Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira no que ficar de olho nesta segunda e na semana antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A primeira sessão do segundo semestre já começa movimentada, com alívio nas bolsas mundiais com os dados da China. Já no Brasil, Michel Temer tem alívios com o resultado da greve geral e decisões do STF, mas também muitos desafios pela frente com denúncia na Câmara e votações de reformas. A agenda econômica da semana também é agitada, com destaque para o IPCA. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

A primeira sessão do segundo semestre é de ganhos para as bolsas europeias. O destaque de ações fica com a companhia francesa Total, que deve assinar hoje um acordo para investir US$ 1 bilhão em um gigantesco campo de gás iraniano, marcando o primeiro grande investimento em anos por uma empresa ocidental no setor de petróleo do Irã. 

Além disso, o ânimo do mercado ocorre em meio à recuperação da atividade industrial na China, que compensa impacto negativo da valorização da moeda americana nos preços das commodities. O setor industrial do gigante asiático voltou a crescer em junho, expandindo no ritmo mais rápido em três meses após contração inesperada em maio, uma vez que as novas encomendas e a produção avançaram em um sinal de recuperação modesta, mostrou nesta segunda-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit.

No mercado de commodities, o petróleo chegou a ter 8ª alta, no mais longo rali do ano, com perfurações nos EUA desacelerando; já nesta sessão, a cotação do barril chegou a cair, mas se mantém perto de US$ 46; metais em Londres sobem com PMI na China e minério de ferro avança em Dalian com aço mostrando margem substancial. 

Às 8h12, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,99%

*FTSE (Reino Unido) +0,31%

*DAX (Alemanha) +0,64% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,08% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,07% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,11% (fechado)

*Petróleo WTI +0,02%, a US$ 48,78 o barril

*Petróleo brent +0,26%, a US$ 48,14 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +3,40%, a 487 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -1,01%, a US$ 64,29 a tonelada

2. Agenda política

Por aqui, apesar do alívio mostrado pelo mercado nos últimos dias, ninguém deixa de olhar para o Congresso. É esperada para terça-feira (4) a votação de pedido de urgência para a reforma trabalhista no Senado, porém, rumores indicam que já houve um acordo com o presidente da Casa, Eunício Oliveira para que a votação da reforma em si ocorra apenas na outra semana.

Se vencer a etapa do pedido de urgência, o governo poderia conseguir que a proposta fosse votada já no dia seguinte. Porém, como a oposição promete obstruir e atrasar todo o processo, há risco de derrota, e por isso, o Planalto achou por bem adiar para a segunda semana de julho. A votação de terça será importante para acelerar o processo e será tratada com extrema importância pelo governo.

Sobre as reformas, o Estadão deste fim de semana informa que, se a votação da reforma da Previdência naufragar no Congresso Nacional, a equipe econômica já trabalha com uma alternativa para cortar despesas e garantir o cumprimento do teto de gastos e a volta de superávits primários nas contas públicas. A ideia é acabar com o pagamento do abono salarial.

Outro ponto importante nesta semana será a defesa do presidente Michel Temer na Câmara sobre a denúncia apresentada contra ele. Após ser notificado na quinta-feira, o peemedebista tem prazo de dez sessões plenárias para apresentar sua defesa. Diversos jornais já afirmaram que ele não pretende usar todo esse prazo, buscando acelerar o processo, mas as discussões sobre o apoio que ele conseguirá na Casa deve ser o principal assunto no Congresso. De acordo com o placar do jornal O Globo, 121 deputados se posicionam a favor da denúncia e 44 estão contra: são necessários 342 votos a favor da denúncia para que ela vá ao STF.

3. Três alívios para Temer

Vale destacar ainda que, em meio a esse cenário de tensão, Temer teve três notícias na última sexta-feira. O ministro do STF Marco Aurélio Mello negou o reiterado pedido do Ministério Público de prisão do senador Aécio Neves, – um dos fiadores da aliança entre o PSDB e o governo de Michel Temer – e o ministro Edson Fachin revogou a prisão preventiva de Rodrigo Rocha Loures, o “homem da mala” e ex-assessor especial do presidente. Essas decisões apontam que o Supremo quer moderar a manutenção das prisões preventivas por tempo indeterminado. Em terceiro lugar, a greve geral com menor adesão do que a anterior, apesar do agravamento da crise política, gerou alívio para o presidente. 

Em relatório, a Barral M. Jorge aponta que a ação do STF fortalece a defesa de Temer. Conforme aponta a consultoria, ao reverter os pedidos do Ministério Público Federal, o Palácio do Planalto tentará aproveitar a oportunidade para deixar claro que o Procurador-Geral [Rodrigo Janot] está passando dos limites e tomando decisões mais severas do que o solicitado pela situação. “A decisão de libertar Rocha Loures também tira a pressão sobre o político de recorrer à delação premiada, o que não impede que seja condenado com o avançar das investigações”, destaca.

4. Agenda econômica da semana

Na semana, a agenda tem como destaque os dados de inflação medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a ser divulgado na sexta-feira (7), às 9h (horário de Brasília). O índice deve ter variação negativa, sendo a primeira deflação do indicador desde junho de 2006 e a menor variação na margem desde agosto de 1998. Outro dado importante para ficar de olho é o de Produção Industrial, na terça-feira às 9h. 

No exterior, a agenda é mais movimentada nos EUA, com destaque para o relatório de emprego na sexta-feira (7) às 9h30, dados muito acompanhados pelos investidores já que têm sido um dos principais números que definem os movimentos do Federal Reserve em relação aos juros no país. 

Outro evento importante neste sentido será a divulgação da ata do Fomc, na quarta-feira (5) às 15h. Na última reunião, os integrantes do Fed elevaram os juros pela segunda vez no ano e mantiveram a projeção para uma nova alta até dezembro. Por fim, importante destacar que o mercado norte-americano ficará fechado na terça-feira por conta do feriado de independência, o que promete reduzir bastante a liquidez na B3.

No resto do mundo, atenção especial para a ata da última reunião do BCE (Banco Central Europeu), com o mercado atento às indicações de mudanças nas políticas adotadas pela autoridade monetária. Na China, por sua vez, a semana terá dados de inflação na sexta-feira às 22h30 e o PMI da indústria já neste fim de semana. Vale destacar ainda o início da reunião do G20 na sexta-feira, onde diversos acordos e novidades envolvendo as maiores potencias do mundo devem ser anunciados. O presidente Michel Temer cancelou na última quarta-feira a sua ida ao encontro.

5. Noticiário corporativo

Na noite da última sexta-feira, a Petrobras reduziu o preço médio da gasolina nas refinarias em 5,9% e em 4,8% o do diesel, à medida que a companhia tenta se defender de importações crescentes de combustíveis pelos competidores. A estatal ainda afirmou que espera aprovação de venda Liquigás dentro do prazo. Ainda sobre estatais, o Conselho da Eletrobras aprovou política de distribuição de dividendos.

Já a TIM informou que concluiu a venda de torres para a American Tower, em um negócio de R$ 2,65 bilhões. Já o CEO da JBS, Wesley Batista, que se manteve no comando da empresa após assinar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, encontrou investidores na última semana em Nova York, disseram pessoas familiares com o assunto à Bloomberg. 

O grupo siderúrgico Gerdau anunciou nesta sexta-feira a venda de 50% de sua participação na Gerdau Diaco, na Colômbia, para a Putney Capital Management, formando uma joint venture no país. Já no radar de recomendações, a  Metal Leve teve sua recomendação cortada para underperform (desempenho abaixo da média) nesta sexta-feira pelo Bradesco BBI, com preço-alvo em R$ 17,00, enquanto a Copasa foi elevada de neutra para compra pelo BTG Pactual.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.