Crise de Trump derruba Ibovespa, que cai 1,7% e encerra sequência de 6 altas; dólar sobe mais de 1%

Índice afunda junto com Wall Street, onde os três principais índices tiveram a pior sessão em 10 meses

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O clima de pessimismo no exterior em meio às incertezas com relação aos Estados Unidos contaminou o mercado brasileiro nesta quarta-feira (17), com os investidores aproveitando o ambiente de menor apetite por riscos para embolsarem os lucros de seis pregões consecutivos de alta. Enquanto isso, Wall Street registrou o pior dia da bolsa em 10 meses, com o Nasdaq caindo 2% e o S&P 500 e Dow Jones recuando 1,5% cada.

Por aqui, o Ibovespa fechou com perdas de 1,67%, aos 67.540 pontos, com apenas três das 58 ações do índice registrando ganhos. O volume financeiro ficou em R$ 8,104 bilhões. No radar dos investidores, em nível doméstico, destaque para o noticiário corporativo movimentado e a reforma da Previdência, enquanto a crise que Trump enfrenta pesou no cenário externo.

Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 ficaram estáveis a 8,97%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 fecharam com ganhos de 9 pontos-base, a 9,59%, em movimento de correção após o forte mergulho acumulado nas últimas sessões. Os contratos de dólar futuro com vencimento em junho deste ano, por sua vez, subiram 1,06%, sinalizando cotação de R$ 3,141, enquanto o dólar comercial subiu 1,23%, cotado a R$ 3,1337 na venda.

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A crise política no governo Donald Trump se agrava após o jornal The New York Times informar que o presidente norte-americano pediu ao então diretor do FBI James Comey para encerrar uma investigação sobre as ligações entre o então conselheiro de segurança nacional da Casa Branca Michael Flynn e a Rússia.

Desta forma, os crescentes receios sobre a turbulência engolfando o presidente Trump pesam sobre o apetite por risco, impulsionando ativos considerados portos seguros e abatendo as ações e moedas de emergentes. Iene, libra e franco suíço lideraram as altas entre principais moedas.

Destaques da Bolsa

As ações da JBS estenderam derrocada de 8% ontem, quando lideraram as perdas do Ibovespa, após balanço fraco do 1° trimestre. Hoje, os investidores acompanharam a notícia de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que sua presidente, Maria Silvia Bastos Marques, criou uma comissão de apuração interna para avaliar todos os fatos relacionados às operações realizadas pelo banco com a JBS.

O anúncio acontece após a Polícia Federal ter deflagrado na sexta-feira operação que investiga fraudes e irregularidades na liberação de apoio do BNDES à JBS de 8 bilhões de reais. Segundo o comunicado, a criação da comissão atende o interesse da diretoria e dos empregados do BNDES na “apuração dos atos e fatos relacionados a essas operações”.

De acordo com o jornal O Globo, a área técnica do TCU (Tribunal de Contas da União) calculou em R$ 711,3 milhões o prejuízo que o BNDES teve com operações de compra de ações e debêntures (títulos de dívida) do JBS. Os auditores chegam a afirmar que houve “cessão graciosa de dinheiro público” para a empresa. O material é um dos elementos que levaram à Operação Bullish da Polícia Federal, deflagrada na semana passada.

As ações da Petrobras caíram apesar do dia de alta dos preços do petróleo no mercado internacional. Essa é a primeira queda das ações PNs da estatal após seis pregões seguidos de ganhos, quando acumularam valorização de mais de 11%. No radar, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse ontem em evento no Rio de Janeiro, que a Petrobras exercerá o direito de preferência em algumas áreas nos dois leilões de petróleo do pré-sal brasileiro marcados para o segundo semestre.

O ministro lembrou que as próximas rodadas dos campos de concessão e a segunda e terceira rodadas do pré-sal estão previstos para ocorrer em 27 de setembro e 27 de outubro. As rodadas de óleo e gás deste ano poderão gerar para os cofres públicos entre R$ 8,5 bilhões e R$ 9 bilhões, destacou o ministro.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 15,00 -5,00 -5,43 69,06M
 SMLE3 SMILES ON 67,46 -4,97 +61,83 36,56M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,88 -4,04 +4,08 22,16M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,48 -3,98 -31,06 62,05M
 JBSS3 JBS ON 9,50 -3,65 -16,40 185,39M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRML3 BR MALLS PARON 13,66 +0,81 +2.884,49 53,63M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,27 +0,64 +50,13 134,29M
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 26,15 +0,08 +4,63 33,95M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 39,43 -2,04 538,55M 468,48M 25.246 
 VALE5 VALE PNA 25,44 -1,93 535,00M 666,71M 26.574 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,61 -0,57 465,61M 550,95M 39.454 
 BBDC4 BRADESCO PN 31,42 -1,97 306,13M 317,98M 19.941 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,64 -0,91 237,45M 249,48M 23.221 
 BBAS3 BRASIL ON 33,81 -2,71 218,81M 225,64M 16.906 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 20,50 -0,68 188,07M 215,00M 22.603 
 JBSS3 JBS ON 9,50 -3,65 185,39M 108,43M 54.741 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,07 -1,95 178,17M 143,27M 55.400 
 BRAP4 BRADESPAR PN 18,45 -2,38 173,56M 40,91M 12.158 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Estoques de petróleo
Os estoques norte-americanos da commodity diminuíram em 1,75 milhão de barris na semana encerrada em 12 de maio, segundo dados divulgados na manhã desta quarta-feira pela EIA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês). A mediada das estimativas da Bloomberg indicava queda de 2,47 milhões de barris.

Na semana passada o indicador apontou para 5,25 milhões de barris de redução. Já os estoques de gasolina caíram em 413 mil barris no mesmo período, contra projeção de queda de 924,5 mil. Na semana anterior, o indicador havia apontado para queda de 150 mil barris.

Reforma da Previdência
O noticiário sobre a reforma da Previdência segue movimentado. As negociações avançam e líder prevê 330 votos em votação no fim de maio, mas algumas concessões feitas ou discutidas pelo governo são criticadas por membros da base, da oposição e da própria Fazenda. O governo está buscando medidas para compor um pacote de bondades que pretende apresentar após a aprovação da reforma da Previdência no Congresso.

Vale destacar ainda que, de acordo com fonte ouvida pela Bloomberg, a discussão iniciada no Planalto sobre ampliar a faixa de isenção na tabela do Imposto de Renda não está sendo bem recebida dentro do Ministério da Fazenda devido ao alto custo e difícil compensação. A Fazenda tem dúvidas se o Congresso irá aprovar uma tributação de dividendos, disse a pessoa. O Planalto não apresentou à equipe econômica, até o momento, outra fonte de compensação. Segundo afirmou Temer na segunda-feira, aumentar a faixa de isenção IR seria útil, mas complicado. 

Noticiário político

O noticiário político segue movimentado. Para a Agência Brasil, o advogado Fernando Martins confirmou que Eike Batista iniciou uma conversa com o Ministério Público Federal para uma delação para tentar reduzir punições da Justiça, mas essa não é uma decisão da defesa. “Essa questão é um meio de defesa, mas é puramente uma decisão do cliente e não me manifesto nem favorável nem contrário. O cliente é quem tem o entendimento sobre esta questão”, disse. 

Já na noite de ontem, a Segunda Instância da Justiça Federal em Brasília derrubou  a decisão que suspendeu, na semana passada, as atividades do Instituto Lula. Ainda sobre o ex-presidente Lula, os procuradores da Lava Jato apresentaram documentos que contradizem fala do petista ao juiz Sérgio Moro na semana passada. Ele disse que um presidente da República “não tem reunião específica com diretor” da Petrobras e citou duas exceções no seu governo. A Procuradoria, porém, anexou ao processo agendas que mostram ao menos 23 reuniões e viagens de Lula com diretores da estatal, destaca a Folha de S. Paulo.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.