Ibovespa firma alta e supera 66 mil pontos, de olho em Previdência e com repique das commodities

Índice sinaliza sessão de otimismo no embalo das commodities e bolsas mundiais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O fim do sell-off das commodities e do movimento de correção das bolsas mundiais com a confirmação do centrista Emmanuel Macron na presidência da França favorece um pregão positivo na B3 nesta terça-feira (9). Às 13h43 (horário de Brasília), o Ibovespa acumulava variação positiva de 1,32%, a 66.388 pontos. No radar dos investidores, atenção para os dados da China que serão divulgados nesta noite, além da votação dos destaques da reforma da Previdência em comissão especial na Câmara dos Deputados. Ainda na agenda doméstica, chama atenção o noticiário envolvendo a operação Lava Jato e o radar corporativo com a temporada de balanços.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 recuavam 5 pontos-base, a 9,35%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 caíam 6 pontos-base, a 9,88%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em junho deste ano caíam 0,50%, sinalizando cotação de R$ 3,201.

Confira ao que se atentar neste pregão:

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Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Vale (VALE3; VALE5) reagem ao dia de alta do minério de ferro no mercado à vista, com a commodity negociada no Porto de Qingdao, na China, fechando em alta de 1%, a US$ 60,75 a tonelada, além de duas notícias para a mineradora. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, a mineradora deve ter saída de outros executivos após Murilo Ferreira. Roger Downey e Humberto Freitas também estão saindo da companhia. Ainda no noticiário da companhia, ela vendeu fatia na Pangea Emirates Limited à Mitsui & Co.

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) divergem o dia negativo para o petróleo e sobem nesta sessão. Lá fora, os contratos do petróleo WTI caem 0,32%, a US$ 46,28 o barril, enquanto os do Brent recuam 0,39%, a US$ 49,15 o barril. No radar da companhia, a Bloomberg informa que a Petrobras negocia a venda de Pasadena por US$ 1 bilhão a menos do que pagou. Além disso, nesta manhã, a Petrobras disse que não há nenhuma deliberação de sua diretoria executiva ou Conselho de Administração sobre o modelo de venda da unidade de combustíveis, a BR Distribuidora.

O comentário da petroleira foi divulgado após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira dizer que a Petrobras voltou a cogitar a hipótese de uma abertura de capital da BR Distribuidora como forma de levantar recursos sem vender o controle da companhia a um sócio.

As ações dos bancos têm alta hoje, com destaque para o Banco do Brasil (BBAS3), que tem dia de repique após queda de mais de 2% com início das operações de vendas das ações da instituição pelo Fundo Soberano no prazo de até 24 meses. Ontem, uma notícia da Bloomberg apontava que a ideia do governo é vender sempre pequenos montantes das ações do banco para não impactar no prazo. Em comunicado enviado ao mercado na última sexta-feira, o Tesouro Nacional comentava que as vendas serão feitas “à medida que as condições de mercado permitirem, sempre com o objetivo de maximizar a receita oriunda da venda dos ativos do fundo”.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPLE6 COPEL PNB EDJ 27,03 +6,00 +2,61 14,03M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,85 +5,24 +22,16 26,91M
 QUAL3 QUALICORP ON ED 24,24 +4,48 +28,73 65,00M
 ELET3 ELETROBRAS ON 16,52 +3,44 -21,77 6,14M
 GGBR4 GERDAU PN 9,50 +3,37 -12,04 32,08M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LAME4 LOJAS AMERICPN 17,27 -0,46 +1,74 68,02M
 VIVT4 TELEF BRASILPN ED 46,95 -0,11 +10,77 23,18M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Agenda de indicadores
Na agenda dos EUA, às 11h, serão divulgados os dados de estoque do atacado com relação ao mês de março, com expectativa de leve queda de 0,1% na comparação mensal. Ainda nos EUA, atenção para as falas dos dirigentes do Federal Reserve: Neel Kashkari, do Fed-Minneapolis, fala às 10h00; Esther George, Fed-Kansas, fala às 12h40; Eric Rosengren, Fed-Boston, fala às 14h00; Robert Kaplan, Fed-Dallas, fala às 17h15.

Já na China, às 22h30, serão revelados os preços ao consumidor e ao produtor em relação ao mês de abril, com expectativa de altas respectivas de 1,1% e 6,7% na base de comparação anual. 

No Brasil, às 8h, foram revelados os dados do IGP-DI de abril pela FGV, que registrou queda de 1,24% na comparação mensal, acima do recuo de 1,04% esperado por economistas. 

Reforma da Previdência

A Comissão Especial da Reforma da Previdência vota hoje os destaques apresentados ao texto elaborado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA). Estão pendentes de análise dez destaques ou sugestões de mudanças no texto que altera a proposta de emenda à Constituição (PEC 287/16), encaminhada pelo governo. 

O presidente da comissão, Carlos Marun (PMDB-MS), disse ontem (8) que a intenção é terminar a votação ainda nesta terça-feira. “Começamos às 9h30, temos dez destaques e vamos reiniciar os trabalhos exatamente de onde paramos. Minha expectativa é de que por volta das 16h consigamos concluir o trabalho”, disse. O governo aposta na rejeição de todos os destaques da Previdência, pois possui ampla maioria na comissão, ressalta o jornal Valor Econômico. Já o jornal O Globo destaca que o governo quer votar a previdência em plenário no dia 24 ou 31 deste mês. 

Operação Lava Jato

O noticiário sobre a Operação Lava Jato também segue movimentado. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), seja declarado impedido de relatar o habeas corpus (pedido de liberdade) do empresário Eike Batista, solto há duas semanas por força de uma decisão liminar (provisória) expedida pelo ministro.  O pedido de Janot baseia-se no fato de que a mulher do ministro Gilmar Mendes, Guiomar Mendes, é sócia do escritório do advogado Sérgio Bermudes, que atua em diversos processos ligados a Eike Batista. O procurador-geral da República quer também que seja anulada a liminar que libertou o empresário. Segundo a coluna Painel, da Folha, o pedido de impedimento do ministro ampliou o clima de tensão no Supremo, já agudo desde a semana passada. Com a ofensiva de Janot sobre Gilmar, a pressão recai sobre a presidente da corte, Cármen Lúcia. Ela pode decidir a questão sozinha ou encaminhar o caso ao plenário. 

Já o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deve decidir ainda hoje sobre o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar a data do depoimento dele ao juiz Sergio Moro, marcada para amanhã. A defesa de Lula afirma que precisa de no mínimo três meses para analisar documentos da Petrobras, que somariam cerca de 100 mil páginas e foram incorporados ao processo no fim de abril. Segundo a Folha, a defesa de Lula não acredita que o pedido seja acatado, mas apresentou o pleito na segunda instância para causar constrangimento ao juiz e forçar a tese de que há cerceamento de defesa.

Por fim, a defesa do presidente Michel Temer pede que o TSE leve em conta a situação política e econômica ao analisar a ação contra a chapa Dilma-Temer. Assim, os advogados voltaram a afirmar que um eventual afastamento dele do cargo teria graves consequências ao Brasil.  No início de abril, os advogados de Dilma Rousseff e os de Temer conseguiram no plenário do TSE mais prazo para apresentar novas alegações finais no processo.

Bolsas mundiais

A sessão é de alta para as bolsas europeias, com destaque para a temporada de balanços no continente e também para a estabilização do preço das commodities, com destaque para a pausa no selloff do minério de ferro, o que ajuda as ações do setor. Entre os dados econômicos, a produção industrial da Alemanha caiu menos do que o esperado em março e o comércio mostrou-se resiliente, sustentando expectativas de crescimento robusto no primeiro trimestre.  A produção industrial caiu 0,4% sobre o mês anterior, melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,6%.

Já na Ásia, o índice de Xangai se recuperou das quedas na sessão e terminou praticamente estável nesta terça-feira, interrompendo a sequência de cinco dias de recuos, mas as persistentes preocupações com as regulamentações financeiras mais rígidas deteve a demanda geral.  A agência de notícias oficial Xinhua publicou editoriais pelo sexto dia consecutivo que destacam a campanha de Pequim para se proteger contra os riscos financeiros. 

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.