“Bomba” atinge o governo Temer: saiba como se preparar para o pregão de amanhã

No exterior, as primeiras reações já são sentidas: o ETF EWZ, que representa as ações com maior peso no Ibovespa, desabou 14% no "after market" da Bolsa de NY

Paula Barra

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SÃO PAULO –  As ações brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York despencaram após a informação de que o dono da JBS, Joesley Batista, gravou o presidente Michel Temer dando aval para a compra do silêncio de Eduardo Cunha e dão as primeiras sinalizações do que deve ser visto no pregão de amanhã da B3.

No after market do pregão americano, o ETF (Exchange Traded Fund) EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que representa os papéis com maior peso no Ibovespa, desabou 14% nesta quarta-feira (17). Os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras, que funcionam como “recibos de ações” negociados em Nova York, desabaram 11,08%, a US$ 9,15. No pregão regular, que termina às 17h (horário de Brasília), os ativos da estatal haviam caído 1,53%, a US$ 10,29. 

“Apenas combinando o movimento do EWZ com o noticiário de hoje já da para ver que a abertura do pregão de amanha será muito feia. Só que há mais em jogo, dado que a notícia veio em um momento muito complicado –  qualquer momento seria ruim, mas o que faz ser o pior dos mundos é que ela vem em uma situação em que o mercado está muito comprado”, comenta o analista técnico Raphael Figueredo, da Clear Corretora, em um vídeo gravado em seu canal do YouTube poucos minutos após ser revelada a “gravação bomba” da JBS. 

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Segundo ele, o que tem de diferente nesse momento e que pode trazer ainda mais pressão vendedora aos ativos brasileiros é que estamos em uma situação de mercado muito comprador ao longo dos meses de março, abril e maio, lembrando que o Ibovespa vem testando novas máximas e se aproximava dos 70.000 pontos. 

“O mercado vem há 3 meses solidificando uma mudança na economia, com dados positivos. Já conseguíamos sentir o cheiro de melhora e, portanto, acreditar que a bolsa ia continuar compradora e os juros caindo, em meio à ideia de que a reforma da Previdência ia passar. Então o mercado vinha muito forte e essa notícia cai como um balde d’água fria total em todo o mercado e certamente amanhã teremos uma abertura do Ibovespa com muita queda e o dólar para cima, provavelmente testando os R$ 3,20, que o limite que o Banco Central vem colocando”, comenta Figueredo. 

Dado o grau de incerteza do mercado, ele indica aos traders mais iniciantes que zerem as operações e optem por ficar fora do mercado amanhã. “Por mais que a volatilidade gere oportunidades, esse é um momento muito complicado”, avalia.

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Na mesma linha, Leandro Ruschel, diretor da Liberta Global, escola internacional de investidores do Grupo L&S, avalia que essa movimentação do mercado – já no “after market” de NY – precifica um aumento brutal da incerteza, com a possibilidade de Temer renunciar, ser cassado pelo TSE ou mesmo sofrer um processe de impeachment. Em relação à reforma da previdência, que era uma condição necessária para equilibrar as contas públicas, com esse cenário fica inviável uma aprovação, comenta.

“Tudo isso ocorre no momento que o País apresentava os primeiros sinais de retomada da economia e retomada dos investimentos, depois da pior recessão da história em termos de evolução do PIB”, acrescenta Ruschel.

No caso de queda de Temer, deverá haver novas eleições, diretas ou indiretas, dependendo de parecer do STF ou de mudanças na Lei. “No caso de eleições diretas, o grande medo do mercado é uma possível eleição de Lula, o que seria uma grande tragédia para o país, ou então a eleição de algum candidato extremista”, afirma o especialista, complementando: “Volta o país ao caos, comparável à época do impeachment”.

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Veja abaixo a análise completa do analista Raphael Figueredo: