Para não ficar só na defensiva: as sugestões “pouco ortodoxas” entre as carteiras recomendadas de julho

Relação favorável de risco e retorno compensou a entrada desses papéis

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Em vista do aumento do risco por conta da crise politica, corretoras e bancos de investimento priorizaram em suas carteiras recomendadas de julho ações com perfil defensivo, ou seja, empresas que costumam cair menos do que o Ibovespa em momentos de maior stress do mercado, ao mesmo tempo que registram performance inferior ao índice quando os investidores estão eufóricos.

Essa busca por um “porto seguro” fez com que os analistas realizassem, em média, duas alterações em seu portfólio, conforme apontou o levantamento feito pelo InfoMoney com 15 carteiras recomendadas para este mês. Entretanto, tivemos algumas mudanças que fugiram do concesso, já que colocaram “uma dose” de risco em meio a tanta cautela.

Oportunidades no varejo
Dentre as 10 ações recomendadas pelo BB Investimentos, duas varejistas que entraram com 10% de peso no portfólio chamaram a atenção por fugirem do consenso: Natura (NATU3) e Via Varejo (VVAR11). A empresa especializada em cosméticos acumula queda de 23% nos últimos 30 dias (com base no último fechamento) em decorrência do acordo de compra pela The Body Shop, que foi muito criticado pelos analistas de mercado em vista do preço pago e pelas dificuldades que a empresa enfrentará para colocar a companhia britânica nos trilhos.

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Confira aqui a avaliação dos analistas sobre a compra da The Body Shop pela Natura

Contudo, essa correção chamou a atenção dos analistas de mercado, principalmente dos grafistas, uma que as ações da Natura estão testando o importante suporte na faixa de R$ 25,00, ponto que inclusive abriu uma oportunidade de compra. Essa mesma lógica foi aplicada pela equipe do BB Investimentos, que ao justificar a inclusão de Natura em sua carteira, cita que a correção foi demasiada considerando o nível de sinergias que será capturado com a compra da The Body Shop. Além disso, destacam os analistas, as ações ordinárias estão abaixo de seus múltiplos históricos de P/L (Preço/Lucro) e EV/Ebitda (EV = Enterprise Value, que é a soma do valor de mercado com a dívida líquida; Ebitda = lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização).

No caso de Via Varejo, os analistas do BB Investimentos justificam a inclusão por conta da expectativa pela manutenção de melhores resultados no segundo trimestre, citando o fôlego que o setor varejista ganhou com os saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o que injetou mais dinheiro na economia. Além disso, a empresa pode ser beneficiada por notícias vindas do plano de desinvestimento do grupo Pão de Açúcar. Inclusive, a empresa assinou na última quarta-feira (5) um termo de acordo com o Pão Açúcar para regular o pagamento de perdas e danos verificados após a fusão de Casas Bahia e Ponto Frio, abrindo espaço para um possível avanço na venda da Via Varejo.

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Não deixe a estatal do lado de fora

Ficou evidente no levantamento feito pelo InfoMoney a perda de espaço das estatais nas carteiras recomendadas. Pela estreita relação com a administração pública, essas ações são as primeiras a serem lembradas em uma crise política. Mesmo assim, os analistas da Spinelli surpreenderam e colocaram na carteira o banco estatal gaúcho Banrisul (BRSR6).

Apesar de classificarem como “pouco provável” uma privatização neste momento, a corretora destaca que o papel está atrativo em termos de múltiplos, ou seja, consideram que a ação está barata no atual nível de preço. Além disso, afirmam os analistas, a estatal vem apresentando bons resultados nos últimos trimestres, fato que justificaria uma reação das ações.

“Apesar de os fatos, até o momento, indicarem que o Banrisul pode nem mesmo ser adicionado à lista de empresas estatais que terão seu futuro definido pela população do estado através de plebiscito (que deve ocorrer em 2018), uma vez que depende de aprovação de emenda no Congresso estadual do Rio Grande do Sul, vemos um upside interessante para investidores de longo prazo”, avalia a corretora.