Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quarta-feira

Confira no que ficar de olho nesta quarta-feira antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os mercados mundiais se voltam para a decisão “3 em 1” de política monetária nos EUA (taxa de juros + mudança de projeções + discurso da Yellen) enquanto que, no Brasil, o dia promete ser de volatilidade em meio à véspera do feriado, vencimento de opções sobre o Ibovespa e os depoimentos de Joesley Batista e Eduardo Cunha. A repercussão dos dados da China também está no radar. Confira os destaques desta quarta-feira (14):

1. Dados da China decepcionam

Na Europa o dia é de ganhos, mas na Ásia os dados chineses decepcionaram. A produção industrial do país repetiu a taxa do mês anterior e cresceu 6,5% em maio sobre o ano anterior, contra expectativas de ligeira desaceleração, uma vez que os gastos do governo em infraestrutura continuam a alimentar a demanda por materiais de construção. No entanto, o aumento dos estoques é um risco: em abril, o crescimento dos estoques industriais acelerou para mais de 10%. 

Dados fracos de investimento reforçaram a visão de que a segunda maior economia do mundo começará a perder força nos próximos meses. A atividade chinesa permaneceu sólida em maio, mas a política monetária mais apertada, o esfriamento do mercado imobiliário e a desaceleração do investimento reforçaram a visão de que ela irá perder força gradualmente nos próximos meses. 

No mercado de commodities, o minério de ferro registra alta, enquanto o petróleo tem 1ª queda em quatro dias após API apontar aumento de estoques americanos e à espera dos dados do departamento de energia.

Às 8h00, este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) +0,47%

*CAC-40 (França) +0,77%

*DAX (Alemanha) +0,77%

*Xangai (China) -0,74% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,09% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,08% (fechado)

*Petróleo WTI -1,08%, a US$ 45,96 o barril

*Petróleo brent -0,78%, a US$ 48,34  o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +1,17%, a 432 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China +2%, a US$ 54,43 a tonelada

2. Política: volta de Joesley, Cunha e Temer

No radar político, destaque para a volta de Joesley Batista ao Brasil, que falará novamente à PGR a partir de hoje. Joesley deve confrontar versão de Temer dos fatos investigados pela PGR e afirmar que presidente sabia que o jato em que viajou era da JBS, diz o Valor Econômico. O retorno de Joesley, que estava na China, foi confirmado oficialmente em nota; ele esteve em Brasília nesta segunda-feira em reuniões e participou de encontros de trabalho em São Paulo nesta terça-feira, diz o comunicado sem especificar as reuniões ou encontros.

Além dele, o ex-deputado Eduardo Cunha deve depor hoje à PF em inquérito contra Temer. Como não fez delação, Cunha quer usar esse depoimento para mandar recado e mostrar o seu potencial; isso pode causar constrangimento ao governo, diz blog do Camarotti, no G1, citando um interlocutor de Temer. 

Na agenda econômica do governo, o presidente Michel Temer sinalizou que irá renegociar R$ 50 bilhões em dívidas dos Estados com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em reunião com governadores na noite de terça-feira, de acordo com uma fonte  ouvida pela Reuters que participou do encontro no Palácio da Alvorada. De acordo com a fonte, R$ 20 bilhões desse montante já estão garantidos, e outros 30 bilhões ainda dependem de medida extra. Enquanto isso, a Bloomberg destaca que o governo tentará avançar reformas econômicas mesmo com previsão da denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente. 

3. Decisão do Fomc

A decisão “3 em 1” de política monetária do Fomc (Federal Open Market Committee) às 15h domina as atenções nesta quarta-feira. A perspectiva é de que Fed eleve a sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, considerando como transitória a desaceleração recente da economia e da inflação nos EUA, destaca a LCA Consultores. “Mas, tal como ocorreu na reunião do Banco Central Europeu (BCE) na semana passada – quando as sinalizações de política monetária foram preservadas -, a autoridade monetária norte-americana deverá repetir a mensagem de gradualismo na retirada de estímulos monetários e manterá praticamente inalterado o seu conjunto de projeções macroeconômicas, indicando que o juro primário deverá ser elevado em mais uma oportunidade na segunda metade do ano e em outras oportunidades em 2018”, aponta a consultoria.

Às 15h30. a chairwoman do Fed, Janet Yellen, concede coletiva juntamente com a apresentação das novas projeções macroeconômicas do comitê.

4. Mais dados econômicos

Além do Fomc, os mercados estarão de olho nos dados de estoque semanal de petróleo dos EUA às 11h30, com perspectiva de queda de 2,3 milhões de barris. Antes disso, às 9h30, serão revelados os dados de preços ao consumidor e de vendas no varejo.

No Brasil, vale destacar que esta quarta-feira marca o vencimento dos contratos futuros do Ibovespa, além de ser véspera de feriado de Corpus Christi, o que deve contribuir para a volatilidade das ações nesta sessão. Ainda na pauta, o BC oferta até 8.200 contratos de swap cambial para rolagem dos contratos de julho, 11h30 às 11h40, resultado a partir das 11h50 e divulga o fluxo cambial às 12h30.

5. Noticiário corporativo

Já no noticiário corporativo, destaque para as recomendações nesta sessão. O Bradesco BBI colocou a BRF entre top picks, destacando ser uma ação defensiva em mercado volátil. Já o Itaú BBA cortou projeção para lucro de Bradesco e Banco do Brasil, enquanto a Fibria foi elevada de neutra para overweight e Klabin foi rebaixada de overweight para neutra pelo JPMorgan. 

Além das recomendações, destaque para a notícia do Estadão de que a Cemig vai pedir aos bancos liberação para venda de ações da Light, enquanto o Conselho de Desestatização da Cesp recomenda venda do controle. Já o conselho de administração da Petrobras aprovou a criação da função não estatutária de diretor adjunto de Governança e Conformidade. Sobre a OSX, a CVM multou Eike Batista em R$ 21 milhões em processo de inside trading e a companhia também anunciou um prejuízo de R$ 1,6 bilhão em 2016, ante prejuízo de R$ 615,5 milhões no ano anterior. 

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.