Petrobras sofre revés em NY, possível acordo sobre planos econômicos, 2 IPOs e mais 9 notícias no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta segunda-feira (10)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A segunda-feira (10) também é movimentada no noticiário corporativo, com destaque para a J&F encerrando conversas para venda da Alpargatas por desacordo sobre preço, segundo fonte disse à Reuters, o revés da Petrobras em Nova York, o acordo sobre perdas na poupança com planos econômicos, que deve sair até agosto, IPOs e mais notícias. Confira os destaques:

Alpargatas (ALPA4)

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a J&F Investimentos encerrou as conversas para a venda de sua participação majoritária na Alpargatas para o grupo formado por Cambuhy Investimentos e Itaúsa Investimentos (ITSA4) por conta de diferenças em relação ao preço. 

Segundo a fonte, a J&F não cedeu à pressão da Cambuhy Investimentos e da Itaúsa para que reduzisse o preço pedido por sua fatia controladora de 86 por cento na Alpargatas ao término do período de exclusividade das negociações, no domingo. A fonte se recusou a informar o tamanho da diferença de preço. Mais cedo no domingo, a Reuters noticiou que Cambuhy e Itaúsa haviam oferecido entre R$ 3,3 bilhões e R$ 3,5 bilhões  pela Alpargatas.  Cambuhy, Itaúsa e Bradesco não comentaram. A J&F não tinha um comentário de imediato sobre o assunto.

JBS (JBSS3)

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições o acordo da JBS para a venda de suas operações de carne bovina no Paraguai, Uruguai e Argentina por US$ 300 milhões ao Grupo Minerva. A decisão do Cade está publicada em despacho no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira.

O aval do órgão antitruste ocorre mesmo com a proibição do negócio na esfera judicial. No mês passado, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, barrou a transação por considerar, entre outros aspectos, “prematura qualquer decisão judicial de liberar a venda de ações requerida, bem como das medidas cautelares”, porque haveria, até agora, “fragilidade das provas apresentadas” pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, sobre propinas pagas a políticos com foro privilegiado.

Os advogados dos empresários recorreram ao Supremo Tribunal Federal para reverter a decisão de Leite, porém não obtiveram sucesso. Na semana passada, o ministro da Corte Edson Fachin rejeitou o pedido de medida liminar feito pela JBS. Na ocasião, os empresários informaram que irão recorrer da decisão de Fachin. Pelo acordo aprovado pelo Cade, a transação entre JBS e Minerva ocorrerá por meio de subsidiárias dos dois grupos. Assim, a Pul Argentina, o Frigomerc e a Pulsa, controladas pelo Minerva, vão adquirir a totalidade das ações das subsidiárias da JBS que são detentoras das operações de carne bovina na Argentina (JBS Argentina), Paraguai (JBS Paraguay e Indústria Paraguaya Frigorífica) e Uruguai (Frigorífico Canelones).

Quando do comunicado ao mercado, a JBS informou que pretende utilizar os recursos obtidos com a transação para diminuir sua alavancagem financeira. O negócio foi fechado como parte dos movimentos do grupo J&F, controlador da JBS, para levantar recursos e sanar eventuais problemas de liquidez de curto prazo após os donos da holding fecharem acordo de leniência com o Ministério Público Federal que fixa uma multa de R$ 10,3 bilhões. A empresa tem uma dívida de R$ 18 bilhões a vencer no curto prazo. 

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras sofreu um revés significativo na disputa com investidores nos Estados Unidos. O Tribunal Federal de Apelações do Segundo Circuito rejeitou o principal ponto da apelação da companhia, e manteve a ação coletiva contra a estatal no Tribunal do Distrito Sul de Nova York. A Petrobras defendia a extinção do litígio.

O julgamento do mérito da ação coletiva – ao menos em relação aos investidores que negociaram recibos de ações da estatal (ADRs) da companhia- poderá finalmente ser retomado, depois de ter sido suspenso em agosto, destaca o Valor Econômico. A Petrobras ganhou tempo ao apelar com base em questões técnicas, mas o processo vai voltar à corte do juiz Jed Rakoff, que foi duro em suas análises desde o início da tramitação da ação, em dezembro de 2014.

Um juiz dos EUA deve redefinir quais grupos de investidores podem processar a Petrobras na tentativa de recuperar bilhões de dólares de supostas perdas ligadas ao escândalo de corrupção que envolveu a petroleira no Brasil. Entretanto, o 2º Tribunal de Apelações do Circuito dos EUA em Manhattan rejeitou o pedido da Petrobras de que ele imponha um padrão mais difícil para os investidores nas ações antes de provarem que foram lesados.

A companhia ainda anunciou a quinta revisão de preço de combustíveis desde que passou a adotar a política de reajustes diários, no dia 30 de junho. A partir da meia-noite da próxima terça-feira (11), a gasolina estará 2% mais barata nas refinarias da estatal e o óleo diesel, 1,7%. Das cinco revisões, quatro foram para baixar os preços. Na manhã de sexta-feira (7), a empresa havia divulgado redução de 0,7% para gasolina e 0,2% para o diesel. 

Cemig (CMIG4)

A Cemig atualizou programa desinvestimentos, totalizando R$ 8,05 bilhões. O valor patrimonial dos ativos incluídos no programa era de R$ 6,56 bilhões no anúncio anterior, de 1 de junho. Contudo, os ativos incluídos no programa continuam os mesmos. Ativos do programa são Taesa, Transmineiora, Santo Antônio, Renova, Light, Gasmig, Cemig Tel,ecom, Norte Energia e consórcios de exploração de gás.

O valor de mercado da Light foi o que mais subiu em relação ao comunicado anterior, de R$ 530 milhões para R$ 2,06 bilhões. A Cemig fará teleconferência sobre o programa de desinvestimentos nesta segunda-feira, às 9h30. 

CPFL (CPFE3)

A State Grid decidiu seguir só com OPA de alienação de controle, informa a CPFL. A CVM havia solicitado que State Grid protocolasse os laudos de avaliação relacionados às ofertas públicas de aquisição de ações para cancelamento de registro e para saída do Novo Mercado de cada companhia, CPFL Energia e CPFL Renováveis, e, alternativamente, documentação ajustada das ofertas prevendo apenas as OPAs por alienação direta de controle da CPFL Energia e por alienação indireta de controle da CPFL Renováveis, segundo comunicado ao mercado.

Os documentos referentes às OPAs de cada uma das companhias serão ajustados de modo refletir a decisão, disse o comunicado
Documentação deve ser apresentados à CVM até 12 de julho. 

Oi (OIBR4)

A Bloomberg destaca hoje que a reestruturação judicial da Oi fica refém da paralisia no governo. A demora na aprovação da nova Lei Geral de Telecom e da medida provisória que permite à Anatel ampliar o prazo de pagamento da dívida multibilionária da Oi com a agência e trocar parte da dívida por investimentos colocaram as discussões da companhia, seus acionistas, credores e potenciais investidores em um impasse.

Os potenciais investidores estão relutantes em colocar dinheiro novo na empresa sem um acordo com a Anatel, sua maior credora, segundo uma pessoa próxima às discussões. “Não acontece nada, realmente”, disse Juarez Quadros, presidente da Anatel, em entrevista por telefone de Brasília. 

“Não se vê nada, não se escuta nada, não se fala nada. E com isso nós ficamos aqui sem poder saber e orientar nada e dizer nada a respeito”
Enquanto os membros do Congresso se concentram em tentar salvar o mandato de Temer e, em muitos casos, os seus próprios, votações importantes se perderam no limbo e isso pode impedir a Oi de chegar a um acordo com os credores para reestruturar sua dívida de R$ 65 bilhões e evitar a falência. 

Bancos

A ministra Grace Mendonça, advogada-geral da União, planeja fechar até o início de agosto um acordo entre bancos e consumidores sobre as perdas das cadernetas de poupança durante os planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, segundo entrevista à Folha. 

O acerto vai prever descontos e parcelamento dos valores e considera apenas os poupadores cobertos por ações coletivas. Os valores em negociação giram em torno de R$ 11 bilhões antes da aplicação dos descontos. A Caixa e Banco do Brasil concentram cerca de 70% desse total. Os bancos devem apresentar nesta semana um relatório para a AGU com o valor do que teriam de pagar para os poupadores. Com isso, Grade Mendonça pretende apresentar o acordo ao Supremo até meados do mês que vem. 

Ômega

A Ômega Geração, do setor de energia renovável, poderá movimentar até R$ 1,4 bilhão em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), se considerado o teto da faixa indicativa de preço dos papéis, de lotes extras de R$ 17 a R$ 22, e a colocação de ações.

Se calculado apenas o lote principal, a oferta de ações girará entre R$ 800 milhões e R$ 1,03 bilhão, dependendo do preço que sair o papel. Com a ação em R$ 17 e considerando apenas o lote principal, do total da emissão, R$ 527 milhões vão para o caixa da companhia, por se tratar de uma oferta primária. Com o preço em R$ 22, R$ 681 milhões vão para o caixa e o restante para o acionista vendedor, a empresa de private equity Warburg Pincus.

Depois de um embate com investidores, a Ômega alterou o formato de sua abertura de capital e buscou apoio no Novo Mercado, segmento mais elevado de práticas de governança corporativa da B3, para emplacar sua oferta. A mudança ocorreu depois que investidores pressionaram a companhia solicitando melhorias na área de governança. Do lado dos investidores, o que mais incomodou foram as transações entre partes relacionadas, que são aquelas operações firmadas entre uma empresa e outras sociedades integrantes de um mesmo conglomerado societário.

Historicamente, o assunto é visto com cautela dado o número de problemas já vistos nesses tipos de transações. Na Ômega, a companhia criou um comitê independente para analisar essas transações, mas foi obrigada a evidenciar em seu prospecto esse tipo de operação como um risco ao investidor, por poder configurar conflito de interesses.

“Os investidores estão muito mais maduros e, principalmente neste momento de instabilidade no Brasil, a seletividade aumentou muito. E cada vez mais melhores práticas de governança são exigidas”, disse um investidor. O movimento pode ser um ganho para a empresa, visto que investidores tendem a exigir menos desconto nas ações quando a confiança é mais elevada.

Inicialmente, a Ômega havia optado por se listar no Nível 2 (segmento menos elevado de práticas de governança) porque a ideia era emitir units, que são compostos por mais de uma classe de valores mobiliários, podendo unir ações ordinárias e preferenciais, por exemplo. Essa estrutura não é permitida no Novo Mercado e acionistas minoritários ativos costumam rechaçá-la, visto que acabam comprando no lote as ações preferenciais, que não tem direito a voto. A mudança da Ômega coloca, mais do que nunca, os holofotes no segmento de governança, que terá, em 2018, um novo regulamento, recém aprovado pelas empresas ali listadas. No processo de evolução do segmento, os investidores também tiveram papel importante ao pressionarem as empresas pedindo a aprovação do novo regulamento.

A Ômega Geração começou na sexta-feira seu o processo de “bookbuilding”, em que são coletadas as intenções de investimentos. No próximo dia 27, a ação deverá ser precificada. A estreia da companhia na B3 está agendada para 31 de julho. Ainda neste mês, deverá ocorrer a abertura de capital do Carrefour Brasil e da Biotoscana. O IRB Brasil Re, de resseguros, também tentará a mesma janela.

Sobre o IRB, a oferta pública do IRB foi registrada na CVM no final da semana passada, com protocolo dos documentos em atendimento às exigências formuladas pela Comissão de Valores Mobiliários no contexto da Oferta Pública de Distribuição Secundária de ações ordinárias do IRB, disseram o Itaú Unibanco e o Bradesco na condição de acionistas controlador esdo IRB em comunicado. Foi realizado, também na sexta, o lançamento da oferta, disse o Itaú. 

Cosan (CSAN3)

A Raízen Energia, joint venture da Cosan e da Shell, aceitou as condições impostas pelos credores da Tonon Bioenergia, que está em recuperação judicial, para a aquisição das usinas de Santa Cândida e Paraíso. Para a compra ser concluída restam agora trâmites legais, incluindo aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Raízen fez uma proposta vinculante pelas duas usinas da Tonon no mês passado, por 823 milhões de reais. 

Gol (GOLL4)

A taxa de ocupação doméstica sobe 2,9% em junho na comparação anual, informou a Gol em comunicado ao mercado. A oferta no mercado doméstico caiu 4,8% em junho na base anual, acompanhada de queda de 1,1% na base anual da demanda. O volume total de decolagens caiu 5,7% em junho na comparação anual, com queda de 5,6% dos assentos disponibilizados e uma consequente queda na oferta de 6,4% na base anual.

A demanda caiu 2,5% no mesmo período. A taxa de ocupação subiu para 79% na comparação anual, 2,9% acima do número de junho de 2016. A oferta no mercado internacional em junho recuou 19% na base anual, acompanhando a queda da demanda de 14,4% no mesmo período. A taxa de ocupação subiu para 70,1% na base anual, crescimento de 3,8% em relação ao mesmo mês de 2016.

Rossi (RSID3)

A Rossi informou na sexta-feira que o presidente-executivo da companhia, João Paulo Rossi Cuppoloni, elevou participação da empresa para cerca de 10% das ações ordinárias. A movimentação ocorreu com a transferência dos papéis antes detidos pelo pai de João Paulo e fundador da Rossi, João Rossi Cuppoloni. 

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.