Projeções do BC derrubam juros apesar tom moderado; Bolsa supera 61 mil pontos

Juros respondem a novas sinalizações do Banco Central, enquanto índice ensaia sessão de recuperação

Marcos Mortari

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Após uma sessão volátil e fechamento estável na véspera, a quinta-feira (22) é para o Ibovespa, com os investidores atentos à agenda política nacional e a indicadores como o Relatório Trimestral de Inflação, que apresentou revisão para baixo nas projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano, mas reiterou preocupação com a agenda de reformas do governo. Às 12h38 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 0,73%, a 61.202 pontos, puxado sobretudo pelas ações de Petrobras e companhias dos setores elétrico e educacional.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 recuavam 4 pontos-base, a 8,97%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 operavam estáveis, a 10,15%. No radar dos investidores, destaque para o recuo das projeções do Banco Central para a evolução dos preços, conforme mostrou o Relatório Trimestral da Inflação divulgado nesta manhã. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em julho deste ano caíam 0,10%, sinalizando cotação de R$ 3,334. O dólar comercial, por sua vez, operava estável, a R$ 3,3327 na venda.

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Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da JBS (JBSS3) são destaque de queda. No noticiário da companhia, chama atenção a notícia de que a companhia pode vender a Five Rivers em partes, uma vez que os operadores do mercado de ração bovina não estarão em condições de comprar a unidade como uma única entidade, afirmou Steve Kay, editor da publicação Cattle Buyers Weekly. A processadora de carnes pode conseguir preço entre US$ 175 e US$ 237 por cabeça de gado.

Já o jornal O Globo conta que há uma articulação em marcha, puxada por sócios minoritários, para tirar os irmãos Joesley e Wesley Batista da gestão da empresa. Fundos americanos envolvidos na operação não estariam se desfazendo de posições por acreditarem no futuro da companhia sem a dupla. Além disso, a publicação destaca que, pressionada pela reação de consumidores e parceiros comerciais após a delação de seus controladores, a JBS pôs em prática uma contraofensiva para manter a oferta de seus produtos nas gôndolas e preservar o valor do negócio. Conta o mesmo jornal que a companhia tem negociado individualmente com seus principais parceiros para evitar cancelamento de compras.

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) sobem acompanhando os preços do petróleo no mercado internacional, que se recuperam após sequência de fortes quedas nos últimos dias. A commodity registra seu pior primeiro semestre desde 1997.

Ainda no radar das empresas, destaque para a aprovação, pelo conselho de administração da Cemig (CMIG4), da alienação da totalidade da participação na Light (LIGT3). A aprovação ocorre após a elétrica mineira ter anunciado no início do mês um plano de desinvestimentos que inclui ativos que somam valor patrimonial de R$ 6,564 bilhões, com o objetivo de reduzir sua enorme dívida, que concentra mais de R$ 10 bilhões em vencimentos até 2019. Vale destacar ainda que o Bradesco BBI elevou a recomendação para a Cemig de neutra para outperform (desempenho acima da média do mercado). O preço-alvo foi elevado de R$ 10,50 para R$ 11,00. Os papéis da companhia mineira lideram os ganhos dentro do índice.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CMIG4 CEMIG PN 8,24 +10,90 +9,79 131,75M
 ELET3 ELETROBRAS ON 12,94 +9,20 -38,72 12,07M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 15,12 +3,21 -2,64 55,06M
 VALE3 VALE ON 27,21 +2,80 +17,01 68,10M
 VALE5 VALE PNA 25,58 +2,73 +21,03 408,40M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRML3 BR MALLS PARON 11,94 -2,45 +15,56 11,18M
 BRFS3 BRF SA ON 40,40 -1,61 -16,27 29,82M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,85 -1,50 +22,16 10,89M
 MRVE3 MRV ON 12,32 -1,28 +17,69 9,39M
 LAME4 LOJAS AMERICPN 13,25 -1,27 -21,95 27,63M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Relatório de Inflação
O Banco Central reduziu a previsão para a inflação oficial neste ano de 4,0% para 3,8%, segundo aponta o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) publicado nesta manhã. Para o ano que vem, a expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 4,5%. Com relação ao PIB (Produto Interno Bruto), a autoridade monetária manteve o crescimento em 0,5% para este ano e faz uma ponderação: “a manutenção, por tempo prolongado, de níveis de incerteza elevados sobre a evolução do processo de reformas e ajustes na economia pode ter impacto negativo sobre a atividade”.

Sobre o ritmo de cortes da Selic, o documento destaca que a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) dependerá das projeções e expectativas de inflação, assim como da atividade econômica e do balanço de riscos.

Agenda econômica

Além do Relatório Trimestral de Inflação, vale destacar ainda a notícia da Folha de que a equipe econômica reduziu a previsão de recuperação do PIB em 2017, levando em conta a crise política. Em projeções mantidas, por ora, em caráter reservado, ministros e auxiliares do presidente revisaram a estimativa de crescimento de 0,5% para 0,4% este ano. 

Além do relatório de inflação, atenção para os EUA. Às 9h30, saem os dados de seguro-desemprego do país e às 11h, os números de indicadores antecedentes de maio. Às 11h, serão divulgados os dados de confiança do consumidor da zona do euro de junho. À noite, às 21h30, haverá o dado de manufatura de junho do Japão.

Noticiário político

O STF retoma sessão sobre delação da JBS às 14h, interrompida na última quarta-feira. Ontem, o ministro Alexandre de Moraes votou contra a revisão dos termos do acordo de delação premiada da JBS. Com o voto do ministro, que também é contra a mudança de relator, o placar da votação está em 2 votos a favor da manutenção do acordo.  Na sessão de hoje, devem votar os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio, Celso de Mello e a presidente, Cármen Lúcia. A expectativa é de que a corte confirme a delação da JBS. 

Ainda no noticiário político, os jornais de hoje destacam que o governo Michel Temer mira nos “infiéis” nas votações das reformas econômicas e que planeja retaliação. De acordo com a coluna Painel, da Folha, a demissão de dois apadrinhados do senador Hélio José (PMDB-DF) foi apenas o primeiro tiro de advertência lançado pelo governo para sua base, após derrota da reforma trabalhista em comissão do Senado e o Planalto já começou a mapear outros cargos ocupados por indicados do peemedebista e também pelo PSDB e PSD, num aviso de que os votos contrários às novas regras dados por Eduardo Amorim (PSDB-SE) e Otto Alencar (PSD-BA) também serão retaliados. Vale destacar que, de acordo com o líder do governo Romero Jucá, a reforma trabalhista pode ser votada em Plenário na primeira semana de julho. 

Sobre as reformas, o Valor informa que, após participar de almoço com o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente interino da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG) afirmou ontem que já recomendou a Maia e a Temer que a proposta de reforma da Previdência seja desidratada e se limite a questão da idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres se aposentarem, pontos mais consensuais na base. De acordo com ele, Temer teria recebido a sugestão com “bons olhos”.

Na agenda do presidente, Temer viaja de Moscou a Oslo, na Noruega, onde participa de encontro com investidores noruegueses. Já o ministro da Fazenda Henrique Meirelles se reúne com o ministro do STF Gilmar Mendes às 11h00, com investidores institucionais às 14h, e com ministro-chefe da casa Civil, Eliseu Padilha, às 15h30. 

XP Expert

A quinta-feira marca o início da XP Expert às 14h30, evento que acontece entre os dias 22 e 24 de junho no Transamerica Expo Center, em São Paulo e contará com personalidades tanto do mercado financeiro — como Armínio Fraga, Roberto Setubal, Luis Stulhberger e Luiz Barsi — quanto de outros meios, como o caso do prefeito de São Paulo, João Doria, e do coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol. Confira mais clicando aqui.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.