JBS desaba 30% e tem o pior pregão da história; exportadoras se salvam de “sell off” e saltam até 7%

Confira os principais destaques de ações da bolsa desta segunda-feira (22)

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado brasileiro voltou a sofrer com a crise política nesta segunda-feira (22). O Ibovespa caiu 1,54% nesta sessão, a 61.673 pontos, com apenas 11 das 58 ações fechando no positivo, com destaque para as exportadoras, que ganham com a escalada do dólar. 

Do lado negativo, chamou atenção a JBS, que desabou mais de 30% com uma série de notícias que deixam o cenário para a empresa ainda mais nebuloso. Nesta tarde, a Moody’s cortou o rating da companhia, enquanto o escritório de advocacia Rosen Law Firm abriu um novo chamado para interessados participarem de uma possível ação de classe contra a empresa.

Na sequência, apareceram as ações da Rumo, que desabaram mais de 10%. A empresa, que tem forte exposição de sua dívida à Selic, sofre com as incertezas quanto à aprovação das reformas, que seriam essenciais para a continuidade do ciclo de queda de juros. Hoje, o Itaú BBA excluiu a Rumo e mais 5 ações (entre às expostas a juros e os papéis com beta elevado) de sua carteira “Brazil Buy List”. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da bolsa desta segunda-feira:

JBS (JBSS3, R$ 5,95, -31,69%)
As ações da JBS desabaram mais de 30%, no pior pregão da história e fecharam no menor patamar desde julho de 2013, entre corte de rating pela Moody’s, possível processo nos EUA, leniência recusada e investigação de “insider trading”. 

Veja abaixo:

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1) Corte da Moody’s
A agência de classificação de risco Moody’s cortou em uma nota o rating da JBS e de sua subsidiária JBS USA, bem como colocou as classificações de risco de ambas as empresas em revisão para novos rebaixamentos, conforme relatório nesta segunda-feira. O rating da JBS foi reduzido para ‘Ba3’ ante ‘Ba2’, enquanto a dívida garantida da JBS USA teve a nota cortada para ‘Ba2’ ante ‘Ba1’ e a da dívida não garantida da JBS USA passou para ‘Ba3 ante Ba2’.

2) Processo nos EUA
O escritório de advocacia americano Rosen Law Firm abriu um novo chamado para interessados em participar de uma possível ação de classe contra a JBS, motivada pelos impactos da delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa. 

3) Leniência recusada
 Além disso, o grupo J&F, controlador da JBS, ainda não fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF), que inicialmente previa a proposta de pagamento de multa de 11,2 bilhões de reais, mas as negociações continuarão durante a semana, informou uma fonte próxima da companhia à Reuters. Segundo essa fonte, o que está em discussão é justamente o montante a ser pago de multa. Ainda não houve um consenso nessa questão e as conversas seguirão na próxima semana.

Segundo o Ministério Público Federal, o acordo de leniência com o grupo empresarial não foi fechado devido a divergências sobre o valor da multa a ser paga pelo conglomerado. Enquanto os procuradores defendem a multa de 11,2 bilhões de reais em 10 anos, a holding que controla a JBS propôs pagar 1 bilhão de reais, de acordo com o comunicado.

4) Investigação de “insider trading”
Por fim, a JBS entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado financeiro, desde que vieram à tona na quarta-feira as denúncias de Joesley Batista. O frigorífico é investigado pela autarquia por suposto “insider trading” (manipulação do mercado) em cinco processos administrativos. A CVM quer saber, sobretudo, se a JBS se beneficiou de informações privilegiadas para comprar dólar no mercado futuro – informação antecipada pela colunista Sonia Racy – e também na emissão de ações pelo acionista controlador do grupo – a FB Participações -, antes da denúncia virar notícia e abalar o mercado. O indício de irregularidade foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF). A autarquia também está de olho em movimentações no mercado derivativo feitas pelo banco Original, controlado pelo grupo, e pediu “esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS”.

Petrobras (PETR3, R$ 14,31, -0,69%; PETR4, R$ 13,40, -1,62%)
As ações da Petrobras se descolaram dos preços do petróleo e caem forte em meio às incertezas políticas, que voltam a abalar o mercado. Hoje, o Itaú BBA divulgou uma revisão da sua carteira “Brazil Buy List” e optou pela exclusão dos papéis da Petrobras (mais informações abaixo).  

Os contratos do petróleo WTI fecharam esta segunda-feira em alta de 1%, a US$ 50,73 o barril. 

“Buy List” do Itaú BBA
Em meio às incertezas políticas que abalaram o mercado na semana passada e com expectativas de que a alta volatilidade persista, o Itaú BBA optou por revisar sua carteira “Brazil Buy List” nesta segunda-feira.

Foram removidas as ações da Smiles (SMLE3, R$ 59,00, -6,35%), Rumo (RAIL3, R$ 7,90, -10,94%), Iguatemi (IGTA3, R$ 30,70, -4,12%), Lojas Americanas (LAME4, R$ 14,01, -3,04%), Petrobras (PETR4, R$ 13,40, -1,62%) e Gerdau (GGBR4, R$ 9,40,  -1,67%).

Por outro lado, foram incluídas as ações da Embraer (EMBR3, R$ 16,21, +7,00%), Minerva (BEEF3, R$ 10,05, +6,35%), Suzano (SUZB5, R$ 14,98, +6,24%), Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 45,42, -1,11%), Hypermarcas (HYPE3, R$ 29,18, -1,12%) e Ultrapar (UGPA3, R$ 73,32, +0,04%).

Com essas alterações, os analistas do Itaú BBA comentam que reduziram o beta – que mede a sensibilidade de uma ação em relação ao Ibovespa – do portfólio de 1,20 para 0,60, em meio à expectativa de que a alta volatilidade do mercado continue para as próximas semanas.

Exportadoras 

Além da revisão da carteira “Buy List” do Itaú, que incluiu alguns exportadoras, essas ações subiram hoje também com a escalada do dólar. Entre as maiores altas do Ibovespa, apareceram as empresas do setor de papel e celulose – Fibria (FIBR3, R$ 35,20, +6,99%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,98, +6,24%) -; de alimentos BRF (BRFS3, R$ 42,90, +6,06%); e a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 16,21, +7,00%). O dólar comercial fechou em alta de 1,07%, a R$ 3,2907 na compra e R$ 3,2922 na venda.  

A ação da Fibria, inclusive, foi uma das indicações de proteção de carteira do programa “InfoMoney na Bolsa” na semana passada, após “bomba” atingir o governo e derreter os ativos de risco brasileiros (veja aqui). 

Vale (VALE3, R$ 27,92, +2,46%; VALE5, R$ 26,41, +2,76%)
Entre alta do dólar e do minério de ferro, as ações da Vale também conseguiram se salvar do dia de “sell off” da bolsa. Já as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 18,67, +0,54%) – holding que detém participação na mineradora – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,40, -1,67%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,26, -3,62%), CSN (CSNA3, R$ 6,92, +0,29%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,89, -0,26%) fecharam entre perdas e ganhos. 

Hoje, o minério de ferro cotado no Porto de Qingdao, na China, subiu 0,8%, a US$ 63,19 a tonelada. 

Sabesp (SBSP3, R$ 27,56, -3,97%)

Na sexta-feira, a Sabesp divulgou o novo cronograma da revisão tarifária, sendo que a nota técnica preliminar agora é esperada para 31 de julho (originalmente seria divulgado dia 15 de Maio). “Ainda é muito cedo para ter qualquer visibilidade do que esperar nessa revisão, mas se o governo do Estado de São Paulo está considerando fazer um aumento de capital que seja atrativo para os investidores, é muito importante que a revisão tarifária seja positiva”, afirma o BTG Pactual.

Alpargatas (ALPA4, R$ 10,64, -5,25%)

Em meio ao turbilhão político envolvendo a controladora J&F Investimentos, a calçadista Alpargatas, fabricante dos chinelos Havaianas, poderá encontrar dificuldades em seu plano de migração para o Novo Mercado, segmento de mais elevada governança corporativa da B3 (novo nome da BM&FBovespa), destaca o jornal Valor Econômico.

Um grupo de acionistas detentores de papéis preferenciais da companhia se articula para votar contra a proposta de conversão das ações PN em ON, à proporção de 1,3 para 1, em assembleia a ser realizada em 2 de junho. 

Braskem (BRKM5, R$ 31,56, +0,45%)

A Braskem informou que não conseguiu entregar 20-F; a  NYSE dá prazo de 6 meses. A companhia não tem cronograma para arquivar formulário, já que busca mensurar o impacto nos resultados do acordo assinado com as autoridades para acabar com a investigação de corrupção, diz Braskem em comunicado ao mercado.

A empresa celebrou acordo global com governos do Brasil, EUA e Suíça
Braskem diz no comunicado que NYSE estabeleceu prazo de 6 meses para arquivo do formulário 20-F. 

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,88, -1,97%)

O Itaú Unibanco informou que o pedido de IPO do IRB não será apresentado nesse momento. As subsidiárias Itaú Seguros e Itaú Vida e Previdência, acionistas do IRB-Brasil Resseguros, ratificaram a decisão em assembleia geral extraordinária do IRB realizada nesta sexta, disse o Itaú em comunicado ao mercado.

As empresas também ratificaram pedir autorização para oferta pública secundária de ações ordinárias do IRB. Os pedidos não serão apresentados à CVM nesse momento porque dependem de conjuntura favorável do mercado de capitais, disse o comunicado. O Bradesco e BB Seguridade também divulgaram comunicados ratificando aprovação.