As duas notícias que fizeram o dólar cair 1% e o Ibovespa recuperar os 62 mil pontos

Apesar de não ter muita força, índice encerrou o pregão próximo da máxima do dia com investidores de olho na reforma trabalhista em Comissão do Senado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Embalado pela alta das commodities no mercado internacional e por uma expectativa positiva pela reforma trabalhista em Comissão do Senado, o Ibovespa voltou a registrar ganhos nesta quarta-feira (28). Ajudaram a puxar o índice os papéis da Vale e das siderúrgicas, que subiram mais de 3% e lideraram os ganhos do dia após a alta de mais de 4% do minério.

Com isso, o benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,56%, aos 62.017 pontos, em dia com volume financeiro de R$ 5,786 bilhões. Já o dólar comercial registrou forte queda de 1,01%, cotado a R$ 3,2849 na venda, enquanto o contrato futuro de dólar com vencimento em julho recuou 0,90%, para R$ 3,287.

Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 fecharam com queda de 2 pontos-base, a 8,96%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíram 12 pontos-base, a 10,13%. No radar dos investidores, além da resposta do presidente Michel Temer à denúncia de Rodrigo Janot, o mercado observa a votação do texto da reforma trabalhista em comissão no Senado.

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A sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania em que poderá ser votada a reforma trabalhista deve marcar mais uma queda de braço entre o governo e a dissidência representada pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que na véspera criticou o texto defendido pela base aliada e sinalizou esforços para impor uma nova derrota ao governo na casa legislativa.

Outro ponto que trouxe certo otimismo ao mercado foi o rumor de que o senador Renan Calheiros irá deixar a liderança do PMDB, o que deve trazer um maior alívio ao governo. “A saída de Renan abre caminho para reforma trabalhista passar na CCJ”, afirmou Paulo Petrassi, sócio da Leme Investimentos, para a Bloomberg.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis de Vale (VALE3; VALE5) e Bradespar (BRAP4) — holding que detém participação na mineradora — subiram forte, em continuidade à alta da véspera, em meio à escalada do minério de ferro. Acompanham o movimento as siderúrgicas. Ontem, as ações da CSN (CSNA3) lideraram os ganhos dentro da carteira teórica do índice, com alta de cerca de 6%. 

O minério de ferro spot (à vista) negociado no porto de Qingdao, na China, subiu 4,40%, a US$ 62,33 a tonelada, enquanto os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian avançaram 3,15%, a 458 iuanes.

No radar, após a aprovação da reestruturação societária em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada ontem, a Vale comunicou o início do prazo de 45 dias para conversão das ações PNA em ON. Os acionistas poderão fazer a solicitação da conversão até o dia 11 de agosto. Em aviso aos acionistas, a mineradora lembra que a implementação da conversão voluntária depende da adesão de 54,09% das ações PNA. Os acionistas vão receber 0,9342 ação ON para cada ação PNA.

Vale destacar que, segundo os jornais Valor Econômico e Folha de S. Paulo, a fusão Kroton-Estácio será rejeitada hoje pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Segundo o Valor, pelo menos quatro dos sete conselheiros do órgão antitruste votarão contra o negócio. Apenas a relatora do caso, Cristiane Alkmin, é a favor da fusão, ainda assim com a exigência da venda de vários ativos. Os votos dos dois novos conselheiros só serão conhecidos durante a sessão. Porém, mesmo que sejam favoráveis à operação não mudariam o resultado. 

Ontem a Kroton (KROT3) confirmou, por meio de comunicado, que estudava retirar de forma provisória o processo de fusão do Cade, além de suspender a venda de ativos para atender às exigências da autarquia antitruste. Porém, segundo o Valor, a tentativa foi fracassada. A Estácio (ESTC3) alegou que um acordo nesse sentido dependeria de aprovação pela assembleia de acionistas ou do pagamento de multa rescisória de R$ 150 milhões.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,96 +6,44 +3,33 96,20M
 KROT3 KROTON ON 14,16 +5,67 +7,71 238,95M
 CMIG4 CEMIG PN 8,27 +4,68 +10,19 71,08M
 ELET3 ELETROBRAS ON 12,65 +4,55 -40,10 33,62M
 BRAP4 BRADESPAR PN 20,66 +4,45 +42,56 94,49M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPLE6 COPEL PNB 24,43 -2,55 -7,26 13,41M
 QUAL3 QUALICORP ON 29,08 -1,79 +54,43 71,30M
 RADL3 RAIADROGASILON EJ 70,40 -1,39 +15,60 79,86M
 BRFS3 BRF SA ON 38,81 -1,37 -19,56 74,83M
 FIBR3 FIBRIA ON 33,05 -1,17 +6,18 44,74M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 26,75 +2,02 491,82M 529,41M 27.830 
 PETR4 PETROBRAS PN 12,08 -1,06 380,15M 517,83M 31.745 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 36,15 -0,03 275,01M 358,73M 20.735 
 VALE3 VALE ON 28,79 +3,12 243,64M 146,65M 14.642 
 KROT3 KROTON ON 14,16 +5,67 238,95M 135,84M 24.199 
 BBDC4 BRADESCO PN 27,52 +0,84 204,54M 269,25M 17.426 
 ABEV3 AMBEV S/A ON ED 18,30 +0,05 160,34M 301,23M 16.943 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,78 -0,96 130,41M 126,66M 11.590 
 BBAS3 BRASIL ON 26,39 +1,11 125,81M 218,42M 12.464 
 GGBR4 GERDAU PN 10,27 +3,01 108,94M 85,58M 14.535 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Crise Política
A crise política segue no radar, com o mercado de olho na repercussão do discurso de Michel Temer, na tarde de ontem, em que ele contestou a denúncia apresentada e criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável pela denúncia levada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No discurso, Temer afirmou que sua “preocupação é mínima” com a denúncia e classificou a peça do PGR como uma “obra de ficção”. Em nota à imprensa, Janot afirmou que cumpre “à risca o comando constitucional” e que ninguém está acima da lei. Na manifestação, ele diz ainda que a denúncia apresentada contra Temer é composta por provas colhidas durante à investigação e segue a tramitação prevista na Constituição. Conforme informa o jornalista Raymundo Costa, do jornal Valor Econômico, a estratégia de fatiamento das denúncias por Janot liquida reforma da Previdência.

Vale destacar que o subprocurador-geral da República Nicolao Dino foi o nome mais votado pelos integrantes do Ministério Público Federal para comandar a Procuradoria-Geral da República a partir de setembro, quando Janot deixará o cargo. Dino recebeu 621 votos e vai compor uma lista tríplice ao lado dos subprocuradores-gerais Raquel Dodge, que teve 587 votos, e Mario Bonsaglia, que recebeu 564 votos.Segundo jornais, Dino, preferido de Janot, não deve ser o indicado por Temer, que teria preferência por Raquel e Bonsaglia. 

Reforma trabalhista e terceirização

Nesta quarta, haverá a votação da reforma trabalhista na CCJ do Senado; a votação em plenário deve ser no começo de julho. Na semana passada, o governo teve uma derrota inesperada na CAS, que derrotou o parecer do relator por 10 votos a 9 e, agora, está mais atento para conseguir uma vitória na votação de hoje.

Sobre as questões econômicas, mais uma contrariedade entre Janot e Temer. O procurador-geral da República ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a lei da terceirização. Ele argumenta que há inconstitucionalidade na recente mudança de regras do mercado de trabalho e pede a suspensão das novas regras. A documentação foi recebida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Gilmar Mendes será o relator do caso.

No pedido, Janot argumenta que houve descumprimento de um pedido do Executivo de retirada da pauta do projeto de lei que serviu de base para a lei da terceirização. O procurador-geral avalia ainda que a terceirização da atividade fim e a ampliação dos contratos temporários violam o regime constitucional de “emprego socialmente protegido” e outros itens da Constituição.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.