Ibovespa encosta nos 63.000 pontos antes de julgamento da chapa Dilma-Temer; dólar futuro cai 0,7%

SÃO PAULO – O Ibovespa acentuou os ganhos na tarde desta terça-feira (6), fechando muito próximo da faixa dos 63.000 pontos, na sua 2ª alta em 3 pregões, com contribuições positivas das ações de peso do setor financeiro. Os papéis do Banco do Brasil saltaram mais de 3% e figuraram entre as maiores altas do índice, após caírem quase 5% nos últimos 4 pregões. Já Itaú Unibanco e Bradesco subiram mais de 1% neste pregão. 

Descolado das bolsas internacionais, o índice encerrou a sessão com ganhos de 0,81%, a 62.955 pontos, com os investidores atentos à retomada do julgamento que pode cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, eleita em 2014. O volume financeiro movimentado hoje na B3 foi de R$ 6,65 bilhões. Lá fora, os três principais índices de ações dos Estados Unidos – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq – fecharam em leves perdas. 

Já o dólar comercial recuou 0,35%, a R$ 32760 na compra e R$ 3,2765 na venda, enquanto os contratos futuros da moeda com vencimento em julho – negociados na bolsa sob o ticker DOLN17 – caíam 0,66%, sinalizando cotação de R$ 3,296. O movimento contribuiu para a queda das ações de empresas exportadoras. Fibria e Suzano figuraram como as maiores quedas do Ibovespa nesta sessão. Apenas 17 das 58 ações do índice encerraram o dia no negativo. 

Por sua vez, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 9 pontos-base, a 9,31%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 16 pontos-base, a 10,44%. O movimento dos contratos destoa da divulgação sem surpresas da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), pelo Banco Central.

O documento reiterou a mensagem conservadora do comunicado da decisão anunciada na quarta-feira, que fixou a Selic em 10,25% ao ano — o que corresponde a um corte de 100 pontos-base –, mas sinalizou postura mais suave nos próximos encontros dos diretores do Banco Central. A ata destacou que a incerteza dificulta a queda mais célere do juro estrutural e o aumento de incerteza sobre reformas é o risco principal. Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity, contudo, o aprofundamento de cortes é totalmente possível, dependendo dos avanços políticos, embora ele diga que a ata reforça a expectativa de cortes de 75 pontos-base para a próxima reunião e a Selic fechando 2017 a 9% ao ano.

O atual julgamento da chapa eleita em 2014, considerado principal driver do mercado neste pregão, marca a primeira vez que a corte analisa um pedido de cassação contra um presidente da República. Segundo informações dos jornais O Globo e Valor Econômico, há dois cenários mais esperados para o julgamento: um pedido de vista e a hipótese de absolvição. O primeiro jornal diz que ministros do TSE articulam um pedido de vista já nesta terça-feira, o que pode adiar a decisão para o próximo semestre. Já o Valor Econômico, citando interlocutores não identificados com trânsito nos tribunais superiores de Brasília, diz que, além da possibilidade do pedido de vista, começa a ganhar força a hipótese de absolvição.

Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa
Do lado acionário, as ações da JBS chamaram atenção pela forte alta. A companhia comunicou que, diretamente e por meio de sua controlada JBS Handels GmbH, celebrou um acordo para a venda da totalidade das ações de suas subsidiárias detentoras das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para sociedades controladas pela Minerva (Pul Argentina, Frigomerc e Pulsa) pelo preço total de US$ 300 milhões. 

Destaque ainda para a notícia sobre o acordo de leniência da J&F. Depois do acerto, há uma semana, das bases do acordo, os advogados da holding J&F, controladora do frigorífico JBS, conseguiram aliviar ainda mais nos últimos dias o esforço financeiro a ser feito pelo grupo para fazer frente à multa de R$ 10,3 bilhões aplicada pelo Ministério Público Federal (MPF), destaca o Estadão.

Além do comunicado sobre o acordo de compra de ativos da JBS, a Minerva informou estimativa de R$ 13 bilhões a R$ 14,4 bilhões para a receita líquida nos próximos doze meses. A projeção é para receita líquida consolidada de julho de 2017 a junho de 2018, segundo comunicado da Minerva. A estimativa tem como base as seguintes premissas: *taxa de câmbio (US$/R$) 3,20; *crescimento orgânico das operações correntes da companhia e *consolidação da recente aquisição anunciada no Mercosul (incluindo a aprovação do CADE).

Ainda no noticiário corporativo, chamou atenção o interesse da AirBaltic na compra de pelo menos 14 novos aviões com mais de 100 assentos para substituir modelos turboélice, com a Embraer e a canadense Bombardier na disputa pelo contrato. A companhia está buscando ampliar sua rede e planeja aumentar o número de passageiros de esperados 3,2 milhões neste ano para 4,2 milhões em 2021.

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Confira abaixo as maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa:

E as maiores baixas:

Lava Jato e outras operações
Além do TSE, mais destaques agitam o noticiário político. A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça-feira mandados da Operação Manus, um desdobramento da Lava Jato que investiga corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal (RN). O sobrepreço identificado na obra chega a R$ 77 milhões. Entre os alvos dos mandados de prisão estão o ex-ministro do Turismo nos governo Dilma e Temer, Henrique Eduardo Alves, e o ex-deputado Eduardo Cunha. Ambos são do PMDB e já foram presidentes da Câmara dos Deputados.

Na noite de segunda-feira, a Polícia Federal enviou 82 perguntas para o presidente Michel Temer sobre a conversa que ele teve com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. O presidente tem 24 horas para prestar esclarecimentos, mas, como definiu o ministro Luiz Edson Fachin, ele não é obrigado a responder as perguntas.

Já a Procuradoria da República do Distrito Federal instaurou um inquérito para investigar o suposto repasse de US$ 80 milhões do Grupo J&F para os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, indicados na delação premiada dos irmãos Batista. Confira mais notícias clicando aqui.

Carteira InfoMoney

Em destaque, a Carteira InfoMoney de junho foi apresentada nesta tarde na InfoMoneyTV. Em maio, a carteira conseguiu um resultado 3 pontos percentuais superior ao Ibovespa, enquanto quem seguiu a recomendação dada em 18 de maio terminou o mês com ganhos de 8,2% – contra queda de quase 5% do índice. Para conferir como ficou a nova carteira, clique aqui.