Queda dos juros futuros ofusca cenário político e Ibovespa Futuro vira para alta

Possível desembarque do PSDB também inspira cautela pelo mercado; bolsas internacionais em forte correção

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois de iniciar o dia em baixa, o Ibovespa Futuro virou e às 9h15, horário de Brasília, opera em alta de 0,20%, aos 62.325, em decorrência da forte queda dos juros futuros após a divulgação do último Relatório Focus, com projeções apontando queda para o PIB (Produto Interno Bruto) e para a inflação, o que faz o mercado precificar que o Copom seguirá com o ritmo de cortes da Selic mesmo em meio aos caos político. No mesmo horário, os juros futuros com vencimento em 2018 recuam 6 pontos, para 9,14%, enquanto com vencimento em 2021 opera em queda de 15 pontos, aos 10,26%.

O mau humor com as condições de o governo aprovar a agenda de reformas começou a refletir nas expectativas dos economistas semanalmente consultados pelo Banco Central. Na mais recente edição do relatório Focus, divulgada na manhã desta segunda-feira (12), a mediana das projeções para o PIB (Produto Interno Bruno) despencaram de 0,50% para 0,41% neste ano e de 2,40% para 2,30% no ano seguinte. Em decorrência do nível de atividade mais baixo, as projeções para a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), recuaram de 3,90% para 3,71% em 2017 e de 4,40% para 4,37% em 2018.

O movimento dos juros ofusca, em parte, a dúvida do mercado quanto ao andamento da agenda das reformas após Temer seguir no poder e o possível desembarque do PSDB. Apesar da absolvição no TSE representar um alívio para o presidente, ele enfrenta novos desafios, tendo que passar pela denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República), que deve ocorrer nos próximos dias, e segurar o PSDB na base aliada. Os tucanos devem realizar reunião executiva nesta segunda-feira mas, ainda divididos, adiarão a decisão, segundo informam os jornais. Os caciques do partido, como Geraldo Alckmin e Aécio Neves, pressionam pela manutenção da legenda na base aliada.

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Bolsas mundiais

A sessão é de expressiva queda para a maior parte das bolsas mundiais, com a Europa de olha na maior fraqueza política da premiê britânica Theresa May e na expectativa pela decisão do Fomc desta semana, que deve elevar os juros. Além disso, as ações de tecnologia estendem baixa com mercado ainda em dúvida sobre selloff do Nasdaq de sexta-feira. Por outro lado, vale destacar que o rendimento dos títulos da Itália registra baixa com queda do apoio a partido populista no país.

Vale destacar ainda que o partido do presidente francês, Emmanuel Macron, conseguiu nesse domingo (11), no primeiro turno das eleições legislativas, preparar terreno para conseguir no próximo domingo (18) o que pode ser uma vitória histórica, que lhe permitiria obter ampla maioria na Assembleia Nacional.  A República Em Marcha (LREM), que apresentou como candidatos uma mistura de políticos socialistas e conservadoras junto com figuras pouco conhecidas da sociedade civil, obteve – com 90% das urnas apuradas – 32% dos votos. O resultado é melhor do que o previsto nas pesquisas para o partido macronista.

Na Ásia, o dia foi de baixa para as ações na China. Além de empresas de tecnologia sucumbirem a vendas generalizadas nos Estados Unidos e em alguns outros mercados asiáticos, há preocupações dos investidores de que o crédito mais apertado vai pressionar a rentabilidade das empresas e o crescimento econômico nos próximos meses.  Os investidores também se desfizeram de ações cíclicas diante da visão de que a economia perderá impulso na segunda metade do ano, já que os custos de empréstimos continuam a aumentar e à medida que os reguladores continuam a reprimir as formas mais arriscadas de empréstimos. No mercado de commodities, o petróleo sobe e supera US$ 46; metais recuam em Londres; minério de ferro sobe em Dalian, China

Às 9h03, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,99%

*FTSE (Reino Unido) -0,13%

*DAX (Alemanha) -0,91% 

*Hang Seng (Hong Kong) -1,24% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,57% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,52% (fechado)

*Petróleo WTI +1,64%, a US$ 46,58 o barril

*Petróleo brent +1,83%, a US$ 49,03 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +2,60%, a 434 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China +0,85%, a US$ 54,87 a tonelada

Noticiário político

Com objetivo de lutar pela sobrevivência de Temer no poder, o Palácio do Planalto articula com partidos da base aliada uma tramitação rápida da denúncia que deve ser apresentada por Rodrigo Janot contra o presidente. A expectativa é de que, vencido o obstáculo para a permanência do presidente no cargo, os deputados possam retomar as discussões sobre a reforma da Previdência, mesmo que seja um texto mais enxuto que o aprovado na comissão especial em maio. 

Segundo a consultoria Eurasia Group, a absolvição de Temer aumentará substancialmente as chances de presidente terminar seu mandato, sendo que o maior receio do mercado é que o presidente sobreviva sem força para tocar as reformas, sobretudo a da Previdência. Eurasia considera, contudo, que independente de Temer, reforma trabalhista e série de amplas mudanças microeconômicas podem ser aprovadas. Por fim, atenção para a polêmica gerada com a notícia da Veja de que o governo teria ordenado a Abin a investigar o ministro do STF Edson Fachin, do STF. Temer negou a informação, que suscitou reações de Cármen Lúcia, Janot e Gilmar Mendes (veja mais clicando aqui)

Agenda externa da semana

No exterior, o destaque fica para a reunião do Fomc, que o mercado já dá como certo uma alta de 25 pontos-base na taxa de juros. O comunicado deve ser, como sempre, objeto de expectativas, ainda que a maioria dos investidores não mostre apreensão com o ajuste dos juros, que, na visão do mercado, deve seguir gradual. Vale destacar que esta é uma das reuniões conhecidas como “3 em 1”, onde além da decisão também serão apresentadas as novas projeções do Federal Reserve e terá uma coletiva da presidente Janet Yellen.

Na agenda de indicadores, além do Fomc, ainda serão apresentados os dados de inflação e vendas no varejo nos Estados Unidos, todos antes da decisão de política monetária. Na China, cujos dados positivos de balança nesta semana não empolgaram o mercado, haverá a divulgação de dados de varejo e produção industrial na terça-feira à noite.

Agenda da semana

No Brasil, o principal indicador será o IBC-Br – considerado uma prévia do PIB – na sexta-feira (16) às 08h30. Vale lembrar ainda que a B3 ficará fechada na quinta-feira (15) por conta do feriado de Corpus Christi, mas que o investidor precisará ficar atento aos ADRs das companhias brasileiras no exterior, já que Wall Street irá funcionar normalmente. Antes disso, na terça-feira às 9h, o IBGE divulgará os dados de vendas no varejo de abril. “Esperamos pequeno ajuste do varejo em abril, contando, pelo lado benigno, com o efeito da Páscoa e a liberação de mais recursos do FGTS; por outro lado, os feriados e a greve geral contribuem para negativamente para o resultado”, aponta a Rosenberg Consultores Associados.

Ainda na semana, será revelada a arrecadação federal de maio, estimada pela Rosenberg em R$ 102 bilhões. “Se confirmada, será um novo resultado um pouco mais animador, apesar de modesto, principalmente nos tributos relacionados à atividade econômica. Entretanto, continua a deixar os resultados mais negativos para trás e segue uma recuperação lenta”, destaca a consultoria.  

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é movimentado nesta segunda com destaque, mais uma vez, para a JBS, que foi rebaixada em dois degraus pela Moody’s, de Ba3 para B2, e permanece em revisão para novo possível downgrade. O rebaixamento reflete riscos continuados de possíveis litígios futuros e prejuízo à reputação da empresa, o que pode afetar suas operações, liquidez e acesso ao mercado, segundo o relatório; ação da Moody’s também incorpora possíveis investigações criminais adicionais que direta ou indiretamente envolvam a JBS. O Globo informa que a JBS reduziu o abate e pecuaristas amargam excesso de gado, enquanto a Folha destaca que os donos venderam R$ 10 milhões de ações da companhia antes de delação.

Ainda no radar, a Vale contratou linha de crédito rotativo de US$ 2 bilhões, a CPFL Energias Renováveis aprovou emissão de R$ 250 milhões em debêntures. A Natura teve o rating colocado em observação negativa por S&P. Por fim, no radar de recomendações, a Iochpe-Maxion foi elevada de neutra para compra pelo UBS.