às 10h30, que deve mostrar superávit de US$ 1,4 bilhão, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, abaixo dos US$ 2,88 bilhões da medição anterior. Também em destaque, o BC oferta até 8.300 contratos de swap de dólar para rolagem na sexta-feira. O leilão vai das 11h30 às 11h40, com resultado a partir das 11h50. Já nos EUA, agenda tem PMI Markit preliminar de julho, às 10h45, e dados de revenda de imóveis em junho, às 11h00. 

Temer e Meirelles na Argentina

O presidente Michel Temer está em Mendoza, na Argentina, onde participa da 50ª Reunião do Conselho do Mercado Comum e Cúpula do Mercosul e Estados Associados. 

Após o encontro com líderes regionais, o Brasil deve assumir a presidência pro tempore do bloco. Segundo o Itamaraty, o país quer continuar o trabalho realizado pela Argentina, que presidiu o Mercosul no primeiro semestre deste ano e eliminou diversas barreiras comerciais entre os países que compõem grupo.

O Brasil tentará também concluir os acordos de cooperação entre Mercosul e União Europeia, o Canadá e alguns países da Ásia, como Japão, Coréia do Sul e Índia, entre outros blocos internacionais. A situação da Venezuela também deve ser discutida durante a Cúpula.

Ao chegar na Argentina, Temer comentou a alta de impostos. Ele disse que a população compreenderá a medida. “A população vai compreender porque este é um governo que não mente, não dá dados falsos. É um governo verdadeiro, então, quando você tem que manter o critério da responsabilidade fiscal, a manutenção da meta, a determinação para o crescimento, você tem que dizer claramente o que está acontecendo. O povo compreende”, afirmou. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que também está no país, afirmou que, “no momento”, a elevação do PIS/Cofins anunciada pelo governo é suficiente e que, “em última análise”, todas as medidas econômicas são “para beneficiar bolso do cidadão”. 

Denúncia contra Temer 
Apesar do aumento de impostos ter dominado o noticiário nos últimos dois dias, o governo Temer segue articulando para a derrubada da denúncia contra o presidente na Câmara dos Deputados, com votação prevista para 2 de agosto. Segundo o Estadão, o Planalto traçou uma estratégia para conseguir colocar o quórum de 342 deputados no plenário da Câmara, no dia em que a sessão está marcada, para liquidar a votação da denúncia contra Michel Temer.

Para garantir presença de três quintos dos parlamentares, o presidente escalou seus ministros para convencerem os dissidentes de cada bancada a registrarem presença. Ou seja: não precisam votar a favor de Temer, mas precisam dar quórum para que a votação possa ocorrer. O Planalto considera ter hoje cerca de 250 votos para derrubar a denúncia da PGR.

Noticiário corporativo

Em destaque nesta sexta, a Biotoscana precifica a ação em IPO (Oferta Inicial de Ações); a companhia deve estrear na Bolsa na próxima terça-feira (25). Atenção ainda para a J&F, controladora da JBS. Segundo a Bloomberg, a holding está perto de vender a Vigor para a Lala por R$ 6 bilhões. Além disso, segundo o Valor, a Arauco já discutiu compra da Eldorado com Petros e Funcef. A Localiza, por sua vez, teve um forte resultado no segundo trimestre de 2017, com um lucro líquido 32% superior na base de comparação anual, a R$ 129,3 milhões. Já a Helbor divulgou dados operacionais para o período, com vendas contratadas subindo 55,4% na base anual, a R$ 332,8 milhões. Por fim, segundo o Estadão, a TPG e ZTE preparam oferta pelo controle da Oi.

(Com Agência Brasil, Bloomberg e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.