Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quarta-feira

Confira no que ficar de olho nesta quarta-feira antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Nesta quarta-feira, o mercado acompanha de perto a votação do texto da reforma trabalhista na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no Senado, em um novo teste para Michel Temer, em meio à guerra aberta entre ele e o procurador-geral, que leva a um cenário mais sombrio para as reformas econômicas. No exterior, o sentimento é de cautela após o Senado dos EUA adiar a votação do projeto para alterar o sistema de saúde, além de ficar de olho no petróleo e discurso dos dirigentes do BC. No noticiário corporativo brasileiro, destaque para o julgamento do Cade sobre a fusão Kroton-Estácio. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

A sessão é de queda para os principais índices mundiais, com a Europa seguindo a forte baixa do Nasdaq na véspera. O índice liderou uma queda mais ampla em Wall Street na última terça-feira, com as ações recuando mais acentuadamente depois que a votação do projeto para alterar o sistema de saúde foi adiada no Senado dos Estados Unidos, levantando novas questões sobre a agenda doméstica do presidente Donald Trump. Além disso, as bolsas europeias digerem os discursos mais “hawkishs” (duros) dos dirigentes de bancos centrais. Após fala de Mario Draghi que afetou mercados ontem, Janet Yellen, chairwoman do Fed, disse que os múltiplos dos ativos parecem valiosos e sinalizou que a economia dos EUA pode suportar juros mais altos. Hoje, Draghi fala novamente a partir das 10h30. 

Na Ásia, os principais índices acionários da China caíram, com as declarações do primeiro-ministro, Li Keqiang, levantando preocupações sobre desaceleração econômica e aperto regulatório. A China é capaz de atingir sua meta de crescimento para o ano e controlar os riscos sistêmicos apesar dos desafios, disse Li na terça-feira, acrescentando que a manutenção do crescimento no longo prazo com velocidade média a alta não será fácil. Li disse que Pequim tem tomado medidas para identificar e resolver os riscos financeiros, indicando que regulações financeiras e condições de liquidez apertadas podem continuar conforme Pequim avança nos esforços de desalavancagem.

No mercado de commodities, o petróleo interrompe série de quatro dias de ganhos após API indicar alta de estoques nos EUA e à espera de novos dados a serem revelados às 11h30. Já o minério tem forte valorização em Qingdao e Dalian.

Às 8h00, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,29%

*FTSE (Reino Unido) 0%

*DAX (Alemanha) -0,51% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,61% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,54% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,47% (fechado)

*Petróleo WTI -0,34%, a US$ 44,10 o barril

*Petróleo brent -0,06%, a US$ 46,62 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +3,15%, a 458 iuanes

*Minério de ferro spot negociado no porto de Qingdao  +4,40%, a US$ 62,33 a tonelada

2. Crise política

A crise política segue no radar, com o mercado de olho na repercussão do discurso de Michel Temer na tarde de ontem, em que ele  contestou a denúncia apresentada contra ele e criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável pela denúncia levada ao Supremo Tribunal Federal (STF). No discurso, Temer afirmou que sua “preocupação é mínima” com a denúncia e classificou a peça de Janot como uma “obra de ficção”. Em nota à imprensa, Janot afirmou que cumpre “à risca o comando constitucional” e que ninguém está acima da lei. Na manifestação, ele diz ainda que a denúncia apresentada contra Temer é composta por provas colhidas durante à investigação e segue a tramitação prevista na Constituição. Conforme informa o Valor, a estratégia de fatiamento das denúncias por Janot liquida reforma da Previdência, diz colunista Raymundo Costa, do Valor. 

Vale destacar que o subprocurador-geral da República Nicolao Dino foi o nome mais votado pelos integrantes do Ministério Público Federal para comandar a Procuradoria-Geral da República a partir de setembro, quando Janot deixará o cargo. Dino recebeu 621 votos e vai compor uma lista tríplice ao lado dos subprocuradores-gerais Raquel Dodge, que teve 587 votos, e Mario Bonsaglia, que recebeu 564 votos.Segundo jornais, Dino, preferido de Janot, não deve ser o indicado por Temer, que teria preferência por Raquel e Bonsaglia. 

3. Reforma trabalhista e terceirização

Nesta quarta, haverá a votação da reforma trabalhista na CCJ do Senado; a votação em plenário deve ser no começo de julho. Na semana passada, o governo teve uma derrota inesperada na CAS, que derrotou o parecer do relator por 10 votos a 9 e, agora, está mais atento para conseguir uma vitória na votação de hoje. 

Sobre as questões econômicas, mais uma contrariedade entre Janot e Temer.  O procurador-geral da República ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a lei da terceirização. Ele argumenta que há inconstitucionalidade na recente mudança de regras do mercado de trabalho e pede a suspensão das novas regras. A documentação foi recebida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Gilmar Mendes será o relator do caso.

No pedido, Janot argumenta que houve descumprimento de um pedido do Executivo de retirada da pauta do projeto de lei que serviu de base para a lei da terceirização. O procurador-geral avalia ainda que a terceirização da atividade fim e a ampliação dos contratos temporários violam o regime constitucional de “emprego socialmente protegido” e outros itens da Constituição.

4. Agenda econômica

Às 9h, o IBGE divulgará os dados da indústria de transformação e às 10h30, será revelada a Nota do Banco Central de política monetária e operação de crédito. Às 12h30, será divulgado o fluxo cambial semanal. 

Já nos EUA, atenção para os estoques semanais de petróleo às 11h30. Antes disso, atenção aos dados da balança comercial de maio e estoques no atacado. Às 11h, serão divulgados os dados de vendas pendentes de moradias de maio. Já John Williams, do Fed de San Francisco, faz pronunciamento.

5. Noticiário corporativo

O destaque da sessão desta quarta-feira fica para o julgamento no Cade da fusão Kroton-Estácio que, segundo a Folha e o Valor, deve ser reprovada. Atenção ainda para a Petrobras: o CEO da companhia, Pedro Parente, entregou defesa à CVM sobre republicação de balanços. Ele ainda informou que a estatal pode voltar a renováveis no médio/longo prazo. Ainda em destaque, a CVM suspende OPA para cancelamento de registro do Indusval e a Cemig recebe oferta da State Power pela UHE Santo Antônio. No radar de recomendações, o Bradesco teve a recomendação elevada a outperform por Scotiabank, com preço-alvo de R$ 29.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil) 

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.