Mercado deixa política “de lado” e Ibovespa tem melhor pregão pós-delação da JBS

Índice sobe quase 2% e tem a maior alta desde 19 de maio; DIs despencam após relatório Focus e dólar cai para R$ 3,30

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Consolidando o movimento de alta iniciado pela manhã, o Ibovespa fechou esta segunda-feira (26) praticamente na máxima do dia, subindo quase 2%. O mercado é favorecido pela queda dos juros futuros após o último Relatório Focus sugerir que há espaço para a manutenção do ritmo de cortes da Selic pelo Copom. 

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 1,80%, aos 62.188 pontos, em seu melhor pregão desde 19 de maio, um dia após o estouro da crise com as delações da JBS. O volume financeiro ficou em R$ 5,740 bilhões. O dólar comercial recuou 1,13%, cotado a R$ 3,3015 na venda, ao passo que o contrato futuro do dólar com vencimento em julho recuou 1,22%, para R$ 3,307.

Os juros futuros com vencimento em 2019 fecharam em baixa de 8 pontos, negociados a 8,96%, enquanto com vencimento em 2021 recuaram 10 pontos, aos 10,18%, em virtude do último Relatório Focus. O documento apontou uma nova redução nas projeções para inflação e para o PIB, reforçando que o Banco Central tem espaço para seguir com o processo de redução da Selic a fim de retomar a atividade econômica. 

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Na visão de Paulo Petrassi, sócio da Leme Investimentos, “o Relatório Focus foi muito bom” e teve como grande destaque a expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano, que ficou abaixo de 3,5%. A nova sinalização de queda para a inflação favorece os rumores de que o CMN (Conselho Monetário Nacional) reduzirá a meta de inflação para 2019 na reunião de quinta-feira (29).

Segundo informações da Bloomberg, Michel Temer quer que a meta de inflação para 2019 seja ajustada para 4% em vista do bom comportamento da inflação, mas, na visão de Petrassi, o CMN optará por reduzir para 4,25%, tendo em vista a “situação dramática do fiscal”, que ainda está longe de ser solucionada. Por conta do caos político, a agenda de reformas segue em banho-maria e isso é um grande risco para as contas do governo. Na visão sócio da Leme Investimentos, o cenário político ainda bastante adverso limita o fechamento da curva de juros.

Cenário político em foco

Como de praxe, os investidores também acompanham de perto a cena política brasileira, com a última pesquisa do Datafolha apontando que o nível de aprovação do governo de Michel Temer caiu ao menor índice para um governo federal em 28 anos, assim como na expectativa pelas das denúncias de Rodrigo Janot contra o presidente e a sentença condenatória ao ex-ministro Antonio Palocci. Todas as notícias estão no radar político.

Há fortes rumores de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá apresentar três denúncias contra Temer nesta semana, o que deverá aumentar a tensão na política. Segundo a revista Época, a primeira, de corrupção passiva, deverá ser apresentada já nesta segunda-feira (26). Por conta disso, a tendência agora é que o governo priorize a defesa do presidente e a ideia é reunir os votos na Câmara para conseguir derrubar as denúncias, o que, por consequência, fará com que as reformas, em especial a da Previdência, sejam deixadas para depois.

Com a denúncia prestes a acontecer, Temer reuniu aliados no último domingo para traçar estratégia, enquanto líderes da base aliada na Câmara dos Deputados afirmaram ao Estadão não ser possível assegurar a rejeição da denúncia contra o presidente. Segundo Janot, não há dúvida de que Michel Temer cometeu crime de corrupção e sugeriu que a manutenção dele no poder contribui para a continuidade do cometimento de crimes.

O ex-ministro Antonio Palocci foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 12 anos e 2 meses de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. Sobre isso, o juiz federal Sergio Moro, responsável pela operação Lava Jato na primeira instância, criticou indiretamente a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, por tirar de seu pode de atuação alguns processos da operação.

Para finalizar, em nota assinada por Gleisi Hoffmann, o PT afirmou que a “condenação de Lula [no caso do tríplex do Guarujá] teria como único objetivo afastá-lo das eleições de 2018”, dando uma resposta ao editorial do jornal Folha de São Paulo desta segunda-feira.

Datafolha 

Em meio à crise política, o Datafolha do último final de semana mostrou que a aprovação ao governo do presidente Michel Temer caiu ao menor índice para um governo federal em 28 anos. Segundo o levantamento, apenas 7% dos entrevistados consideraram o governo Temer ótimo ou bom. É o menor nível desde os 5% obtidos por José Sarney em 1989.

Já nesta segunda-feira, a pesquisa mostrou que Lula lidera com 30%, seguido por Bolsonaro, 16%, e Marina, 15%, em cenário com Alckmin pelo PSDB; no cenário com Dória, Lula teria 30%, Marina e Bolsonaro têm 15% cada, e Doria 10%. Conforme destacou o gestor da Verde Asset Luis Stuhlberger na Expert 2017, caso possa competir, Lula estará no segundo turno – e trará emoções ao mercado (veja mais clicando aqui). 

Já sobre a Lava Jato, o jornal Folha de S. Paulo destaca que a força-tarefa da Operação está apreensiva com o impacto da delação no sistema financeiro e estuda uma forma de, ao contrário do que ocorreu com as empreiteiras, preservar as instituições e os empregos que geram (veja mais clicando aqui).

Destaques da bolsa
Na ponta positiva do mercado, o destaque fica por conta das ações do setor siderúrgico, que seguem reagindo positivamente ao aumento do preço do aço anunciado pela Usiminas na semana passada, além do setor bancário, que reage ao movimento de queda dos últimos dias e impulsiona o Ibovespa.

Do lado negativo, entre as poucas quedas do dia, destaque para as ações da Embraer, que recuaram na esteira da forte queda do dólar comercial. Entre as perdas, destaque ainda para as educacionais Kroton e Estácio, em meio ao debate sobre a união entre as duas.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BBAS3 BRASIL ON 26,97 +5,85 -2,76 248,27M
 BBDC4 BRADESCO PN 27,60 +4,51 +5,01 400,56M
 USIM5 USIMINAS PNA 4,38 +4,29 +6,83 70,46M
 CYRE3 CYRELA REALTON 10,52 +4,06 +3,17 14,60M
 BBDC3 BRADESCO ON 27,22 +3,42 +3,05 20,04M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 15,40 -1,79 -0,84 23,92M
 EMBR3 EMBRAER ON 15,55 -1,77 -1,72 53,03M
 QUAL3 QUALICORP ON 30,11 -1,76 +59,90 75,78M
 NATU3 NATURA ON 26,12 -1,62 +14,05 36,50M
 KROT3 KROTON ON 13,83 -1,43 +5,20 60,92M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 12,27 +2,85 516,68M 547,05M 37.804 
 BBDC4 BRADESCO PN 27,60 +4,51 400,56M 261,50M 23.057 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 36,49 +2,82 359,03M 404,48M 23.491 
 VALE5 VALE PNA 25,75 +1,50 291,68M 526,33M 22.241 
 BBAS3 BRASIL ON 26,97 +5,85 248,27M 224,59M 20.300 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,39 +2,81 198,25M 135,19M 17.038 
 ABEV3 AMBEV S/A ON ED 18,27 +1,05 136,11M 290,89M 17.766 
 ITSA4 ITAUSA PN 8,90 +2,65 122,32M 130,87M 32.674 
 SMLE3 SMILES ON 61,00 +0,02 117,24M 44,22M 3.103 
 VALE3 VALE ON 27,47 +0,84 110,30M 139,42M 14.207 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.