Venda da Light pela Cemig pode atrair Enel, Equatorial e chineses, dizem analistas

Analistas do BTG e Credit Suisse avaliam o futuro do setor de energia

Reuters

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Uma possível venda da elétrica Light por sua controladora, a estatal mineira Cemig, deverá atrair interesse de grandes investidores internacionais presentes no Brasil, como a italiana Enel e a chinesa State Grid, além de grupos locais, como a Equatorial, segundo analistas.

A Cemig pretendia inicialmente negociar apenas a unidade de geração da Light, mas seu Conselho de Administração aprovou nesta semana a venda da totalidade da participação na empresa, que abrange também um braço de distribuição, responsável pelo fornecimento na região metropolitana do Rio de Janeiro.

A iniciativa faz parte de um programa de desinvestimentos da Cemig para reduzir dívidas, e especialistas apontam que a inclusão dos ativos de distribuição no pacote elevam a atratividade da Light, mesmo com a complicada situação da empresa, que não recebe por 37,5 por cento da eletricidade que distribui no mercado de baixa tensão, em parte devido a enormes volumes de furtos de energia em favelas.

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“É um mercado complicado, mas é um mercado grande. A vantagem dos problemas é que geram um potencial de ganhos se você tem uma empresa com postura mais agressiva e com caixa para investir e resolver”, disse à Reuters nesta sexta-feira o diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego.

Ele apontou como possíveis interessados na Light a Enel, que controla a Enel Distribuição Rio (ex-Ampla), que atende outra parte do Estado do Rio de Janeiro, incluindo Niterói, e poderia ter ganhos com sinergias.

Ele também citou a brasileira Equatorial e a chinesa State Grid, controladora da CPFL Energia, como eventuais concorrentes na disputa pela Light.

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Analistas do BTG Pactual mostraram opinião semelhante em um relatório na quinta-feira.

“Nós acreditamos que a Equatorial e a Enel poderiam ser potenciais compradoras da fatia da Cemig. A Equatorial porque já demonstrou interesse no passado”, afirmaram.

O BTG avalia inclusive que acionistas minoritários da Light poderiam decidir continuar na empresa, sem exercer direito de tag along, no caso de compra pela Equatorial, que é vista pelo mercado como especialista em recuperar operações degradadas na área de distribuição.

Para analistas do Credit Suisse, a perspectiva de venda da Light como um todo deve ser muito mais bem vista pelo mercado que a alienação apenas dos ativos de geração, embora ressaltem que a empresa tem seus problemas.

“Dado o enorme tamanho dos desafios em suas operações, não acreditamos que haverá muitos compradores estratégicos querendo pagar um prêmio alto pelas ações”, aponta o relatório do banco.

 

DEMONSTRAÇÕES DE INTERESSE

O presidente da Enel já disse em mais de uma ocasião que busca ativos de energia no Brasil, incluindo em distribuição, mesmo após a companhia comprar no ano passado a estatal goiana Celg-D junto à Eletrobras por 2,2 bilhões de reais.

Já a Equatorial, que tem como principais acionistas Squadra Investimentos, Opportunity e BlackRock, tem no histórico a recuperação da lucratividade em distribuidoras praticamente quebradas, compradas pela empresa por 1 real, como a Cemar, do Maranhão, e Celpa, do Pará.

A Equatorial já chegou a ser co-controladora da Light, e no ano passado o presidente do Conselho da empresa, Firmino Sampaio, disse que teria interesse em comprar a Light, mas apenas para ser controladora da elétrica.

Do lado dos chineses, a State Grid tem investido fortemente no Brasil nos últimos anos, e recentemente fechou a compra do controle da CPFL Energia, líder no mercado local de distribuição.

Procurada, a Enel disse que “tem olhado o mercado de eletricidade do Brasil como um todo, mas não comentará ativos específicos.” Equatorial e State Grid não responderam de imediato a um pedido de comentário.