Ibovespa salta 1,1% e fecha na máxima do dia: veja os 4 fatores que explicaram a euforia do mercado

Para analista, otimismo do mercado está atrelado a 4 fatores: menor chance de alta de juros nos EUA em junho, recuperação das commodities, manifestações menores do que o esperado e balanços surpresas positivas com os balanços do 1° trimestre; Vale e Petrobras saltam 2%

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa se descolou de Wall Street e subiu nesta sexta-feira (28) pré-feriado, após dois pregões seguidos de ganhos. As ações de peso da Petrobras e Vale alimentaram o otimismo dos investidores, com ganhos de 2%, fazendo contrapeso à queda dos bancos, que corrigiram a euforia da véspera, na esteira do balanço positivo do Bradesco do 1° trimestre. O índice fechou em alta de 1,12%, a 65.403 pontos, na máxima do dia. Na semana, a alta acumulada foi de 2,58%; e no mês, de 0,64%. O volume financeiro movimentado nesta sessão foi de R$ 7,8 bilhões. 

Por outro lado, o dólar comercial, que chegou a romper o patamar dos R$ 3,20 na máxima do dia, virou para o lado negativo e fechou em queda de 0,22%, a R$ 3,1732 na compra e R$ 3,1749 na venda. A formação da Ptax – taxa medida pelo Banco Central e usada para balizar diversos contratos cambiais – deste mês e o feriado do Dia do Trabalho na segunda-feira e que manterá os mercados fechados ajudaram a trazer volatilidade para a moeda nesta sessão. O dólar futuro – negociados sob o ticker DOLM17 – registrou queda de 0,22%, a R$ 3,204. 

Segundo Marco Saravalle, analista da XP Investimentos, o otimismo do Ibovespa hoje foi guiado por 4 fatores. São eles: 1) menores chances de alta de juros na reunião de junho do Federal Reserve, após decepção com o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos no 1° trimestre; 2) recuperação das commodities: minério fechou em alta de mais de 2% no porto de Qingdao, na China, e ajuda a impulsionar a alta de 3% da Vale; a Petrobras sobe mais de 2% também em dia de alta do petróleo; 3) percepção de que as manifestações desta sexta-feira não devem atrapalhar a aprovação das reformas do governo de Michel Temer. Essa leitura pode ser observada pelo comportamento dos juros futuros e o CDS (Credit Default Swap), de 5 anos, que mede o risco de calote do País, e têm quedas hoje; e 4) balanços do 1° trimestre melhores do que o esperado e traz euforias isoladas no mercado, como as altas de 9% das ações do Pão de Açúcar, e 11%, da Cia Hering.

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Para o analista, a alta da bolsa é guiada pela combinação desses fatores. Não somente uma melhora no sentimento interno, dado a leitura de que as greves e protestos de hoje, que parecem, por ora, limitados aos sindicatos, sem envolver a população em geral, mas também pelo fator externo, após o PIB dos EUA reduzir as chances de alta de juros por lá em junho. “Para a reunião de maio, o mercado já precifica em quase 100% que não ocorrerá elevação de juros. A grande preocupação era a reunião de junho, mas após divulgação dos dados da economia americana nesta manhã, as probabilidades de que isso ocorra diminuíram e pode estar ajudando a impulsionar o mercado interno”, comentou. 

Segundo informou o Departamento do Comércio nesta manhã, o PIB dos EUA cresceu 0,70% no 1° trimestre, contra a mediana das estimativas da Bloomberg que apontava uma alta de 1%, o que já sinalizaria uma desaceleração em relação à alta de 2,1% registrada no quarto trimestre de 2016. Esse foi o pior desempenho para o período em três anos.

Já a visão de menor risco interno pode ser observada pela movimentação dos juros futuros e CDS do Brasil de 5 anos, que mostra queda de 2 pontos-base nesta sexta-feira, para 218 pontos, explica o analista. Neste momento, as taxas de juros flutuam com leve viés de baixa. Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíram 3 pontos-base, a 9,48%, ao passo que os juros com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 11 pontos-base, a 10,01%.

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Destaques de ações
Do lado acionário, os papéis da Vale (VALE3; VALE5) subiram forte , guiados justamente pela alta da commodity. O minério de ferro negociado em Qingdao fechou em alta de 2,38%, a US$ 68,80, enquanto o negociado em Dalian subiu 4,41%, a 521 iuanes, com as usinas recompondo estoques. Além disso, o GBM elevou a recomendação dos ADRs da companhia de market underperform para market perform, que também reduziu o preço-alvo dos papéis de US$ 10,70 para US$ 8,00. O movimento positivo na B3 é acompanhado pela holding Bradespar — que detém participação na mineradora — e pelas companhias do setor siderúrgico.

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) disparou, liderando os ganhos dentro do índice, após divulgar na quinta-feira lucro líquido consolidado de 215 milhões de reais para o primeiro trimestre, revertendo prejuízo de 157 milhões de reais registrado um ano antes, em um desempenho novamente apoiado no crescimento da divisão de atacarejo Assaí. O Bradesco BBI destaca o que “parece um desempenho operacional notável no negócio Multivarejo, mas cita alguns receios”.

Também mereceu destaque a terceira prévia do Ibovespa para o período entre maio e agosto, que incluiu novamente as ações da Copel (CPLE6) na carteira teórica do índice. Os papéis PNB da Eletrobras (ELET6) também foram confirmados na carteira.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 71,75 +9,46 +31,05 249,81M
 ELET3 ELETROBRAS ON 18,06 +5,24 -20,82 43,47M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,22 +4,94 +9,23 19,62M
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,60 +4,78 -4,17 76,70M
 CSAN3 COSAN ON 37,11 +3,95 -2,73 39,46M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 10,27 -1,91 -9,91 186,83M
 EGIE3 ENGIE BRASILON 34,00 -0,99 -2,86 36,39M
 TIMP3 TIM PART S/AON ED 10,26 -0,87 +31,82 57,89M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,42 -0,67 +0,15 31,22M
 CIEL3 CIELO ON 24,10 -0,62 +4,74 146,78M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

O Ibovespa apresenta alta de 1,12% e atinge 65.403 pontos; volume financeiro é de R$ 7.782 milhões IBOVESPA

Desemprego marca nova máxima 
No lado doméstico, os investidores monitoraram nesta manhã também a taxa de desemprego, que marcou nova máxima no 1° trimestre, passando de 10,9% um ano antes para 13,7%, segundo apontam dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é a maior taxa de desemprego desde o início do levantamento, em 2012. 

Greve geral

Trabalhadores de dezenas de categorias anunciaram adesão à greve geral convocada para sexta-feira contra as reformas trabalhista e da Previdência, anunciaram movimentos sindicais, que prometeram uma enorme paralisação nacional em protesto contra projetos considerados prioritários pelo governo do presidente Michel Temer.

Funcionários dos transportes públicos, portuários, aeroviários, professores, petroleiros, metalúrgicos e bancários, entre outros, estão entre aqueles que decidiram aderir ao movimento convocado pelas centrais sindicais contra as reformas em tramitação no Congresso, segundo as centrais. Além das paralisações de diversas categorias também foram convocados protestos ao longo do dia em várias cidades do país, como um ato dos grevistas na praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e um protesto convocado pela Frente Brasil Popular e o movimento Povo Sem Medo no Largo da Batata, na capital paulista.

O Palácio do Planalto tenta minimizar o impacto da greve geral convocada pelas centrais sindicais para esta sexta-feira, mas fontes governistas ouvidas pela Reuters admitem que o movimento deve ser maior do que o do mês de março e teme a ação de grupos violentos, especialmente no final do dia. Durante a quinta-feira, em uma série de reuniões, o governo tentou avaliar o tamanho que as manifestações devem atingir, mas fontes palacianas admitem que é difícil avaliar o impacto exato. 

Noticiário político

Enquanto monitora atentamente as greves contra as reformas, o Planalto negocia votos para a Previdência. O governo vai usar os próximos dias para levantar caso a caso a situação dos partidos e deputados que votaram contra o governo na reforma trabalhista e tentar reverter votos contrários, mas já admite estender “por alguns dias” o cronograma da reforma da Previdência para não correr riscos, disseram à Reuters fontes palacianas.

O próprio presidente Michel Temer deve entrar nas conversas, em casos específicos e, segundo a fonte, admite atrasar o cronograma por alguns dias, se for preciso. Conforme informa o jornal O Estado de S. Paulo, o projeto só começará a ser votado no plenário da Câmara no fim de maio, na avaliação do primeiro vice-líder do governo na Casa, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos mais aguerridos parlamentares favoráveis à reforma.

Vale ficar atento ainda ao noticiário sobre a Operação Lava Jato. Segundo o jornal Valor Econômico, da prisão, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha vem passando recados a correligionários no governo, em relatos que se espalham como mais uma das ameaças de delação premiada do peemedebista.