Com atual crise, XP revisa cenários para bolsa, dólar e juros e vê Ibovespa subindo 25% até 2018

Equipe de analistas da corretora projeta um cenário mais pessimista, com dificuldades para aprovação das reformas trabalhista e da Previdência

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Passado mais de um mês do estouro da nova crise política brasileira, com as confirmações de que o cenário se tornou muito mais complicado para o governo (vide a derrota da reforma trabalhista na Comissão do Senado), a XP Investimentos decidiu revisar seu cenário para bolsa, dólar, inflação e juros.

“Seguimos otimistas com a queda de juros, uma inflação mais controlada, mas vemos as Reformas mais desidratadas. Esses fatores abrem espaço para impactar o preço de alguns ativos brasileiros”, disse a corretora em relatório nesta terça-feira (27).

Para o Ibovespa, os analistas revisaram para baixo as projeções diante da instabilidade política instalada no governo com as acusações de corrupção envolvendo o presidente Michel Temer. Apesar disso, eles acreditam que o índice ainda tem potencial para leves ganhos nos próximos meses.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Ainda enxergamos oportunidades interessantes na Bolsa, com empresas sendo negociadas a múltiplos baixos e que reportaram resultados muito interessantes no primeiro trimestre de 2017”, ressalta a equipe da XP. Eles reforçam o cenário de juros mais baixos com a inflação também em queda, enquanto no exterior, países “concorrentes” como México, Turquia e África do Sul seguem com muita instabilidade, o que favorece o Brasil.

De acordo com a XP, o Ibovespa negocia hoje a 11,7x P/E, enquanto que a média do índice nos últimos 4 anos é de 11,8x. “Porém, com a melhora econômica, crescimento do PIB (a partir do segundo semestre de 2017), taxa de juros menores, crédito retornando, e a aprovação das reformas, acreditamos que o Índice possa fechar o ano de 2017 sendo negociado a 12,5x P/E”, afirmam. Neste cenário, o índice iria para 66.240 pontos, o que representa um upside de 7% ante os níveis atuais.

Já no longo prazo, caso o cenário se mantenha o mesmo projetado e com o Ibovespa negociando a 12,5x P/E no final de 2018, os analistas apontam que o índice poderia atingir os 77.500 pontos, um upside de 25% em quase 18 meses.

Continua depois da publicidade

Dólar
No câmbio, a XP ainda vê uma valorização maior do dólar frente as principais moedas do mundo, mas essa alta deve ser lenta e gradual. A equipe de analistas ainda não descarta que o Federal Reserve eleve os juros mais uma vez nos Estados Unidos este ano. Por outro lado, o cenário de desconfiança com Trump evita que a moeda americana suba com mais força.

No âmbito interno, a XP prevê uma pressão maior de desvalorização do real, por conta da menor perspectiva de aprovação de reformas que ajudem a reequilibrar a situação fiscal brasileira. Também pesa o Banco Central, que seguirá com novos cortes de juros, em ritmo mais elevado, o que desvaloriza o real.

Para a equipe da corretora, o cenário base de desvalorização do real coloca o câmbio em R$ 3,30 no fim deste ano. Porém, em um cenário onde as reformas surpreendam de forma positiva, poderia levar a moeda a fechar 2017 em torno de R$ 3,00. Por outro lado, caso as reformas tenham um resultado decepcionante, o câmbio pode retornar para patamares próximos de R$ 3,70.

Juros e inflação
“Após diversos anos com a inflação ficando próximo ao limite do teto da meta, 6,5%, e tendo estourado este limite em 2015 com o IPCA em 10,67%, deveremos ter em 2017 o Banco Central entregando uma inflação abaixo do centro da meta, 4,50%”, avaliam os analistas da XP.

Em um cenário pessimista, o IPCA deve ficar levemente acima de 5%, o que, segundo os analistas, “já demonstra um trabalho bem feito na retomada do controle da inflação, visto que em menos de 2 anos o indicador voltará a rondar seu objetivo”. Com isso, a projeção é que a Selic chegue em um dígito ainda este ano.

Os analistas, diante de um cenário externo favorável e uma inflação muito controlada, acreditam que há espaço para mais de 200 pontos percentuais de cortes. “Enxergamos essa taxa caminhando naturalmente para 8,00% ao final do ano, e podemos traçar ainda um cenário otimista, no qual a taxa chegaria em 7,50%”, avaliam. Em um cenário negativo, a taxa básica de juros atingiria 9,25%.

Já para a inflação, a projeção da equipe da XP é de um resultado abaixo do centro da meta esta ano, em 3,5%. Um quadro otimista seria uma inflação no limite inferior em 3,0%, enquanto para uma visão mais pessimista, a inflação reagiria além do esperado e terminaria o ano no centro da meta em 4,5%

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.