Países apuram elo entre empreiteiras e JBS e mais 3 notícias da companhia; veja outras 10 empresas no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta segunda-feira (29)

Lara Rizério

(Bloomberg)

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SÃO PAULO – Mais uma vez, o grande destaque do noticiário corporativo fica para a JBS, com as negociações para o acordo de leniência e a notícia do Estadão de que países apuram elo entre JBS e empreiteiras. Recomendações também chamam a atenção nesta segunda-feira (29). Confira os destaques:

JBS (JBSS3)

O noticiário sobre a JBS segue bastante movimentado. O Ministério Público Federal (MPF) fez uma nova proposta para fechar o acordo de leniência com o grupo J&F, que controla a JBS, mas não quer abrir mão da cifra de R$ 11 bilhões. Houve um desconto na multa, mas muito pequeno, de cerca de R$ 170 milhões. A concessão que foi feita pelos procuradores diz respeito ao prazo de pagamento. Antes, a dívida deveria ser paga em 10 anos e agora poderá ser quitada em 13 anos. Ficou determinado ainda que o acordo será fechado exclusivamente com a holding J&F, que será responsável pelos pagamentos, eximindo as demais empresas do grupo do compromisso.

A J&F começou as negociações com o MPF oferecendo pagar R$ 700 milhões. Essa postura mudou bastante em duas semanas e ao fim da semana passada a empresa chegou a oferecer R$ 8 bilhões. O valor, no entanto, foi prontamente rejeitado pelos procuradores da Força-Tarefa da Operação Greenfield. Eles alegam que o valor de R$ 10,994 bilhões pedido agora para a empresa seria o suficiente para ressarcir os fundos de pensão, a Caixa, o BNDES e a União pelas perdas que teriam tido com a atuação da empresa, que admitiu pagar propinas para obter recursos para sua expansão.

Segundo comunicado enviado ontem pelo MPF, o acordo prevê ainda que a divisão dos recursos ficará da seguinte forma: os fundos de pensão Petros e Funcef, que eram sócios da Eldorado e da própria JBS, ficarão com 25%; o BNDES, que fez aportes de capital na empresa JBS, com outros 25%; o FI FGTS, que emprestou recursos à Eldorado, com 6,25%; a Caixa, que financiava todo o grupo, com 6,25%; e o restante, 12,5%, com a União Federal. Os procuradores também querem que qualquer multa acertada com autoridades no exterior seja 50% dela destinada às entidades brasileiras.

Os novos cálculos da Força-Tarefa levaram em conta os dados oficiais divulgados pela empresa do faturamento do ano passado, já descontados os impostos, que foi de R$ 183,244 bilhões. O porcentual aplicado foi de 6%. A diferença de valores com a primeira proposta, que era de R$ 11,17 bilhões, se deu basicamente pelo fato de os números do faturamento ainda não terem sido divulgados oficialmente – considerava os impostos e o porcentual aplicado era de 5,98%. Não há prazo para fechar o acordo.

Vale destacar que, no final da última semana, os irmãos Joesley e Wesley Batista renunciaram aos postos de presidente e vice-presidente do conselho de administração da JBS, respectivamente. A decisão foi tomada na reunião do conselho realizada na sexta e foi motivada pelas delações dos executivos, que admitiram uma série de práticas de corrupção e atos ilegais cometidos na última década. Wesley Batista, no entanto, permanece na presidência executiva da empresa.

Pelo acordo que os executivos firmaram com o Ministério Público Federal, ambos podem continuar na administração das empresas do grupo. Mas Joesley, além de sair da JBS, também não é mais presidente do conselho da J&F Investimentos, de onde foi afastado desde abril por decisão judicial no âmbito da Operação Greenfield, que investiga irregularidades nos fundos de pensão. De acordo com comunicado enviado ontem pela empresa, os irmãos serão substituídos por Tarek Farahat na presidência do conselho e por José Batista Sobrinho, o pai de Joesley e Wesley, na vice-presidência.

Além disso, a empresa informou na sexta que os irmãos Batista  compraram a totalidade da participação detida pela holding Blessed no final de outubro do ano passado. A informação foi divulgada após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter cobrado da empresa esclarecimentos sobre informações publicadas pela imprensa a respeito de movimentações societárias no grupo JBS depois da incorporação do frigorífico Bertin, em 2009. A Blessed teria aparecido na cadeira societária da JBS a partir da incorporação do Bertin. A CVM abriu nesta semana processo para apurar as informações divulgadas pela companhia a respeito da Blessed, holding que era sediada no Estado norte-americano de Delaware.

Por fim, o Estado de S. Paulo informa que países apuram elo entre JBS e empreiteiras. Isso porque investigadores que acompanham transações em diferentes paraísos fiscais estão intrigados com uma coincidência: empresas offshore citadas nas delações da JBS também aparecem em investigações sobre construtoras brasileiras. Pessoas próximas aos casos querem saber o motivo pelo qual essas offshores foram utilizadas em diferentes momentos, por pessoas sem relações diretas, mas sempre para transferir recursos a políticos e operadores. 

Papel e celulose

O Santander revisou o setor de papel e celulose, elevando Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5)  de manutenção para compra, com preços-alvos respectivos de R$ 43,00 e R$ 17,00, ante R$ 35,00 e R$ 15,00. Já a Klabin (KLBN11) teve a recomendação reduzida para manutenção pelo banco, com o preço-alvo caindo de R4 20,00 para R$ 18,00. 

BTG Pactual (BBTG11)

 O BTG Pactual informou na sexta-feira que Persio Arida renunciou a seu cargo no conselho de administração e que venderá nos próximos meses sua posição acionária no banco e no braço de participações do maior banco de investimento independente da América Latina.

Segundo o BTG, a renúncia de Arida ocorreu em “consequência de decisão pessoal”. “Persio Arida informou nesta data sua decisão de se dedicar exclusivamente aos seus interesses intelectuais”, informou o BTG em comunicado ao mercado.

Construtoras

Destaque ainda para uma notícia que pode mexer com as construtoras. Segundo o jornal Valor Econômico, para tentar avançar na definição de novas regras para os distratos, o setor da construção e o governo estão se articulando com o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) para a apresentação de um projeto de lei sobre o tema. Pauderney informou que está marcada para esta semana, provavelmente amanhã, uma reunião entre as partes para alinhavar o desenho final do projeto a ser apresentado.

O deputado disse ao jornal que se mostra favorável à proposta mais recente desenhada na área técnica do governo, que define que, em caso de distrato, a construtora retém 90% do valor pago pelo comprador, limitado a 10% do valor do contrato. O deputado avaliou que as decisões do Judiciário, mais favoráveis ao consumidor que rompe o contrato, trouxe sérios problemas ao setor. “Quem faz um lançamento fica refém disso. É uma arma contra o empreendedorismo.”

Educação

O Valor Econômico também informa que, das 150 mil vagas de Fies, financiamento estudantil do governo, ofertadas neste primeiro semestre, 115 mil foram preenchidas, o que representa uma ociosidade de 20% – mesmo patamar do semestre anterior. No mesmo período do ano passado, a taxa de ociosidade ficou em 40%, segundo dados do MEC (Ministério da Educação). 

Ainda sobre educacionais, o BTG Pactual destaca que o MEC publicou na sexta o tão esperado decreto estabelecendo os guidelines para o novo marco regulatório do EAD. O objetivo é gradualmente eliminar a burocracia do segmento, acelerando o processo de acreditação de novos polos e cursos, principalmente dando mais autonomia para empresas com padrões de qualidade mais elevados, impulsionando o crescimento da indústria nos pxs anos. Vale dizer que MEC ainda precisa publicar como autonomia de abertura de novos polos se correlacionarão com as métricas de qualidade – assunto bastante discutido durante o Congresso de Educação Superior (XX CBESP) ao longo do final de semana –  MEC está dizendo que sairá no próximos 70 dias.

De acordo com os analistas do banco, a Ser (SEER3) sai vencedora, enquanto a Kroton (KROT3) deve sofrer mais com o cenário competitivo que se desenha, pois pressiona inevitavelmente a perspectiva de crescimento orgânico. “Estamos convencidos que é um passo mto importante para a indústria e o modelo híbrido vai prevalecer”, apontam os analistas, que recomendam a compra das duas ações. 

 

CVC (CVCB3)

O conselho de administração da CVC aprovou, por unanimidade, o exercício do direito de opção de compra de 33% de participação acionária na Read Serviços Turísticos e na Reserva Fácil Tecnologia por R$ 179,5 milhões, informou a CVC, em comunicado divulgado ao mercado na sexta-feira. O montante vai ser pago 30% à vista e 70% em 3 parcelas anuais.

O BTG Pactual aponta que, com essa aquisição, a CVC pode obter mais benefícios com essa divisão, depois das vendas terem fracassado devido à recessão econômica e a margem EBITDA aumentou significativamente desde 2014 de cerca de 30% para cerca de 50%, por conta das sinergias com o business de B&M. A empresa ainda tem uma opção de compra para adquirir a participação remanescente da Rextur em 2018, e manteve seu principal executivo, Marcelo Sanovicz, alinhado com a estratégia da empresa pelo menos até 2020.  

Ecorodovias (ECOR3)

A Ecoponte, controlada pela EcoRodovias, teve aval a reajuste de 2,5% na ponte Rio-Niterói. Assim, a tarifa para automóvel, caminhonete e furgão na Ponte, após arredondamento, passa de R$ 4,00 para R$ 4,10, segundo resolução da ANTT publicada no Diário Oficial. O novo valor entra em vigor a partir de zero hora de 1 de junho.

Paranapanema (PMAM3)

A Paranapanema formalizou na sexta, em conjunto com seus principais credores, o primeiro aditamento ao acordo de standstill, de forma que seus efeitos vigorarão até 20 de Junho de 2017, disse a companhia em fato relevante.

Nesse período, credores comprometem-se a não tomar medidas relacionadas a cobrança de seus créditos, inclusive abstendo-se de vencer antecipadamente obrigações de pagamento de principal ou juros, executar garantias ou fazer apontamentos voluntários nos cadastros dos órgãos de proteção ao crédito em decorrência dos instrumentos financeiros e/ou de dívidas bancárias, segundo o acordo. 

Itaúsa (ITSA4)

A Itaúsa emitiu R$ 1,2 bilhão em debêntures a 106,9% do CDI. A oferta é para investidores qualificados e as debêntures têm vencimento em maio de 2024. O coordenador líder é o Itaú BBA. 

Aliansce  (ALSC3)

A Aliansce Shopping Centers e o CTBH Fundo de Investimentos Imobiliários pediram análise ao Cade de ato que envolve operação de aquisição de controle envolvendo setor de incorporação de empreendimentos imobiliários, segundo documento de divulgação protocolado no Cade e publicado no Diário Oficial. O documento tem acesso restrito no site do Cade. O fundo CTBH foi constituído em 2014, sob forma de condomínio fechado com prazo de duração de 42 meses, segundo documento da CVM. Em dezembro de 2015, o fundo possuía o imóvel Boulevard Corporate Tower, em Belo Horizonte.

 Renova (RNEW11)

A Renova Energia, empresa de geração limpa controlada por Cemig e Light, fechou acordos para receber um total de 107,8 milhões de dólares pela venda de suas ações na empresa de energia renovável TerraFormGlobal e pelo encerramento de uma arbitragem movida contra a companhia.

Segundo fato relevante divulgado na noite de sexta-feira, a Renova Energia celebrou acordo para vender à canadense Brookfield Asset Management as ações que a companhia detém na TerraForm Global por 92,8 milhões de dólares, a serem pagos em dinheiro na data de fechamento do negócio.

A Renova também receberá outros 15 milhões de dólares como parte de acordo com a TerraForm Global para encerrar um processo de arbitragem contra a companhia.

A Renova informou que “este é mais um importante passo em direção à sua nova trajetória” e para “restabelecer a estabilidade financeira da companhia.”

A Reuters publicou no início de maio, com informação de uma fonte, que a Renova chegaria a um acordo de cerca de 120 milhões de dólares com a Brookfield por sua fatia na TerraForm Global. Segundo essa fonte, as negociações envolveriam ainda a compra do controle da Renova pela Brookfield e a injeção de novos recursos na empresa.

A TerraForm Global gere ativos de energia renovável ao redor do mundo e era controlada pela norte-americana SunEdison. Em março deste ano, a Brookfield anunciou negociações para a compra da totalidade da TerraForm Global.

A Renova havia vendido ativos à TerraForm em troca de ações, mas posteriormente viu os papéis perderem o valor devido a uma crise financeira da SunEdison, o que levou à abertura da arbitragem contra a empresa.

(Com Bloomberg, Reuters e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.