O detalhe do novo Fies que deve prejudicar as educacionais – mas é bom para o Brasil

Novas regras para o Fies foram anunciadas na última semana e elas devem ter grande impacto nas empresas de educação listadas na bolsa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Anunciado nesta semana, o novo modelo do Fies (Financiamento Estudantil) foi explicado melhor pelo MEC (Ministério da Educação) na última sexta-feira (7) e alguns pontos levantaram preocupações de analistas e investidores sobre as empresas de educação, em especial a Anima, que caiu forte no último pregão.

Pelas novas regras, que entrarão em vigor em 2018, os bancos privados também irão participar do financiamento, que até então era exclusivo da Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Além disso, o ministro Mendonça Filho anunciou que, a partir do próximo ano, o Fies vai oferecer três tipos de contratos de empréstimos com público alvo e juros distintos.

A participação dos bancos privados será exclusivamente no tipo de contrato chamado Fies 3, que será destinado a alunos com renda familiar per capita de até cinco salários mínimos. Com as novidades, o governo sinalizou a oferta de 310 mil novas vagas no programa, ficando acima do que esperava o mercado, entre 250 mil e 300 mil vagas.

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A novidade porém, traz um grande risco diante da exposição elevada dos bancos, segundo relatório do BTG Pactual. Segundo os analistas, este cenário incorrerá os riscos de crédito para o Fies II e III, o que deve prejudicar o volume do programa. Para eles, os bancos devem começar “devagar”, o que pode diminuir a chance de preenchimento de todas as vagas.

Para o Credit Suisse, as novas regras “são claramente mais negativas para as empresas, mas melhor para o País já que é mais sustentável em termos fiscais”. Por outro lado, os analistas acreditam que as perspetivas de longo prazo para o setor continuam sólidas e que movimentos de M&A (fusões e aquisições) devem se intensificar, ainda mais depois da rejeição da união Kroton-Estácio.

“Por outro lado, ficamos preocupados com o impacto do aumento de financiamento privado na indústria, potencial aumento de descontos e aumento de competição no EAD com o recente anuncio da mudança de regulação”, alerta a equipe do Credit.

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É possível que neste novo formato do programa, algumas dificuldades surjam para os alunos com os bancos sendo cautelosos diante do alto risco de inadimplência. No novo Fies, o período de carência irá depender da rapidez com que os estudantes conseguem um emprego. Uma vez contratados, eles começarão a pagar suas dívidas em parcelas mensais fechadas em 10% do salário. Se os alunos não tiverem uma fonte de renda formal, eles continuarão pagando o mesmo valor pago durante o curso, como co-pagamento.

O BTG reforça que a Ser (SEER3) e a Estácio (ESTC3) são as que mais se beneficiam das novas regras por conta de suas altas exposições às regiões Norte e Nordeste. Na sexta-feira, a primeira fechou com leve alta de 0,53%, a R$ 24,66, enquanto a segunda avançou 1,83%, para R$ 15,00.

Os analistas do banco acreditam que a Kroton (KROT3) poderia ser prejudicada, mas a equipe do Credit ainda vê um cenário bom para a companhia diante de sua liderança de mercado, balanço saudável e clara estratégia de crescimento. A companhia fechou o último pregão estável em R$ 14,75, mas registrou o quarto maior volume da bolsa, movimentando R$ 290,07 milhões.

Por fim a Anima (ANIM3) foi a primeira a sentir possíveis impactos das novidades. O BTG apontou a empresa como uma das mais prejudicadas por conta de sua exposição de quase 100% nas regiões Sul e Sudeste. A companhia afundou 6,39%, cotada a R$ 15,53 na última sexta-feira.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.