Carnes brasileiras fora dos EUA, luta do BNDES contra irmãos Batista, IPO da BR Distribuidora e mais 9 notícias

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (23) na B3

Marcos Mortari

Preço da carne bovina foi destaque de alta no mês

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SÃO PAULO – Assim como o noticiário político é movimentado, o radar corporativo traz uma avalanche de informações que devem impactar no desempenho das ações neste pregão na B3. Confira os principais destaques do radar das empresas nesta sexta-feira:

Frigoríficos

Preocupado com a qualidade do produto, os Estados Unidos anunciaram a suspensão de toda a importação de carne bovina “in natura” brasileira. Segundo o departamento de agricultura norte-americano, 11% de todo o produto dessa categoria foi barrada por “preocupações com a saúde pública, condições sanitárias e problemas com a saúde dos animais”. A decisão gerou preocupação nas companhias do setor e deve pesar sobre o desempenho das ações logo no início do pregão.

A Marfrig (MRFG3) disse que está tomando providências para atender os Estados Unidos, ao passo que JBS (JBSS3) disse que não iria comentar. O ministro da Agricultura Blairo Maggi disse que o governo buscará reverter a decisão tomada pelos norte-americanos. No comunicado, os EUA reconhecem que as autoridades brasileiras já começaram a lidar com o problema.

JBS (JBSS3)
Ainda no noticiário do setor, fontes ouvidas pela Bloomberg disseram que a JBS está perto de assinar um acordo de renegociação de dívida com seus bancos credores no Brasil incluindo cerca de R$ 22 bilhões de sua dívida total. Nele, a companhia aceitaria fazer um pagamento antecipado em média de 10% da dívida renegociada em troca do alongamento por 12 meses do vencimento da dívida, que tem duração média de 18 meses, disseram as pessoas, que pediram para não ser identificadas porque as discussões são privadas.

De acordo com essas fontes, a companhia também teria se comprometido a reduzir a relação dívida/Ebitda de 4,2 vezes para 3 vezes em dois anos. Entre os cinco maiores credores, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander e Bradesco já teriam aceitado as condições apresentadas, ao passo que o Itaú Unibanco quer um pagamento antecipado maior do que 10%. A JBS informou que “todos os compromissos firmados com os bancos seguem em linha com o que foi pactuado e não há débitos pendentes”.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o BNDESpar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, pediu a convocação de assembleia de acionistas da JBS na qual pedirá o afastamento definitivo da família Batista da direção e do conselho de administração da empresa, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto do assunto. Os minoritários na empresa também pretendem cobrar uma indenização da controladora J&F, holding da família que controla a JBS, por prejuízos causados pelos Batista à empresa.

Uma carta do banco já foi enviada à JBS solicitando a convocação de uma assembleia extraordinária para os próximos dias. A medida tem o aval e o apoio dos demais minoritários da JBS, disse uma das fontes. O banco de fomento tem 21,3 por cento de participação na empresa.

Ainda segundo o jornal, um pedido de recuperação judicial é apontado por especialistas que acompanham o caso da JBS como uma alternativa para os irmãos Batista protegerem o patrimônio das empresas do grupo J&F. Esse seria um “plano B” à venda de ativos a toque de caixa, que não avança no ritmo desejado. 

Petrobras (PETR3; PETR4)
A diretoria da companhia espera apresentar em julho ao conselho de administração da companhia proposta de estudos para a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da BR Distribuidora, disse nesta quinta-feira o presidente da estatal, Pedro Parente, acrescentando que essa seria, na avaliação dele, a melhor forma de proporcionar mais valor à companhia. “Achamos que temos condições de mercado que são extremamente favoráveis, com múltiplos que são atraentes, para que a empresa considere esta medida”, disse Parente a jornalistas.

Ainda no radar da estatal, o diretor da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) Aurélio Amaral, disse que o governo federal está estudando uma maneira de retirar da Petrobras a responsabilidade de incentivar o consumo residencial de Gás Liquefeito de Petróleo. Atualmente, a resolução 4/2005 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) determina que o GLP em embalagens de até 13 kg, para uso residencial, deverão seguir preços diferenciados e inferiores aos praticados para outras embalagens, vendidos principalmente para os segmentos industrial e comercial. Segundo Amaral, a atual resolução dificulta a atração de investidores para o setor.

Por fim, a companhia informou o mercado que a subsidiária integral Petrobras Global Finance concluiu a liquidação financeira do resgate antecipado dos títulos 2,750% Global Notes, 5,875% Global Notes e 4,875% Global Notes, todos com vencimento em 2018. Segundo o comunicado, o valor total do resgate foi equivalente a aproximadamente US$ 1,84 bilhão.

Usiminas (USIM5)
A siderúrgica informou o mercado que o processo de renegociação da dívida está suspenso, “em virtude do
entendimento da Companhia de que a realização da Oferta de Permuta não é vantajosa nas atuais condições de mercado”. A Usiminas havia assumido o compromisso de pagar 50% do valor das notas em janeiro de 2018 e renegociar os 50% restantes por meio da oferta de permuta.

“Diante da decisão de não realizar a oferta de permuta neste momento, a companhia está em negociações com os credores com vistas a obter dispensa à obrigatoriedade de realização da Oferta de Permuta, tendo já recebido uma manifestação preliminar de consentimento por parte dos Bancos Brasileiros, a qual está condicionada à obtenção dos mesmos consentimentos por parte dos Bancos Japoneses e dos Debenturistas”, dizia o comunicado.

Na noite de quinta-feira, a companhia comunicou que celebrou com a Thyssenkrupp CSA Siderúrgica do Atlântico memorando de entendimentos que estabelece as bases comerciais para a compra de placas de aço da CSA pela Usiminas, para fornecimento da Usina de Cubatão (SP). A companhia informou ainda que o memorando não requer exclusividade e terá validade de 60 meses, a contar de 30 de junho.

Oi (OIBR4)
A companhia vai iniciar, a partir de segunda-feira (26), um programa para acordo com credores. Segundo comunicado, o programa prevê a antecipação de 90% do valor objeto ao credor cujo crédito foi menor ou igual a R$ 50 mil. A antecipação será feita mediante a aceitação do acordo pelo credor no prazo e nas condições previstos no programa. O credor com crédito superior a R$ 50 mil também terá direito de participar do programa e vai receber uma antecipação desse mesmo valor, também pela aceitação do acordo no prazo previsto.

Ainda no noticiário da Oi, a Pharol (antiga Portugal Telecom), um dos principais acionistas da companhia, vai apoiar um eventual aumento de capital na companhia, mas ainda não definiu se irá participar desse processo, informou ao Estadão/Broadcast o presidente da empresa portuguesa, Luís Palha da Silva. A tele estuda incluir a capitalização de até R$ 8 bilhões no processo de recuperação judicial. O tema foi tratado na quarta-feira na reunião do conselho, mas não houve definições sobre o assunto, segundo fontes. O executivo destacou que ainda é prematuro falar em aderir à capitalização. Já Tanure pretende manter a sua posição na companhia.

Gol (GOLL4)
Empresa concluiu na quinta-feira a expansão internacional de seu acordo de compartilhamento de voos, conhecido como codeshare, com a Air France-KLM e novos voos que ligam o Uruguai à Europa. Os trechos são operados por aeronaves da brasileira no trecho de Montevidéu até São Paulo ou Rio de Janeiro, e seguem em jatos da Air France KLM para cidades da Europa, disponibilizadas pela parceria entre as empresas.

Lojas Americanas (LAME4)
O conselho de administração da Lojas Americanas aprovou nesta quinta-feira a terceira emissão de notas promissórias comerciais, em série única, da companhia no valor de R$ 900 milhões.

(com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.