Ibovespa cai 270 pontos e dólar futuro ganha força, após STF adiar julgamento de Temer

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Paula Barra

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SÃO PAULO – A volatilidade aumentou no pregão desta segunda-feira (22) após o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir adiar o julgamento do recurso do presidente Michel Temer, que estava previsto para a próxima quarta-feira. Em 10 minutos – das 15h39 até às 15h49 (horário de Brasília), o Ibovespa caiu 270 pontos e o dólar futuro ganhou força. 

Às 16h18 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,72%, a 61.557 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento em junho de 2017 – negociado sob o ticker DOLM17 – registrava alta de 0,84%, a R$ 3,291. O dólar comercial subia 0,91%, a R$ 3,2869 na venda e R$ 3,2856 na compra. 

Em decisão, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, disse que o julgamento do recurso de Temer que pede a suspensão do inquérito aberto contra ele – que estava previsto para a próxima quarta-feira – só será levado a plenário após a conclusão da perícia do gravador com a conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista, dono da JBS. A gravação foi enviada ao INC (Instituto Nacional de Criminalística).

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“A semana está em aberto. Enquanto não houver uma grande conclusão, mercado terá muita volatilidade”, observa Olavo Souza, gerente de renda fixa da Mirae Asset Wealth Management. Segundo ele, tendo em vista o momento conturbado, os investidores aproveitam qualquer oportunidade gerada pela volatilidade para desfazer posições.

Em entrevista à Bloomberg, Souza diz que o mercado, por enquanto, está voltando para setembro de 2015, antes do impeachment de Dilma Rousseff. “O país só começou a melhorar depois que superou a incerteza do impeachment, mas, por enquanto, não temos nem a definição de que isso vá acontecer”, disse. O gerente da mesa de derivativos da Mirae diz que os investidores não acreditam na fala do presidente de que vai continuar a tocar as reformas e ressalta que o melhor cenário para o mercado seria o Congresso entrar em acordo agora para votar a reforma da Previdência, independentemente da situação de Temer no cargo.

Confira os destaques desta segunda e da semana:

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Destaques da Bolsa

Do lado acionário, as ações da JBS (JBSS3) desabavam mais de 20% e figuravam como a maior queda do Ibovespa, entre corte de recomendação da Moody’s, leniência recusada e investigação de “insider trading”. Nesta tarde, a agência de classificação de risco Moody’s cortou em uma nota o rating da JBS e de sua subsidiária JBS USA, bem como colocou as classificações de risco de ambas as empresas em revisão para novos rebaixamentos (veja aqui). 

Além disso, em meio às incertezas políticas que abalaram o mercado na semana passada e com expectativas de que a alta volatilidade persista, o Itaú BBA optou por revisar sua carteira “Brazil Buy List” nesta segunda-feira. Foram removidas as ações da Smiles (SMLE3), Rumo (RAIL3), Iguatemi (IGTA3), Lojas Americanas (LAME4), Petrobras e Gerdau (GGBR4) – hoje, algumas dessas ações figuravam como uma das maiores quedas do Ibovespa. Por outro lado, foram incluídas as ações da Embraer (EMBR3), Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB5), Telefônica Brasil (VIVT4), Hypermarcas (HYPE3) e Ultrapar (UGPA3). Vale menção que, além da “Buy List” do Itaú, que trouxe a inclusão de algumas exportadoras, essas ações ganham também hoje a valorização do dólar frente ao real. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 6,69 -23,19 -41,13 426,69M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 7,78 -12,29 +26,71 199,13M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,25 -6,57 +14,72 40,71M
 CYRE3 CYRELA REALTON 10,66 -6,49 +4,54 42,50M
 SMLE3 SMILES ON 58,96 -6,41 +41,44 57,75M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FIBR3 FIBRIA ON 35,46 +7,78 +13,92 146,73M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 15,13 +7,31 +9,41 118,68M
 BRFS3 BRF SA ON 43,36 +7,19 -10,13 278,44M
 EMBR3 EMBRAER ON 16,21 +7,00 +2,19 99,27M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,53 +3,57 -5,14 57,36M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Crise política
A crise política segue no radar dos mercados, com os investidores  monitorando a tentativa de Michel Temer preservar seu governo após ganhar pelo menos uma sobrevida com a divulgação do áudio da conversa com Joesley Batista, que não foi considerado conclusivo. Mesmo após novas revelações conhecidas na sexta, presidente reafirmou que não renuncia ao posto e contestou a gravação de Joesley.

Em entrevista ao Estadão no sábado, Temer se disse vítima de armação de bandidos que saquearam o País e querem sair impunes e, nessa segunda, reafirmou que não renunciará. 

O presidente ganhou tempo com PSDB e DEM, que adiaram decisão sobre saída do governo, mas segue nas cordas. PSB deixou a base e a OAB pedirá impeachment. Neste cenário, a Eurasia elevou as chances de Temer sair antes de terminar o mandato de 20% para 70%, enquanto o diretor de pesquisa macro da América Latina da Oxford Economics, Marcos Casarin, disse à CNBC que há uma chance de 100% de Temer sair do cargo. Neste cenário, o ETF brasileiro registra queda de cerca de 1%. 

Vale destacar que a reforma trabalhista tem chance de ir adiante nesta semana, destaca a LCA. “Embora nada muito importante esteja previsto: haverá apenas audiências p discussão da proposta na CAE e CAS”, afirma a consultoria.

Relatório Focus

Os economistas consultados semanalmente pelo Banco Central mantiveram o tom das projeções das últimas pesquisas para os principais indicadores da economia brasileira no último levantamento Focus, apesar dos efeitos imprevisíveis da crise política instaurada com a delação premiada de executivos da JBS (JBSS3) pela operação Lava Jato, que colocou o presidente Michel Temer no holofote. Segundo a pesquisa divulgada pela autoridade monetária na manhã desta segunda-feira (22), a mediana das projeções dos economistas de mercado para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) caiu de 3,93% para 3,92% neste ano, ao passo que para o ano seguinte foi de 4,36% para 4,34%.

Do lado da atividade econômica, as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) continuaram em crescimento de 0,50% em 2017 e em 2,50% no ano seguinte. Não houve alterações nas projeções para a taxa básica de juros — a Selic: 8,50% ao final dos dois anos. Já para o câmbio, as expectativas passaram de R$ 3,25 para R$ 3,23 para o dólar neste ano, ao passo que para o ano seguinte continuaram em R$ 3,36.

Gabinete da crise acionado

De acordo com informações da Bloomberg, em meio à crise política, o ministério da Fazenda e o Banco Central se dividiram para continuar monitorando os efeitos da crise política no mercado financeiro e seguem com o gabinete da crise acionado. 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está analisando as condições do mercado para, caso julgue necessário, conversar com investidores. Nesta segunda, o BC oferta 40.000 contratos de swap cambial em leilão, 9h30 às 9h40, resultado a partir das 9h50. O BC oferta até 8.000 contratos de swap cambial para rolagem dos contratos de 1 de junho, 11h30 às 11h40, resultado a partir das 11h50. Já o Tesouro faz leilões extraordinários de LTN, NTN-F e NTN-B. 

Agenda da semana

A agenda econômica desta semana ganha força com IPCA-15, que pode cair para menos de 4% em 12 meses, em momento de volatilidade nos juros. O indicador será revelado na terça-feira às 9h pelo IBGE. Já os EUA têm PIB na sexta às 9h30 e ata do FOMC na quarta às 15h.

Ainda com relação à política monetária, Haruhiko Kuroda, do BoJ, fala na próxima terça, enquanto o presidente do BCE Mario Draghi fala na quarta.