3 fatos novos contra Temer, divisão no BoE e Trump ameaçado: o que você precisa saber no feriado

Apesar do dia sem operações na B3, o noticiário político e a agenda de indicadores no exterior são movimentados

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A quinta-feira (15) é de folga para muitos dos investidores do mercado acionário brasileiro, por conta do feriado de Corpus Christi, que mantém a B3 fechada para negociações. Apesar disso, o noticiário político doméstico e a agenda de indicadores internacionais é intensa e pode mexer com os ADRs de empresas com ações na bolsa brasileira. Enquanto por aqui o cerco se fecha cada vez mais contra o presidente Michel Temer, a situação de Donald Trump nos Estados Unidos não é muito melhor. Outro destaque do dia é a decisão de política monetária do BoE, cujos membros se dividiram sobre o que fazer com os juros locais, que acabaram mantidos no menor patamar da história.

Confira os principais assuntos do dia:

Fatos novos complicam Michel Temer

Os três maiores jornais do país trazem denúncias contra o presidente nesta quinta-feira. O Globo destaca o segundo depoimento de Lúcio Funaro à Polícia Federal. Conta reportagem que o doleiro, chamado para esclarecer pontos incompletos do interrogatório anterior, respondeu a todas as perguntas dos investigadores durante mais de quatro horas. As expectativas são de que as revelações tragam ainda mais problemas a Michel Temer e o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. No primeiro depoimento, Funaro acusou o ex-ministro Geddel Viera Lima de fazer sondagens para saber se ele iria mesmo fazer delação premiada e disse que o aliado de Temer era o principal interlocutor do governo com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, até ser exonerado do cargo.

Já o jornal Folha de S. Paulo conta que a Polícia Federal encontrou uma cópia de e-mail na casa do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente, com sinais de que ele cuidou dos pagamentos da reforma de um imóvel de Maristela, uma das filhas de Temer. Segundo a reportagem, o documento enviado por um arquiteto em 2014 cobra de Lima o valor de R$ 44.394,42 pela obra. Questionada pelo jornal, a assessoria do presidente não explicou por que o coronel cuidou de pagamentos da reforma e disse que, na época, a filha de Temer “tinha recursos para custear a obra”. Os outros envolvidos na denúncia não quiseram se manifestar.

O jornal O Estado de S. Paulo conta que Michel Temer usou um helicóptero Bell prefixo PR-VDN, do empresário Vanderlei de Natale, em 2014, para viajar de São Paulo a Tietê, sua cidade natal, no interior paulista. Natale é um dos sócios da Construbase Engenharia, investigada na Operação Lava Jato por possíveis irregularidades em licitação da Petrobras e responsável por pagamentos de R$ 1,9 milhão para uma empresa de fachada investigada por ser usada para escoar propina da obra em Angra 3. Questionado, o peemedebista confirmou o uso do helicóptero e disse ser amigo de Natale, mas negou qualquer relação com a empresa e conhecimento das investigações.

Donald Trump investigado

Segundo os jornais Washington Post e New York Times, o presidente norte-americano está sendo investigado pelo conselheiro jurídico especial, Robert Mueller, por suspeita de obstrução de justiça. Citando fontes anônimas, as publicações informaram que importantes oficiais de inteligência, como Dan Coats (diretor de inteligência nacional), Mike Rogers (chefe da NSA) e Richard Ledgett (ex-vice-diretor da NSA) concordaram em ser entrevistados sobre o tema. A imprensa dos Estados Unidos conta que a investigação teria começado após a demissão do então diretor do FBI James Comey, em 9 de maio. Um dos pontos que estaria na mira dos investigadores são conversas que Donald Trump teve com Coats e Rogers sobre a investigação da Rússia.

Bolsas mundiais

O dia é de baixa para os principais mercados acionários europeus, com os investidores digerindo as decisões de política monetária anunciadas pelo Federal Reserve, ontem nos Estados Unidos, e do Bank of England nesta manhã. Enquanto o primeiro elevou a taxa de juros locais em 25 pontos-base e sinalizou mais uma elevação até o fim deste ano, além de reduções graduais no balanço de pagamentos herdado da política de Quantitative Easing, o outro manteve a taxa de juros na mínima histórica de 0,25% e o programa de compras de bônus soberanos em 435 bilhões de libras. Vale destacar, no entanto, que três de oito dirigentes da instituição votaram por uma elevação nos juros locais.

O dia também contou com os dados do varejo no Reino Unido (ver detalhes abaixo), que vieram abaixo do esperado e pressionam as ações do setor no mercado acionário.

BoE mantém juros em decisão dividida

Todos os dirigentes do BoE concordaram, de qualquer modo, que qualquer elevação nos juros deve ser “gradual e limitada”, segundo a instituição. De acordo com a autoridade monetária, a inflação poderia subir acima de 3% por volta do outono local, ficando acima da meta de 2% por um período prolongado. Além disso, o BC afirmou que a inflação pode ficar ainda mais acima da meta do que o antes imaginado pelos dirigentes, muito em função da recente desvalorização da libra. Segundo o BoE, a erosão da capacidade ociosa na economia reduz a tolerância dos dirigentes à inflação acima da meta. No comunicado, também foi dito que o crescimento da renda real no Reino Unido deve ser mais fraco, nos próximos anos. Além disso, o avanço no emprego sugere que a capacidade ociosa da economia tem diminuído. Não foram feitas referências ao resultado das eleições parlamentares da semana passada, que culminou na perda de maioria por parte da primeira-ministra Theresa May.

Resultados fracos no varejo

Ainda no Reino Unido, as vendas no varejo registraram queda de 1,2% em maio na comparação com abril, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal esperavam recuo menor, de 1,0%. Na comparação anual, as vendas no varejo do país tiveram crescimento de 0,9%. O resultado foi inferior ao avanço de 1,5% projetado pelos economistas.

Preços mais altos e um avanço mais modesto nos salários pressionaram o poder de compra dos consumidores do país no mês de maio. Houve recuos nas vendas em todas as categorias, exceto em gasolina, após um resultado forte nas vendas no varejo em abril. Os números sugerem sinais mistos para a economia do Reino Unido no segundo trimestre, após um início de ano modesto.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.