Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira no que ficar de olho nesta segunda e na semana antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O destaque do começo desta semana fica para os dados da China, que vieram acima do esperado e impulsionam o minério de ferro, que pode beneficiar as “ações de commodities” nacionais. Já aqui no Brasil, o Congresso entrará em recesso até 1 de agosto, mas as articulações do governo Michel Temer para barrar a denúncia contra ele continuam. No noticiário corporativo, a semana marca o pontapé inicial da temporada de balanços. Confira os destaques desta segunda e da semana:

1. Bolsas mundiais

A semana começa tendo como destaque os indicadores econômicos da China, que impulsiona o minério de ferro, mas sem animar os índices acionários asiáticos. Dados oficiais divulgados mostraram que o crescimento do PIB chinês foi de 6,9% nos três meses encerrados em junho, na comparação anual. O resultado veio ligeiramente acima das expectativas de economistas ouvidos pelo jornal The Wall Street Journal, de 6,8% na média. Já a  produção industrial de valor agregado, que serve de prévia para o dado de crescimento econômico, cresceu 7,6% em junho na comparação anual, número superior  à media de 6,5% apontada nas previsões de 14 economistas ouvidos pelo jornal The Wall Street Journal. 

Contudo,  quedas fortes de ações small-caps altamente especulativas puxaram os principais índices de ações da China para baixo nesta sessão, em meio a preocupações com um aperto adicional de política monetária e um fluxo de ofertas públicas iniciais. Na Europa, a sessão é de leves variações, com os mercados monitorando a segunda rodada de negociações sobre o Brexit em Bruxelas. 

Às 8h, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,07%

*FTSE (Reino Unido) +0,57%

*DAX (Alemanha) -0,16% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,31% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -1,42% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,09% (fechado)

*Petróleo WTI -0,02%, a US$ 46,53 o barril

*Petróleo brent +0,10%, a US$ 48,96 o barril

*Minério de ferro 62% spot negociado no porto de Qingdao, na China, +1,63%, a US$ 66,81 por tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +3,13%, a 495 iuanes

2. Noticiário político

O início do recesso no Congresso nesta semana deve levar a um noticiário político mais tranquilo pelos próximos dias. Porém, os bastidores devem seguir movimentados com a busca no governo para barrar a denúncia contra Michel Temer, cuja votação no Plenário da Câmara foi marcada para o próximo dia 2 de agosto. Segundo a Folha de S. Paulo, o presidente já admite a possibilidade de postergar a decisão para setembro em meio às dificuldades para votar na Câmara a denúncia e conseguir quórum. Porém, ao G1, o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) descartou essa possibilidade. 

“A expectativa deste assunto precisa ter fim ainda em agosto. O quórum precisa ser elevado. Se não tiver quórum no dia 2, vou repautar ainda em agosto. Mais para o meio de agosto do que para o fim, até porque ninguém quer esta situação. Não podemos deixar o governo nessa situação, pendurado”, disse Maia ao G1.

Mesmo em meio à expectativa de um noticiário mais tranquilo na política, uma “surpresa” pode vir com a confirmação de uma delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha durante o recesso parlamentar. 

Ainda sobre o noticiário político, atenção para a “polêmica” do último fim de semana de que o relator da reforma política na comissão especial da Câmara dos Deputados, deputado Vicente Cândido (PT-SP), deve incluir em seu parecer um artigo que, se aprovado, impedirá a partir da eleição de 2018 a prisão de candidatos até oito meses antes da eleição. Confira mais clicando aqui. Por fim, a defesa do ex-presidente Lula  recorreu da decisão do juiz federal Sérgio Moro de condená-lo a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Apresentados na sexta-feira pelos advogados do ex-presidente, os chamados embargos de declaração pedem que Moro esclareça supostas “omissões, contradições e obscuridades” na decisão.

3. Reforma da Previdência e Refis

Mesmo em meio à crise política, o governo Temer ainda tem expectativas em aprovar pelo menos uma fatia da reforma da Previdência, apontam jornais deste final de semana. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), admite votar apenas parte do projeto proposto e adiar “para 2018 ou para o futuro” a decisão sobre temas polêmicos que podem ser barrados pelo Congresso (confira mais clicando aqui). 

Já a Folha de S. Paulo destaca que as alterações feitas pelo governo para viabilizar a reforma da Previdência na Câmara (que atualmente está com a tramitação parada diante da crise política) aumentaram em mais de 40% a expectativa de economia com a aposentadoria de servidores públicos federais na próxima década. Para o regime dos servidores da União, a expectativa era que o texto original gerasse R$ 62 bilhões de economia de 2018 a 2027. Com as mudanças na Câmara, o número saltou para R$ 88 bilhões.

Atenção ainda para as mudanças feitas pelo deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) no texto do novo Refis proposto pelo governo, que colocaram em risco o cumprimento da meta fiscal deste ano e podem impor um perdão de 73% da dívida a ser negociada no programa de parcelamento. O levantamento do impacto feito pela área técnica do Ministério da Fazenda, obtido pelo ‘Estadão/Broadcast’, mostra que a arrecadação prevista para 2017 pode derreter, passando de R$ 13,3 bilhões para apenas R$ 420 milhões. O tamanho do buraco não só surpreendeu negativamente a equipe econômica como criou um imbróglio político para o governo, que precisará reverter o estrago feito no relatório em meio à busca de votos para barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer. Confira a notícia completa clicando aqui. 

4. Agenda econômica da semana

Um dos grandes “eventos” da semana é o início da temporada de resultados corporativos do segundo trimestre, apesar de ainda contar com poucas divulgações: Weg, Localiza e Paranapanema, a partir de quarta-feira (19).

No Brasil, atenção especial para o IPCA-15, que após a deflação de junho deve mostrar uma nova queda da taxa neste início de mês. Marcado para ser divulgado na quinta-feira (20), às 9h (horário de Brasília), o indicador deve registrar queda de 0,13%, segundo compilado pela Bloomberg, ante resultado de +0,16% no mês passado. Ainda saem nesta semana o IGP-10 e IPC-S (ambos segunda-feira às 8h), IPC-Fipe (quarta-feira às 5h) e contas externas de junho. Relatório de despesas e receitas deve ser divulgado na sexta-feira e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles já fala na possibilidade de liberação de recursos.

No exterior, após um CPI abaixo do esperado corroborar com o discurso dovish da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, nesta semana o ritmo da divulgação de indicadores cai bastante. Os únicos indicadores com maior potencial de impacto aparentemente são o Empire Manufacturing  de julho (nesta segunda-feira às 9h30) e o de vendas de moradias novas de junho (quarta-feira às 9h30). 

Atenção ainda para as reuniões de política monetária.  O BCE tem reunião na próxima quinta-feira em meio à expectativa de que, diante da melhora de atividade na zona do euro, haja sinalização de redução dos estímulos, mas analistas esperam que taxas fiquem estáveis. Encontro do BOJ, seguido de fala de Kuroda, também chama a atenção dos mercados. 

5. Noticiário corporativo

Além do início da temporada de balanços na semana, outros destaques agitam o radar corporativo. A JBS informou que sua subsidiária indireta, a JBS Canadá, fechou um acordo para a venda de sua operação de confinamento e de uma fazenda adjacente, localizados em Brooks, no estado de Alberta, no Canadá, à MCF Holdings. O valor da transação foi de 50 milhões de dólares canadenses, cerca de US$ 40 milhões. Além disso, o Conselho de Administração da companhia autorizou acordo para estabilização e renegociação de dívidas do grupo de alimentos e proteína animal com bancos credores. A Cemig, por sua vez, informou que assembleias de acionistas da Rio Minas Energia (RME) e da Luce Empreendimentos (Lepsa) decidiram pelo início de um processo de venda do bloco de controle da Light. Já a Odontoprev teve decisão favorável em ação de R$ 303 milhões. Por fim, no radar de recomendações, a Transmissão Paulista foi rebaixada para neutra pelo Bradesco BBI, enquanto a Braskem foi elevada para overweight pelo Morgan Stanley.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.