Ibovespa sobe após divulgação de delação, mas tem pior semana em 5 anos; dólar cai quase 4%

Mercado tenta se acalmar após divulgação de delação dos irmãos Batista, mas ainda buscar explicações sobre futuro impacto na economia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A divulgação do áudio da conversa do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista trouxe uma percepção de menor fragilidade do peemedebista em meio às acusações de suposto envolvimento na compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e o operador Lúcio Funaro, levando o mercado a se acalmar um pouco nesta sexta-feira (19).

Apesar disso, o Ibovespa fechou longe da máxima do dia – quando avançou 3,07% -, encerrando o dia com alta de 1,69%, aos 62.639 pontos. O volume financeiro ficou acima da média, em R$ 13,516 bilhões, mas ainda bem abaixo dos R$ 24 bilhões da véspera. No acumulado da semana, o índice fechou com perdas de 8,18%, no pior desempenho semanal desde o período entre 14 e 18 de maio de 2012.

O dólar comercial, por sua vez, caiu 3,89%, para R$ 3,2571 na venda – o que não evitou ganhos de 4,15% no acumulado da semana -, na mínima do dia. Enquanto isso, o contrato futuro de dólar com vencimento em junho recuou 3,46%, sinalizando cotação de R$ 3,263.

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Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíram 39 pontos-base, a 9,68%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 19 pontos-base, a 11,19%, após ambos os contratos operarem no limite máximo estabelecido pela B3 durante todo o pregão da véspera.

Na noite da última quinta-feira, foram divulgados os áudios da conversa de Temer com Joesley Batista que, na avaliação do governo, foram inconsistentes sobre a acusação de que o presidente deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Nesta sexta foi divulgada a delação dos irmãos Batista na íntegra, incluindo, além de Aécio e Temer, diversos políticos, ministros e executivos. Clique aqui para saber mais.

Destaques da Bolsa

Nas maiores altas desse dia de leve recuperação, duas estatais que foram fortemente penalizadas ontem: a Cemig, que chegou a cair 42% na quinta-feira e fechou em baixa de 20,43%. Já os papéis do Banco do Brasil, que foi o mais penalizado entre os 4 grandes bancos da bolsa, subiram 4% hoje.

Já as ações da Petrobras subiram cerca de 4% nesta sessão. Ontem, os papéis ONs da estatal caíram 10,68%, enquanto os PNs afundaram 15,05%. Contribuíram para o sentimento positivo de hoje também a alta dos preços do petróleo no mercado internacional.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,42 +12,47 -7,92 154,83M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 17,43 +8,94 +12,23 51,90M
 SMLE3 SMILES ON 63,00 +8,60 +51,13 72,56M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,90 +7,38 +22,78 80,72M
 CSNA3 SID NACIONALON 6,90 +7,14 -36,41 58,44M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 TIMP3 TIM PART S/AON 9,37 -3,00 +20,38 67,16M
 EMBR3 EMBRAER ON 15,15 -1,62 -4,49 71,41M
 BRFS3 BRF SA ON 40,45 -1,20 -16,17 211,46M
 BRKM5 BRASKEM PNA 31,42 -1,07 -8,26 105,22M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,62 -0,96 +14,00 509,35M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 35,58 +2,60 1,04B 567,63M 52.768 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,62 +3,57 963,37M 606,62M 77.092 
 BBDC4 BRADESCO PN 27,75 +1,65 679,27M 366,73M 48.085 
 VALE5 VALE PNA 25,70 +0,63 631,61M 705,33M 37.491 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,62 -0,96 509,35M 281,03M 40.781 
 BBAS3 BRASIL ON 27,98 +3,32 503,91M 254,82M 42.440 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,15 +2,02 408,00M 238,97M 52.238 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,16 +0,66 311,89M 163,31M 49.883 
 CIEL3 CIELO ON 22,69 +3,61 300,39M 181,28M 22.705 
 PETR3 PETROBRAS ON 14,41 +0,98 280,73M 149,34M 27.417 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

O dia depois do caos

Após a hecatombe nos mercados em meio à eclosão da crise política com a delação da JBS – com o Ibovespa desabando 8,8% ontem com mercado preocupado com a governabilidade após crise do áudio e o dólar disparando 7,5% – o mercado brasileiro começa a sinalizar um respiro.

Na noite da última quinta-feira, foram divulgados os áudios  da conversa de Temer com Joesley Batista que, na avaliação do governo, foram inconsistentes sobre a acusação de que o presidente deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Ontem, Temer negou que renunciaria e afirmou ao G1 que a montanha pariu um rato;” o que ele [Joesley] disse e que eu concordei é que ele estava se dando bem com Eduardo Cunha, por isso falei mantenha isso”. Não houve divulgação de transcrição oficial do diálogo liberado pelo STF e novos trechos ainda podem vir a público, diz a Folha de S. Paulo. 

Segundo Coluna do Estadão, interlocutores de Temer acharam áudios inconsistentes; ordem é passar imagem de serenidade e Temer avalia pronunciamento nesta linha hoje.

Os efeitos da denúncia

As denúncias feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, contra o presidente Michel Temer desencadearam a apresentação de oito pedidos de impeachment para afastar o peemedebista da presidência da República.

A delação premiada de Batista foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer.

O PPS divulgou nota ontem em que informa ter deixado a base aliada do presidente Michel Temer. Em nota, o partido diz que, diante da delação premiada “de sócios da JBS envolvendo o presidente Michel Temer e da gravidade da denúncia”, decidiu deixar o governo federal. Outro partido, o recém-criado Podemos (antigo PTN) divulgou nota dizendo que deixa a base aliada de Temer. Com 13 deputados, o Podemos integrava o bloco parlamentar do PP e do PTdoB, também da base aliada.

Vale destacar ainda que, segundo o Estadão, a delação da JBS não implica apenas o presidente Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves. Nesta sexta-feira, vão ser divulgadas delações que ” atingem mortalmente, pela ordem, os ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e o ex-chanceler e ex-presidenciável José Serra (PSDB)”.

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.