Ibovespa Futuro abre em queda, com investidores atentos a crise política, Lava Jato e PIB nos EUA

Contratos futuros do índice sinalizam sessão de cautela para os investidores

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma nova sessão volátil com fechamento perto da estabilidade para o principal índice do mercado acionário nacional, o Ibovespa Futuro iniciou a sexta-feira (26) apresentando movimento negativo. Às 9h32 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em junho caíam 0,15%, a 63.580 pontos. No radar dos investidores, além das costuras de bastidores para a resolução da crise política — com ou sem o presidente Michel Temer –, destaque para a nova fase da Operação Lava Jato e, no exterior, destaque para o PIB dos EUA.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 4 pontos-base, a 9,46%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro 2021 recuavam 7 pontos-base, a 10,57%. O movimento do mercado de renda fixa também responde à decisão da Petrobras de reduzir preço médio da gasolina e do diesel, o que tende a contribuir para um recuo da inflação e possibilitar cortes mais agressivos na Selic pelo Copom.

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Bolsas mundiais

As principais bolsas mundiais registram queda nesta manhã desta sexta-feira, com o mercado ainda repercutindo a baixa do petróleo na véspera. No mercado de commodities, o petróleo registra leve alta após despencar 4,6% nesta quinta depois de a Opep decidir prolongar os cortes de produção por nove meses, quando os investidores esperavam mais, mas as bolsas seguem refletindo a forte queda da véspera. O minério de ferro, por sua vez, registra baixa. 

Já na Ásia, os mercados acionários da China reverteram as perdas anteriores e terminaram a semana com alta acumulada nesta sexta-feira, liderados pelo índice CSI300 que teve sua melhor semana em seis meses, com a suspeita de atuação direta do Estado compensando as preocupações sobre um rebaixamento surpresa da classificação de crédito do país pela Moody’s.  A confiança do mercado nesta semana foi pressionada por preocupações persistentes com as perspectivas de crescimento, após o rebaixamento da classificação pela Moody’s, levando as ações de Xangai para a mínima de quase sete meses na quarta-feira.

Mas a forte alta do setor financeiro de Xangai, com suspeita de apoio do governo, elevou o mercado na quinta-feira, em meio às crescentes expectativas de que o índice global MSCI incorpore as ações chinesas do continente ao seu índice de referência no próximo mês.

Este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) +0,00%

*CAC-40 (França) -0,93%

*DAX (Alemanha) -0,60%

*Xangai (China) +0,08% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,03% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,64% (fechado)

*Petróleo WTI +0,53%, a US$ 48,64 o barril

*Petróleo brent +0,31%, a US$ 51,15 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -0,66%, a 454 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China -3,87%, a US$ 57,91 a tonelada

Tensão política

A tensão política segue no radar e, em destaque nos jornais desta sexta, estão as notícias de que o presidente Michel Temer pretende lutar para se manter no cargo. Conforme destacam Folha e O Globo, aliados do presidente dizem que ele está disposto a usar “todos os recursos jurídicos possíveis” para prolongar o julgamento de cassação da chapa no TSE, uma das apostas para a saída do peemedebista.  

Já o Valor Econômico aponta que, dias depois da fase mais aguda de turbulência política, o presidente acredita que ganhou fôlego e que os sinais de recuperação da economia ajudarão o PMDB a continuar no Palácio do Planalto. Temer chegou a cogitar a renúncia no dia em que a crise eclodiu, mas agora sua expectativa é que o pacote de bondades preparado para a próxima semana dê sobrevida ao governo. 

Em vídeo publicado nas redes sociais, Temer comentou brevemente os protestos realizado em Brasília, em que ele diz que ocorreram “exageros”. Porém, segundo ele, mesmo com tudo que estava acontecendo, o Congresso não parou. O presidente comemorou a aprovação de “um número expressivo” de medidas provisórias e disse que o País não parou em meio à crise causada pela delação do empresário Joesley Batista. No vídeo, Temer afirmou que o país não parou e não vai parar. Mesmo com a resistência do peemedebista, as apostas para o pós-Temer continuam: segundo a Folha, aliados testam hipótese de Tasso Jereissati presidente e Nelson Jobim na Justiça; Henrique Meirelles ficaria na Fazenda e Rodrigo Maia poderia ser vice.

Nova fase da Lava Jato

A Polícia Federal realiza nesta manhã a 41ª fase da Lava Jato com 8 mandados de busca, 1 de prisão preventiva, 1 de prisão temporária e 3 de condução coercitiva nos estados do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.

A ação investiga operações financeiras realizadas a partir da aquisição pela Petrobras de direitos de exploração de petróleo em Benin, na África. Segundo a PF, as operações tinham como objetivo “disponibilizar recursos para o pagamento de vantagens indevidas a ex-gerente da área de negócios internacionais da empresa”. O nome da fase, Poço Seco, é uma referência aos resultados negativos do investimento realizado pela Petrobras. Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro dentre outros. A coletiva da PF sobre a Operação será às 10h00.

Ainda sobre a Lava Jato, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito para investigar o senador Romero Jucá (PMDB-RR) pela suspeita dos crimes de peculato e corrupção. O pedido será relatado pelo ministro Dias Toffoli. Já a jornalista Cláudia Cruz, esposa do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, foi absolvida ontem pelo juiz Sérgio Moro da acusação da prática dos crimes de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas no processo que investiga o pagamento de propina oriunda do superfaturamento do contrato entre a Petrobras e a Compagnie Beninoise des Hydrocarbures Sarl para exploração de petróleo no Campo de Benin, na África.

Indicadores norte-americanos

A economia dos Estados Unidos cresceu 1,2% no primeiro trimestre, percentual revisado de 0,7%, e ante estimativas de avanço de 0,9% pela mediana dos analistas consultados pela Bloomberg. Já os pedidos de bens duráveis caíram 0,7% em abril. 

Agenda de indicadores

Em destaque no Brasil, está o resultado primário do setor público, que deve mostrar superávit de R$ 6,7 bilhões no mês de abril, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, após déficit de R$ 11 bilhões no mês anterior. O BC divulga o resultado às 10h30 e comenta os dados em coletiva de imprensa às 11h00. Além disso, ocorrerá a reunião do CMN às 15h00. Vale destacar ainda que o BC oferta até 8.000 contratos de swap para rolagem nesta sexta-feira. O leilão vai das 11h30 às 11h40, com resultado a partir das 11h50. 

Na China, às 22h30, serão divulgados os números de lucros industriais de abril. 

Noticiário corporativo

A Petrobras decidiu na noite de ontem reduzir preço médio da gasolina e do diesel. A decisão foi guiada por um aumento significativo nas importações no último mês, disse a empresa. 

E, mais uma vez, a JBS segue em destaque: a companhia teve recomendação rebaixada a underweight no JPMorgan. Além disso, o Estadão informa que o STF pode rever termos do acordo de delação da JBS; revisão é defendida por ao menos três ministros (Marco Aurélio, Alexandre de Moraes e Edson Fachin). O jornal também informa que, com a crise na JBS, o governo estuda incentivos para pequenos frigoríficos: Estado. 

Já a BRF informou que a subsidiária TBQ Foods concluiu a aquisição de fatia da Banvit. A Eletrobras informou que a Justiça decidiu que Eletronorte devolva R$ 60 mi aos cofres públicos.

(Com reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.