Ibovespa Futuro descola do exterior e abre em leve alta após pregão de grandes perdas

Contratos futuros do índice sinalizam recuperação tímida após susto com derrota do governo em comissão do Senado e mergulho do petróleo no mercado internacional

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma sessão de tensão no mercado em meio à derrota do governo na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que rejeitou relatório referente à reforma trabalhista, ao surgimento de fatos novos contra o presidente Michel Temer e à derrocada das commodities, a quarta-feira (21) começa indicando leve reversão do pessimismo dos investidores. Às 9h03 (horário de Brasília), os contratos de Ibovespa Futuro com vencimento em agosto operavam em alta de 0,27%, a 61.515 pontos, na contramão do desempenho dos principais índices acionários globais e da nova queda do petróleo.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 operavam estáveis, a 9,05%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíam 3 pontos-base, a 10,08%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em julho deste ano caíam 0,16%, sinalizando cotação de R$ 3,330.

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Bolsas mundiais

A sessão desta quarta-feira é de baixa para a maior parte dos índices mundiais, com os investidores de olho na queda do petróleo e na expectativa pelos dados do final da manhã de estoques da commodity nos EUA. O sentimento negativo persiste nos mercados com 3ª baixa seguida, embora recuo hoje seja apenas uma fração da queda expressiva de 2,1% da véspera; movimento do barril reflete também o aumento da extração pela Líbia.

Por outro lado, na Ásia, as bolsas chinesas destoam e sobem após algumas grandes empresas do país serem incluídas nos índices da MSCI. “Acreditamos que a inclusão das ações ‘A’ ao MSCI dará um impulso significativo ao mercado acionário da China no longo prazo”, disse a presidente para Ásia-Pacífico do UBS, Kathryn Shih. Além disso, os metais registram leve alta em Qingdao e Dailan. 

Este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,89%

*FTSE (Reino Unido) -0,60%

*DAX (Alemanha) -0,59% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,57% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,52% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,45% (fechado)

*Petróleo WTI -0,02%, a US$ 43,50 o barril

*Petróleo brent -0,15%, a US$ 45,95 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +0,46%, a 434 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China +0,66%, a US$ 56,82 a tonelada 

Agenda econômica

A agenda econômica tem como destaque dois dados dos EUA. Às 11h, será revelado o número de venda casas existentes de maio e, às 11h30, os dados de estoques semanais de petróleo pelo Departamento de Energia, com estimativa de queda de 1,01 milhão de barris. 

Já no Brasil, após o susto com a derrota do governo na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) na última terça-feira, o relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR) para a reforma trabalhista deve ser lido na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado pela manhã; a votação nesta Comissão está prevista para 28 de junho. Nenhuma comissão tem caráter terminativo, o que faz com que a decisão final caiba ao plenário, independentemente de aprovação ou rejeição prévia. Apesar disso, a reprovação do texto por 10 votos a 9 na véspera repercutiu negativamente no mercado, como sinal de que o apoio ao governo Michel Temer está se esvaindo e que a reforma da Previdência, ainda mais difícil, tem poucas chances de ser aprovada.  

Além disso, o Banco Central divulga fluxo cambial semanal às 12h30 e oferta até 8.200 contratos de swap cambial para rolagem dos contratos de julho, das 11h30 às 11h40, com resultado a partir das 11h50.

Noticiário político

Michel Temer também segue em destaque em meio ao noticiário “policial” contra ele. O operador financeiro Lúcio Funaro afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente orientou diretamente a distribuição de 20 milhões de reais em propinas para sua campanha à reeleição como vice-presidente da República, em 2014, e para a do ex-deputado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012. De acordo com Funaro, que está preso há um ano em Brasília, os 20 milhões que foram distribuídos entre a campanha de Temer e de Gabriel Chalita eram fruto de uma negociação na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias (Vifug) da Caixa, uma das controladas pelo PMDB, para liberar recursos do fundo FI-FGTS para as empresas BRVIAS e LLX.

Além disso, o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, titular da 12ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, rejeitou a queixa-crime do peemedebista contra Joesley Batista, dono da JBS, pelas supostas práticas de calúnia, injúria e difamação, informou a Justiça Federal em mensagem da sua assessoria de imprensa. A decisão menciona “ausência de justa causa para se instaurar a ação criminal, fato que impõe a rejeição da queixa-crime” Intento de Joesley é o de corroborar declarações que prestou ao MPF, segundo apontou o juiz na decisão. 

Vale destacar ainda que o STF (Supremo Tribunal Federal) deve decidir hoje sobre a validade dos acordos de delação da JBS firmados com o Ministério Público e também se o caso deve permanecer nas mãos do ministro Edson Fachin. Na sessão, prevista para começar às 14h, os ministros vão discutir os limites da atuação dos juízes que são responsáveis pela homologação das delações premiadas. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Fachin deve ser mantido da delação da JBS no Supremo. Porém, corre sério risco de ver o Supremo abrir caminho para a modificação dos termos do acordo que ele homologou com a empresa. A forte divisão na corte será expressa na segunda etapa do julgamento, quando eles discutirão a possibilidade de o plenário rever as condições ofertadas aos colaboradores. De acordo com a publicação, o desfecho do caso é visto pelo governo e pela Lava Jato como um divisor de águas para a operação.

Ainda no noticiário sobre o presidente, destaque para relatório entregue pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal, que diz que as evidências colhidas na investigação indicam “com vigor” que Temer cometeu crime de corrupção passiva. O documento, tornado público na última terça-feira, diz que o peemedebista aceitou pagamentos de vantagens indevidas do grupo J&F por intermédio do ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures. No texto, a PF também lembra as tentativas, sem sucesso, de interrogar a dupla. “Diante do silêncio do mandatário maior da nação e de seu ex-assessor especial, resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a prática de corrupção passiva”, expôs o texto enviado pela PF ao STF.

Meirelles depõe, Temer na Rússia, Ilan com S&P

Além de lidar com a crise política que ameaça as reformas, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles será ouvido pelo juiz Sergio Moro como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Meirelles vai falar às 9h30 por meio de vídeoconferência de seu gabinete no Ministério da Fazenda, em Brasília. Às 15h, ele se reúne com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB) e às 17h com o  deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).

Já Temer segue na Rússia e se reúne com Vladimir Putin, participa de cerimônia de aposição de flores no túmulo do soldado desconhecido, se reúne com senadora Valentina Matvienko, presidente do Conselho da Federação da Rússia, e com Dmitry Medvedev, primeiro-ministro russo.

Ainda nesta quarta, o presidente do BC Ilan Goldfajn e diretores da autoridade monetária têm reunião com executivos da S&P Global Ratings no escritório do BC em São Paulo pela manhã.

Noticiário corporativo

Em destaque no radar corporativo, o Valor informa que a venda da Moy Park é maior aposta no plano de desinvestimento da JBS, que atrai grupo chinês. Já o Estadão informa que o Brasil suspendeu exportações de cinco frigoríficos para os EUA; bloqueio atinge três unidades da Marfrig, uma da Minerva e uma da JBS. Sobre educacionais, o Valor informa que o Cade tende a vetar fusão Kroton-Estácio. Já no radar de recomendações, a Embraer foi rebaixada de outperform para market perform por Cowen. Por fim, a Wiz informou a assinatura de compra de 100% da Finanseg.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.