Ibovespa sobe e dólar cai antes dos “grandes” eventos da semana e de olho na política

Índice fica praticamente estável em dois dias com investidores esperando definições na política e aguardando a decisão do Copom e divulgação do PIB

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na volta às atividades de Wall Street e Londres e após uma sessão de pequena correção na véspera, o Ibovespa voltou a subir nesta terça-feira (30). Mesmo assim, o índice se manteve em compasso de espera de olho na política e nos indicadores econômicos dos próximos dias, em especial a decisão do Copom amanhã e o PIB na quinta-feira (1), os dois grandes eventos locais desta semana.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com variação leve alta de 0,32%, aos 63.962 pontos, após chegar a atingir 64.107 pontos na máxima do dia. O volume financeiro mais uma vez foi fraco, ficando em R$ 5,325 bilhões, em mais um sinal de que o mercado está em “compasso de espera”. Já o dólar comercial registrou queda de 0,23%, cotado a R$ 3,2621 na venda, ao passo que o contrato futuro com vencimento em junho deste ano subiram 0,15%, sinalizando cotação de R$ 3,263.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018, por sua vez, fecharam em alta de 4 pontos-base, a 9,31%, enquanto os DIs com vencimento em janeiro de 2021 saltaram 8 pontos-base, a 10,42%. O mercado segue apostando que o Copom irá cortar os juros em 100 pontos-base nesta quarta-feira, mas ainda tenta antecipar o que será sinalizado no comunicado sobre os próximos passos do BC diante da atual crise política.

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Na agenda do dia, destaque para indicadores nos Estados Unidos e na Europa, enquanto do lado nacional o mercado acompanha as articulações de Michel Temer para se manter no cargo, além das notícias sobre o abrandamento da reforma da Previdência.

Também chamou atenção a notícia de que Osmar Serraglio não aceitou o cargo no ministério da Transparência após ser substituído na Justiça por Torquato Jardim. Tal decisão retira Rocha Loures da Câmara dos Deputados, já que ele havia sido eleito como suplente. Com isso, crescem as preocupações acerca de um possível acordo de delação premiada do ex-braço-direito de Michel Temer no Palácio do Planalto.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis do setor de papel e celulose — Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5) — pausam os ganhos dos últimos dias, apesar da alta dos preços da celulose, escalada recente do dólar e avalanche de relatórios positivos sobre as empresas. Nesta terça, a consultoria Foex divulgou os dados semanais dos preços da celulose, mostrando forte alta de 2,37%, para US$ 645 a tonelada, na China e avanço de 0,53%, para US$ 796,70 a tonelada, na Europa. Segundo o Credit Suisse, o movimento reforça visão construtiva para o setor e deve dar suporte para o “momentum” das ações. O banco reforçou a Suzano como sua “top pick”. 

Pelo setor educacional, o Estadão informa que, com a expectativa de que o julgamento da fusão entre a Kroton (KROT3) e a Estácio (ESTC3) possa ocorrer em junho, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) endureceu as negociações relativas à operação que criará uma líder isolada no setor de educação. Segundo fontes ouvidas pelo jornal, o órgão antitruste aumentou o rol de ativos que terão que ser vendidos – a nova companhia terá de se desfazer de 1 em cada 10 alunos. Além disso, o tribunal pretende impor metas de qualidade para os cursos do novo grupo.

O Bradesco BBI comentou o anúncio do CMN (Conselho Monetário Nacional) de que investidores estrangeiros podem agora depositar no exterior parte de suas garantias para operar no mercado brasileiro. Assim, esses investidores podem aumentar suas posições, mantendo uma parte das garantias no exterior. Os analistas veem essa notícia como um desenvolvimento positivo para B3 (BVMF3), apesar das garantias no exterior serem menores do que esperavam, uma vez que os analistas haviam previsto mais do que os 10% anunciados.

“Como o limite se aplica à garantia total (e não a um limite de 10% por investidor), alguns investidores podem, de fato, deter uma percentagem maior de garantias fora do Brasil, aumentando a sua alavancagem e potencialmente aumentando os volumes de negociação. Vemos o potencial para um aumento de 5-10% nos volumes de futuros provenientes de tal medida”, afirmam. A recomendação para o papel segue outperform, com preço-alvo de R$ 23,00.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 WEGE3 WEG ON 19,54 +3,06 +27,03 26,09M
 BRAP4 BRADESPAR PN 19,90 +2,68 +37,32 41,39M
 CPLE6 COPEL PNB 28,20 +2,62 +7,05 17,60M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,50 +2,43 +0,75 21,92M
 EMBR3 EMBRAER ON 16,65 +2,15 +4,97 36,41M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 7,40 -3,90 -34,88 152,17M
 BRFS3 BRF SA ON 45,25 -1,67 -6,22 132,88M
 PETR4 PETROBRAS PN 13,36 -1,55 -10,15 464,03M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 15,51 -1,52 +12,15 56,41M
 RENT3 LOCALIZA ON 43,42 -1,45 +33,84 32,41M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 27,04 +1,54 512,63M 654,50M 23.433 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,36 -1,55 464,03M 687,79M 28.349 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,93 +0,31 191,52M 654,11M 14.176 
 BBDC4 BRADESCO PN 28,05 +1,59 181,20M 370,74M 13.198 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,79 -0,48 177,69M 302,83M 12.897 
 JBSS3 JBS ON 7,40 -3,90 152,17M 198,41M 35.907 
 BRFS3 BRF SA ON 45,25 -1,67 132,88M 173,70M 14.065 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 29,00 +1,19 125,97M 293,31M 10.356 
 RADL3 RAIADROGASILON 72,19 +1,96 100,84M 110,01M 8.037 
 KROT3 KROTON ON ED 14,78 -0,27 99,38M 149,25M 12.946 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Agenda política
Em jantar com empresários e políticos em São Paulo, o presidente Michel Temer discursou em tom de otimismo e afirmou que “o Brasil está de volta”, indicando a melhoria do cenário econômico no país, em um momento de forte crise política. Ontem, a jornalistas, o peemedebista ainda afirmou que tem plenas condições de aprovar reformas e governar, comentando também sobre o julgamento do TSE, que, segundo ele, tende a criar certa instabilidade. Temer disse que o Tribunal julgar o processo de cassação da chapa em três ou quatro dias seria o ideal. Porém, informa o Valor, crescem as apostas de que haverá um pedido de vista, o que adiaria o processo.  

Apesar do tom otimista do governo e em meio à fala do ministro da Fazenda Henrique Meirelles de que não “há plano B” para a Previdência e que espera a votação da reforma na primeira quinzena de junho, jornais de hoje destacam que a base aliada do governo quer realizar uma reforma mais “enxuta”. Uma das alternativas seria focar nos servidores públicos como forma de ajudar a resolver a crise fiscal nos estados e manter o apoio do setor produtivo, diz O Globo, citando conversas reservadas entre técnicos, especialistas e parlamentares da base. Já o Estadão destaca que a base articula aprovar apenas a idade mínima.

Mais política

Além das falas de Temer e Meirelles sobre a economia, o bastidor da política segue agitado. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) pode perder a liderança da bancada hoje em Brasília. Crítico das medidas do governo, Renan fez ontem um aceno a Temer, elogiou a troca no comando do Ministério da Justiça e a ida do presidente para visitar vítimas das cheias em Alagoas, seu estado. Renan fez ainda críticas à Procuradoria-Geral da República, à Operação Lava-Jato, o instituto da delação premiada e ao dono da JBS, Joesley Batista. 

Vale destacar ainda que Michel Temer se encontrou no início da noite de ontem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo. Segundo reportagem da GloboNews, Temer teria pedido “responsabilidade” ao PSDB no enfrentamento da crise e no apoio à agenda de reformas, incluindo a previdenciária. 

O jornal O Globo informa ainda que o “deputado da mala da propina da JBS”, Rodrigo Rocha Loures, planeja delação premiada. Por fim, o ex-ministro Guido Mantega reconheceu à Lava Jato, por meio de uma petição, que possui uma não declarada no exterior. Porém, ele diz que nunca foram depositados valores indevidos na conta. O ex-ministro explica que a conta foi aberta para receber US$ 600 mil de uma venda de um empreendimento imobiliário, fruto de herança do seu pai. Na petição, Mantega diz que não espera “perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar a conta”.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.