Eletrobras salta 7%, Petrobras sobe 3% e units BTG afundam até 10% com rumor de delação de André Esteves

Confira os principais destaques de ações da bolsa nesta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Apesar das turbulências políticas, o mercado subiu nesta quarta-feira (24) em meio às avaliações de que as reformas estruturais podem encontrar seu caminho. O Ibovespa registrou alta de 1,27% nesta sessão, a 63.457 pontos, com apenas 13 das 58 ações encerrando no campo negativo. Marfrig, Suzano e Vale lideraram as perdas, com quedas entre 2% e 3%. 

Do outro lado, as ações ONs da Eletrobras – que são negociadas no Ibovespa – disparam 13% nos últimos dois pregões, na esteira do anúncio do plano de aposentadoria voluntária da empresa para até 4.607 empregados. 

Fora do Ibovespa, o destaque ficou com a unit do BTG, que mergulhou a partir das 16h (horário de Brasília), em meio à notícia de que André Esteves, fundador do BTG, está concluindo acordo de delação premiada. Na mínima do dia, os ativos do banco afundaram 9,95%, a R$ 15,48. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da bolsa desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 14,81, +2,70%; PETR4, R$ 13,94, +3,34%)
As ações da Petrobras intensificaram os ganhos nesta tarde, após dados dos estoques de petróleo dos Estados Unidos animarem o mercado. Embora os estoques de petróleo tenham caído acima do esperado, gerando uma euforia no primeiro momento, os dados de estoques de gasolina vieram piores do que o esperado, o que provocou uma virada nos preços da commodity no mercado internacional. Ainda assim, as ações da Petrobras se sustentaram com ganhos de cerca de 3%. 

Lá fora, os contratos futuros do petróleo Brent caíam 0,35%, a US$ 53,96 o barril, enquanto os contratos do WTI recuavam 0,31%, a US$ 51,31 o barril. Segundo a EIA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês), os estoques de petróleo caíram em 4,4 milhões de barris na semana encerrada em 19 de março, atingindo um total de 516,3 milhões de barris. As projeções dos analistas consultados pela Reuters apontavam queda de 2,4 milhões de barris. Já os estoques de gasolina caíram em 787 mil barris no período, contra expectativa de queda de 1,2 milhão de barris. 

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Ainda no radar, a Petrobras informou nesta terça-feira o resgate antecipado de títulos com vencimento previsto para 2018, no valor somado de cerca de 1,8 bilhão de dólares. O resgate será financiado com os recursos captados pela companhia na recente emissão de títulos. A companhia havia informado na véspera a reabertura de títulos de dívida de 4 bilhões de dólares no exterior, por meio de sua subsidiária Petrobras Global Finance (PGF).

Vale (VALE3, R$ 27,52, -2,62%; VALE5, R$ 26,03, -2,07%)
As ações da Vale caíram nesta sessão, seguindo os preços do minério de ferro. A commodity à vista negociada no porto de Qingdao, na China, caiu 2,39%, a US$ 60,52 a tonelada, enquanto o contrato futuro mais negociado do minério de ferro para setembro na bolsa de Dalian fechou em queda de 7%, a 455,50 iuanes (US$ 66,00) a tonelada, após tocar 452 iuanes na mínima da sessão. Foi a maior queda desde 5 de maio.

O movimento do minério de ferro ocorre após a Moody’s ter reduzido a nota de crédito soberano pra emissões de longo prazo locais e em moeda estrangeira, alertando que a força financeira do país pode evaporar nos próximos anos conforme a economia desacelerar e a dívida continuar a crescer.

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Acompanharam o desempenho negativo as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 18,45, -1,55%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,66, -1,83%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,46, -1,55%) e CSN (CSNA3, R$ 6,88, -1,57%). A exceção foi a Usiminas (USIM5, R$ 4,05, +1,00%), que virou para alta neste pregão.

JBS (JBSS3, R$ 6,70, +2,99%)
Depois de reviravolta impressionante no último pregão, quando as ações saíram da maior queda para a maior alta do Ibovespa (+10%), os papéis da JBS tiveram um dia extremamente volátil. Os papéis caíram 2,75% na mínima do dia, a R$ 6,37; e subiram 4,89%, a R$ 6,87, na máxima da sessão.  

O Wall Street Journal informou nesta tarde que a J&F – holding que controla a JBS – está em conversas para fechar um acordo de leniência com o Ministério Público de pelo menos US$ 1,3 bilhão. Ainda hoje, uma fonte disse à Bloomberg que a holding deve vender ativos para lidar com a delação. 

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Ontem à noite, contudo, a J&F – holding que controla a JBS – negou, por meio de sua assessoria de imprensa, que contratou o Bradesco BBI ou qualquer outro banco para a venda de ativos. Segundo informações da Reuters de terça, membros da família Batista – que detém 42% da empresa – estariam de olho em formas para levantar recursos para o pagamento do acordo de leniência.  

Eletrobras (ELET3, R$ 13,93, +6,66%; ELET6, R$ 17,63, +7,83%)
As ações ONs da Eletrobras – que são negociadas no Ibovespa – saltam 13% nos últimos dois pregões, na esteira do anúncio do plano de aposentadoria voluntária da empresa para até 4.607 empregados, incluindo holding e subsidiárias. Apesar dos ganhos, o movimento positivo ainda não apaga as perdas registradas nos três dias pós-divulgação da “delação bomba” de Joesley Batista, quando as ações caíram 22%. 

O plano de aposentadoria da Eletrobras faz parte das iniciativas previstas no Plano Diretor de Negócios e Gestão para o período 2017-21. A iniciativa, chamada de Plano de Aposentadoria Extraordinária da Eletrobras (PAE), está sendo implantada simultaneamente na holding e nas empresas Eletrobras CGTEE, Cepel, Chesf, Eletronuclear, Eletronorte, Eletropar, Eletrosul e Furnas, segundo explicou a elétrica.

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Em comunicado, a empresa disse que as adesões voluntárias ao PAE foram divididas em dois períodos, sendo o primeiro até o dia 30 de junho, enquanto o segundo ocorrerá entre 10 e 31 de julho. Os desligamentos ocorrerão entre junho e dezembro de 2017.

Marfrig (MRFG3, R$ 6,26, -3,99%)
Em evento em São Paulo, Martin Secco, presidente da Marfrig Global Foods, disse que a crise política não mudou a estratégia da Marfrig para o IPO de parte da Keystone Foods Holdings LLC nos Estados Unidos. “Continuamos com o mesmo calendário de eventos para continuar com essa operação que foi anunciada, nada indica que isso deveria ser mudado”, disse. 

BRF (BRFS3, R$ 44,75, +1,75%)
Em meio ao turbilhão político, o noticiário sobre a JBS segue movimentado. A BRF informou em comunicado na noite de terça-feira que avalia entrar na Justiça para obter reparação por eventuais prejuízos causados por sua rival JBS.

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De acordo com a BRF, “algumas das práticas descritas pelo empresário Joesley Batista no acordo de delação premiada “podem ter impactos nas esferas penal, cível, concorrencial e regulatória”, o que daria motivos para o “ajuizamento de medidas judiciais e/ou administrativas de distintas naturezas contra os indivíduos e as empresas envolvidas”. No documento, resposta a consulta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre reportagem de que seus ex-conselheiros Luis Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa teriam recebido propina da JBS, a BRF pede que a autarquia tome as providências para apurar “potencial conflito de interesses, violação de sigilo e uso indevido de informações privilegiadas”.

A BRF afirmou desconhecer relação ou envolvimento de seus ex-conselheiros com a JBS, mas também pediu que a CVM cobre esclarecimentos ao fundo de pensão Petros, da Petrobras, que teria indicado, além dos dois ex-conselheiros, Ademir Bendine, também citado nas delações.

Além disso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que abriu mais dois processos administrativos contra controladores da gigante de alimentos JBS, após o escândalo originado na semana passada pelas delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Um dos novos processos “analisa a veracidade da divulgação dos controladores diretos e indiretos, até os controladores que sejam pessoas naturais, da Blessed Holdings (…) a partir de notícias veiculadas na mídia”. A Blessed, sediada no Estado norte-americano de Delaware faz parte do grupo de controle da JBS. O segundo processo envolve a conduta de executivos e controladores da JBS nas negociações para as delações junto ao Ministério Público Federal.

Por fim, O Globo informa que os bancos oficiais estão fazendo uma varredura interna sobre as operações com o grupo J&F e já avaliam que será preciso elevar o valor de suas provisões para créditos duvidosos (espécie de reserva para se proteger do risco de calote), diante das incertezas sobre o futuro da companhia. Ao mesmo tempo, o presidente Michel Temer vem sendo aconselhado por auxiliares diretos e líderes dos partidos da base aliada a fazer um pente-fino nas instituições federais. O objetivo é trazer a público as condições dos empréstimos concedidos à JBS, numa espécie de retaliação aos donos da empresa, que delataram esquema de corrupção envolvendo a classe política.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 16,40, -4,60%)
As units do BTG Pactual mergulharam perto das 16h (horário de Brasília), em meio à informação de que André Esteves, fundador do BTG, está concluindo acordo de delação premiada. A notícia é do site Antagonista

Após o fechamento do pregão, contudo, o Valor Econômico informou que o advogado de Esteves, o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou que o banqueiro esteja negociando acordo de delação premiada. O sócio do BTG é réu em ação penal na 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, acusado de tentativa de obstrução à Operação Lava Jato, em conjunto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador Delcídio do Amaral e outras quatro pessoas.

Para o InfoMoney, um operador de mercado que pediu anonimato disse que, depois da notícia sobre o acordo de delação, surgiu uma demanda “enorme” de aluguel (para montar operação vendida). Na mínima do dia, os ativos do banco afundaram 9,95%, a R$ 15,48. O volume financeiro ficou em R$ 23,7 milhões, contra média diária de R$ 11,3 milhões dos últimos 21 pregões. 

Alpargatas (ALPA4, R$ 11,89, +7,60%)

 A fabricante de calçados Alpargatas anunciou nesta terça-feira que seu chairman Vincent Trius e Joesley Batista, da família controladora por meio da J&F, renunciaram como membros do conselho de administração da companhia. No comunicado, a Alpargatas informou que José Vicente Marino foi eleito novo chairman.

Em fato relevante separado, a Alpargatas informou também que o conselho de administração cancelou convocação de assembleia de acionistas que iria avaliar a proposta de migração da companhia para o Novo Mercado, segmento com elevadas regras de governança corporativa da B3.

Papel e celulose 

As ações do setor de papel – Fibria (FIBR3, R$ 34,84, -0,63%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,46, -2,63%) – tiveram mais um pregão de correção, após subirem entre 18% e 21% do fechamento da última quarta-feira até anteontem.

Apesar da queda, a Suzano anunciou nesta manhã aumento dos preços de celulose na China em US$ 20,00 a tonelada e em US$ 50,00 a tonelada na América do Norte. Os novos preços terão validade a partir do dia 1° de junho.

No início da tarde, a Fibria também anunciou um aumento de celulose para América do Norte, Europa e Ásia a partir de 1º de junho. O novo preço da tonelada de celulose na América do Norte passará para US$ 1.040 por tonelada enquanto na Europa o novo valor será de US$ 860. Em ambos os casos os reajustes são de US$ 40. Para a Ásia, o aumento será de US$ 20, para US$ 690 por tonelada.

Segundo o Itaú BBA, a revisão dos preços deve ser bem sucedida, considerando 2 fatores: 1) a expectativa de que a demanda na China continue forte no curto prazo; 2) adição de capacidade deve demorar mais tempo para chegar ao mercado. Os analistas notam ainda que a revisão pode vir como uma surpresa para aqueles que esperavam aumentos de preços apenas para a Europa. Com isso, “o anúncio é claramente positivo em meio à euforia com o setor devido à rápida depreciação do real frente ao dólar na última semana”, comentaram. Eles reiteraram recomendação “outperform” (desempenho acima da média) para Fibria, Suzano e Klabin.

 Qualicorp (QUAL3, R$ 28,70, +5,21%)

A Qualicorp teve a sua recomendação elevada pelo Bradesco BBI para outperform, com preço-alvo sendo elevado de R$ 23,00 para R$ 33,00. Conforme apontam os analistas do banco, a companhia “finalmente implementou os cortes de custos que levaram a uma margem EBITDA de cerca de 47% no primeiro trimestre”.

“Mas, mais importante, estamos mais confiantes de que a empresa esteja adotando uma melhor alocação de recursos, onde os custos não devem mais ser desconectados dos volumes. Com base nessa racionalidade, vemos suporte para uma expansão de margem Ebitda em vários anos, gerando melhores resultados, apoiando múltiplos e justificando nossa atualização para Outperform”, apontam, destacando que a redução mais relevante decorreu dos custos / despesas com pessoal, que caíram 13% no período. 

Educacionais

A Anima (ANIM3, R$ 16,53, +2,67%) foi elevada de underweight para overweight pelo Morgan Stanley, que rebaixou a Ser  de overweight para underweight. Ainda sobre a Ser, a coluna do Broad informa que a oferta primária subsequente de ações (follow on) da companhia dá sinais de que não encontra boa demanda. Com precificação marcada para hoje, pode ser fechada entre R$ 21,00 e 20,00 por ação. Até ontem, a demanda era 0,5 vez a oferta. Parte da operação deve ser feita via acionistas ou investidores âncoras. No preço mais alto, permitirá levantar R$ 366 milhões. 

Hermes Pardini (PARD3, R$ 24,20, +3,86%)
A companhia comprou totalidade das participações societárias detidas pelos acionistas minoritários da controlada Diagpar Holding S.A., disse Hermes Pardini em relatório. A aquisição se deu por meio do exercício, pelos acionistas minoritários da Diagpar, de uma opção de venda de sua
participação à companhia decorrente da oferta pública inicial concluída pela empresa em fevereiro de 2017. O valor da aquisição será pago aos acionistas minoritários da Diagpar à vista. Em 23 de julho de 2013, a empresa já havia adquirido 71,4% das ações de emissão da Diagpar. Outros termos financeiros da aquisição não foram divulgados.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,89, +1,30%)

Em decisão de última instância, a Segunda Turma do Carf (Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) homologou na última terça-feira (23) decisão contra o Itaú Unibanco com relação ao programa de venda de ações a funcionários, mais conhecido como stock options.

Pelo entendimento da Turma, o plano de opção de compra foi considerado remuneração, e, por isso, constituiu fato gerador de IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte). Porém, o valor da autuação não foi divulgado após o encerramento da sessão.

O caso refere-se a falta de recolhimento do imposto junto a Receita Federal sobre a remuneração paga no ano de 2009 para empregados e pessoas físicas sem vínculo empregatício, na forma de concessão de opções de compra de units (uma ação preferencial e uma ação preferencial classe B) do Unibanco. Em sua defesa, os advogados do banco contestaram sob alegação da natureza societária e por considerarem o plano de opção de compra de ações como não remuneratório, não condizendo com a cobrança aplicada pelo Carf. Ou seja,para a instituição financeira, não é possível caracterizar renda diante de uma possibilidade de exercício de um direito de compra de ações.