CDS na mínima em 2 anos, dólar a R$ 3,10, Bolsa em alta e juros em queda: o mercado se empolgou?

Pela quinta sessão seguida o Ibovespa subiu e o dólar caiu; enquanto isso, analistas já falam em corte de 125 bps da Selic

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a quinta alta seguida nesta segunda-feira (15), caminhando para sua máxima do ano, atingida em fevereiro aos 69.050 pontos. Enquanto isso, o dólar voltou para o patamar de R$ 3,10 e os juros seguem sua derrocada com o mercado precificando um corte de 125 pontos-base na Selic no fim deste mês. Estaria o mercado empolgado demais?

Além de um cenário mais benigno no exterior, com recuperação das commodities após forte queda nas últimas semanas, dados recentes da economia brasileira e um maior otimismo com a reforma da Previdência têm sustentado as altas do Ibovespa. Após as alterações do projeto e com a forte investida do governo, investidores se mostram animados de que a reforma conseguirá passar na Câmara dos Deputados.

“Além do cenário externo, com commodities, há um ambiente melhor para aprovação da Previdência em primeiro turno, com governo jogando bem pesado”, disse Ricardo Gomes da Silva, superintendente de câmbio da corretora Correparti em Curitiba. Analistas em geral apontam eu a melhora do humor com a Previdência e o cenário externo favorecendo deve seguir ajudando a bolsa brasileira.

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“A cada dia que passa, vamos tendo algumas notícias mais positivas saindo” a respeito do andamento da reforma da Previdência no Congresso e a questão principal que será monitorada pelo mercado será justamente a marcação para data de votação, disse Matheus Gallina, trader de renda fixa da Quantitas Gestão de Recursos, em entrevista para a Bloomberg.

“Agendamento [da votação da reforma] deve significar que governo está bem encaminhado e, concretizando-se, será outro fator benéfico que pode ajudar mercados”, afirmou Gallina. Apesar disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje que ainda não decidiu quando será votada em plenário a reforma da Previdência.

Todo esse otimismo levou o CDS do Brasil para seu quinto dia seguido de perdas nesta segunda, caindo abaixo de 200 pontos-base, no menor nível desde janeiro de 2015. Mais cedo, o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto) sinalizou o fim da pior recessão da história do País.

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A atividade econômica cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre de 2016, mostrou o Índice de Atividade Econômica do Banco Central. Em março, o índice dessazonalizado apresentou queda de 0,44% em relação a fevereiro. Na comparação entre março deste ano e março de 2016, houve crescimento de 1,05%.

Isso ajudou a impulsionar as mudanças de análises sobre o futuro dos juros no País, algo que já ocorre há alguns dias. O mercado intensificou ainda mais as apostas em corte mais agressivo da taxa básica de juros na reunião de 31 de maio do Copom (Comitê de Política Monetária), com o Itaú revisando projeção de corte de 100 pontos-base para 125 pontos-base depois da pesquisa semanal Focus, do Banco Central, cortar projeções para inflação, corroborando para expectativas de taxa de juros menor. 

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíram 11 pontos-base, a 9,00%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 6 pontos-base, a 9,60% nesta sessão. Segundo Pablo Spyer, diretor de mesa de operações da Mirae Asset, o mercado precifica neste momento 76% de probabilidade de um corte de 125 pontos-base na próxima reunião; e 24% de chance de 100 pontos-base.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.