Decepção com economia dos EUA atinge pior nível desde 2011; veja gráficos

Com a divulgação de indicadores abaixo das expectativas, o mercado acionário norte-americano fica em posição ambígua: de um lado, as bolsas ficam mais atrativas com juros baixos, enquanto de outro, as maiores dificuldades para a recuperação da economia podem trazer mais preocupação

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A decepção dos mercados com os indicadores econômicos recentemente divulgados nos Estados Unidos ligou um sinal de alerta aos investidores sobre a possibilidade de o otimismo com a recuperação da maior economia do mundo não se confirmar a curto e médio prazo. Da deflação de maio aos dados de confiança e vendas do varejo abaixo do esperado, os especialistas do mercado já começam a avaliar se a retomada da atividade se dará no ritmo que se acreditava.

Juntamente com tais sinalizações, os economistas passaram a especular se o Federal Reserve terá espaço para confirmar a projeção de mais uma alta nos juros norte-americanos — hoje entre 1% e 1,25% — ainda neste ano. Se a inflação baixa joga contra o otimismo com o nível de empregabilidade da população local e os indicadores de confiança e atividade mostram que a economia se recupera em ritmo mais lento, o espaço para a autoridade monetária dar continuidade ao ciclo planejado diminui.

Um gráfico feito pelo Citigroup e reproduzido em relatório da Yardeni Research, com base nas surpresas do mercado com os indicadores econômicos divulgados nos Estados Unidos, mostra que a decepção com os dados pode ter chegado a níveis de 2011. “Assim, não é surpresa a forte queda da projeção do Fed de Atlanta para o PIB dos EUA para este trimestre, assim como a redução da aposta de nova alta dos juros para este ano”, escreveu José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos, em relatório a clientes.

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Eis o gráfico da decepção americana:

A decepção com os indicadores recentemente divulgados trazem um cenário ambíguo para o mercado acionário norte-americano: de um lado, seguram os juros e tornam mais atrativas as bolsas locais; ao passo que, de outro, as maiores dificuldades para a recuperação da economia podem trazer preocupações aos investidores.

O gráfico abaixo mostra a relação entre o índice de surpresa econômica do Citigroup e a média de preços mensais do S&P500 divididos pelo consenso de 52 semanas esperado para os ganhos operacionais por ação:

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Por fim, o último gráfico mostra a relação entre o indicador e os títulos da dívida pública americana de 10 anos:

Na mesma linha da leitura de maiores dificuldades para mais uma alta de juros anunciada pelo Federal Reserve ainda neste ano, os analistas do Credit Suisse observaram: “O mercado parece preocupado que o Fed está errando em aumentar o juros muito rápido e/ou reduzindo seu balanço muito passivamente”. Tais questionamentos levam as dúvidas do mercado até as próximas reuniões do Fomc (Federal Open Market Committee), quando sinalizações mais claras podem ser dadas pela chairwoman Janet Yellen. Até lá, muita especulação entre os investidores.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.