Vale afunda 4% com pessimismo sobre minério, Cemig desaba 10% em 4 dias e 5 ações sobem até 4% após balanços

Confira os principais destaques de ações bolsa desta quinta-feira 

Paula Barra

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SÃO PAULO – Comemorações da aprovação da reforma trabalhista e do balanço do Bradesco foram ofuscadas pela queda de 4% das ações da Vale, que, embora tenha registrado um resultado em linha com a expectativa, acompanhou o desempenho das mineradoras no exterior, que são guiadas por projeções pessimistas para o minério. Os papéis da Petrobras também caíram 2% nesta sessão, pressionadas pelo petróleo. 

A maior queda do Ibovespa, contudo, ficou novamente com as ações da Cemig, que caíram pelo quarto pregão seguido, acumulando no período desvalorização de 10%. Ontem, o JPMorgan cortou a recomendação da ação de overweight (exposição acima da média) para neutra, assim como o preço-alvo de R$ 14,00 para R$ 12,00.

Do lado positivo, o destaque ficava com Localiza e Bradesco, que figuraram como as maiores altas do índice após balanços do 1° trimestre. Os demais papéis do setor financeiro Itaú Unibanco, Itaúsa e Banco do Brasil seguem o movimento positivo. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da bolsa desta quinta-feira:

Vale (VALE3, R$ 26,83, -3,25%; VALE5, R$ 25,60, -4,33%)
Depois subirem mais de 1% no início do dia, em reação ao resultado do 1° trimestre, as ações da Vale perderam força e desabaram 4%, na esteira do movimento das mineradoras no mercado internacional, que eram pressionadas por perspectivas cada vez mais pessimistas sobre os preços do minério de ferro. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 19,60, -2,97%) – holding que detém participação na Vale. 

Veja mais: Se os balanços “foram em linha”, por que a Vale caiu 4% e o Bradesco disparou 3%?

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A Vale registrou alta do lucro líquido de 25% na comparação com os primeiros três meses do ano passado, passando de R$ 6,311 bilhões para R$ 7,981 bilhões, com a ajuda de uma maior produção de minério de ferro.  O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado subiu para R$ 13,523 bilhões, alta de 82,5% em relação aos R$ 7,41 bilhões registrados um ano antes. Em dólares, o Ebitda ajustado foi de US$ 4,31 bilhões, levemente acima das projeções compiladas pelo InfoMoney. A  margem Ebitda ajustada foi de 50,6%, alta de 14,3 pontos percentuais ante os 36,3% registrados na comparação anual.

O Bradesco BBI apontou que o resultado foi em linha com as estimativas, com os embarques de minério de ferro mais baixos do que o esperado em meio à formação de estoques para blending, “provavelmente uma estratégia comercial relacionada aos prêmios
de minério de ferro”.  

No mercado de commodities, o dia foi de leve queda para o minério negociado em Qingdao, com baixa de 0,30%, a US$ 66,42 a tonelada. Mas vale ficar de olho: o sell-off da commodity pode dar sinais de piora, com BHP e Banco Mundial alertando sobre oferta.  E são justamente essas perspectivas que estão afetando as ações da companhia hoje, conforme ressalta o analista da XP Investimentos, Marco Saravalle. Contudo, ele avalia que tanto a alta registrada mais cedo como a queda posterior é exagerada, uma vez que os resultados foram bem em linha com as estimativas. 

De acordo com ele, o mercado está precificando um minério entre US$ 50 a US$ 55, enquanto o analista espera o minério no patamar de US$ 65,00, o que configuraria um potencial de valorização de 30% em relação ao patamar atual dos papéis. 

As siderúrgicas também caíram forte nesta sessão, a CSN (CSNA3, R$ 7,60, -4,28%), Usiminas (USIM5, R$ 4,15, -2,81%) e Gerdau (GGBR4, R$ 9,68, -1,33%). Vale menção que ontem as ações da CSN e Usiminas tenham liderado os ganhos do Ibovespa, enquanto a Vale caiu 2% e a Gerdau recuou 0,3%.  

Bradesco (BBDC3, R$ 32,75, +2,99%; BBDC4, R$ 33,49, +2,92%)

O Bradesco teve lucro líquido ajustado de 4,648 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 13 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, ajudado pelo aumento das receitas com prestação de serviços e pela redução de despesas com provisões de inadimplência.

A avaliação do mercado sobre o resultado do Bradesco, contudo, foi diversa. De acordo com o BTG Pactual, o resultado foi melhor do que o esperado, destacando que o lucro por ação foi 5% maior que o consenso, enquanto o BB Investimentos viu os números como neutros. Já o JPMorgan apontou que a receita foi compensada pelo aumento das provisões. 

As ações dos demais bancos também registram ganhos nesta sessão, também na esteira do maior ânimo do mercado com a aprovação da reforma trabalhista na Câmara dos deputados por 296 votos a 177. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 39,01, +0,57%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,56, +1,40%), que divulgarão seus resultados na primeira quinzena de maio, registram alta superior a 1%. As units do Santander Brasil (SANB11, R$ 26,75, +0,68%) subiram após o Deutsche Bank elevar a recomendação para hold em meio ao balanço positivo divulgado nesta semana. 

Petrobras (PETR3, R$ 14,20, -1,53%; PETR4, R$ 13,73, -1,93%)

Após abrirem em alta, as ações da Petrobras viraram para queda, seguindo a cotação do preço do petróleo, que cai, com o mercado pesando produção maior e queda de estoques, ainda elevados, nos EUA. O contrato do petróleo WTI recuou 1,3% no mercado internacional, a US$ 48,97 o barril. 

No radar da estatal, ela informou que divulgará o seu resultado do 1º trimestre de 2017 no dia 11 de maio, uma quinta-feira, após o fechamento do mercado, segundo comunicado da estatal divulgado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários ). A companhia ainda fará Assembleia Geral Ordinária nesta quinta-feira, 15h00, no Rio de Janeiro. Já Assembleia Geral Extraordinária realizada na quarta-feira aprovou celebrar acordo com a Baixada Santista Energia, subsidiária da Petrobras, disse a EMAE em fato relevante. O acordo envolve revisão do modelo de negócio de arrendamento da UTE Piratininga e a indenização de R$ 180 milhões deve ser paga em 6 parcelas semestrais corrigidas pelo IGP-M. O acordo prevê ainda contrato de locação do terreno da Usina Fernando Gasparian para a Petrobras por 14 anos por R$ 1,5 milhão por semestre, corrigido pelo IPCA. 

Natura (NATU3, R$ 30,11, -3,46%)
A fabricante de cosméticos Natura divulgou lucro líquido consolidado de R$ 189 milhões para o 1° trimestre de 2017, influenciado por efeitos tributários não recorrentes e queda nas despesas financeiras, revertendo prejuízo de R$ 69 milhões um ano antes.

 Para o Santander Brasil, a Natura divulgou números fracos, com performance operacional no Brasil ainda sob pressão. O resultado também veio abaixo do esperado pelo BTG.

Estácio (ESTC3, R$ 17,48, +0,46%)

A Estácio tiveram leve alta, apesar do balanço do primeiro trimestre ser considerado consistente. A companhia  registrou queda de 5,2% no lucro líquido do primeiro trimestre, em relação a igual período de 2016, totalizando R$ 121,8 milhões. A queda foi atribuída aos impactos financeiros. A despesa financeira da companhia subiu 160% no período, para R$ 31 milhões. 

O Bradesco BBI aponta que os resultados foram “consistentes com nova estratégia da companhia adotada no segundo semestre de focar na lucratividade”. Já o Safra destaca que os resultados foram “positivos em geral”.

Localiza (RENT3, R$ 45,81, +4,16%)
As ações da Localiza dispararam após a companhia registrar lucro líquido de R$ 120,3 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 16,8% na comparação com o mesmo período de 2016, em um resultado recorde. 

O Bradesco BBI ressalta que os números globais da empresa vieram em linha com as estimativas do banco, mas consideravelmente acima do consenso; desempenho da empresa em aluguel de carros foi o destaque.

Duratex (DTEX3, R$ 8,81, -1,34%)
A Duratex viu suas ações caírem após a companhia reduzir o seu prejuízo líquido em 74,6% no primeiro trimestre de 2017 na comparação anual, para R$ 7,514 milhões. A receita líquida avançou 5,6% no período, para R$ 952 milhões. De acordo com o Santander, os resultados foram “ligeiramente inferiores às expectativas do banco e do consenso”.

Multiplan (MULT3, R$ 66,80, -0,36%)
A empresa de shoppings Multiplan registrou lucro líquido de R$ 54,3 milhões nos primeiros três meses do ano, queda de 22,5% na comparação anual, enquanto a receita líquida se manteve estável, em R$ 278,7 milhões. O Safra ressalta que os resultados “mistos/neutros”.

Via Varejo (VVAR11, R$ 11,40, +1,60%)
A Via Varejo anunciou que fechou o primeiro trimestre com lucro atribuído aos sócios de R$ 97 milhões, contra 9 milhões registrados no mesmo período de 2016. A receita líquida da companhia atingiu R$ 5,99 bilhões no período, em linha com as estimativas de R$ 6 bilhões. 

Já o Ebitda ficou em R$ 308 milhões no período, frente ao Ebitda negativo de R$ 55 milhões registrados no primeiro trimestre de 2016. A margem Ebitda da varejista saltou de -0,9% um ano antes para 5,1% nos três primeiros meses de 2017. 

Segundo o BTG Pactual, após anunciarem dados de vendas ainda fracos, divulgaram o resultado com melhora substancial nos números operacionais, impulsionados pelo crescimento de margem bruta de de 10 pontos percentuais na divisão online (CNova Brasil), levando a margem bruta 190 pontos-base melhor no consolidado na base anual. A alavancagem diminuiu ajudado por uma melhora do capital de giro. “Apesar do resultado ter mostrado sinais de melhora, reiteramos neutro, considerando a complexa integração entre Via Varejo e Cnova e o cenário macro ainda desafiador, sobretudo para segmentos mais discricionários”, afirmam os analistas. Em meio ao resultado, as ações do controlador, o Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 65,41, +1,65%) avançam e atingem o maior patamar desde agosto.  

Restoque (LLIS3, R$ 4,61, -2,74%)

A Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc, Dudalina, Bo.Bô, John John e Rosa Chá, conseguiu reduzir em 57% o prejuízo líquido do primeiro trimestre, na comparação anual, indo para R$ 10,2 milhões. Na mesma base de comparação, a receita da empresa cresceu 19,5%, passando de R$ 248,6 milhões para R$ 297,2 milhões. Com isso, as ações chegaram a subir até 9%. 

Segundo o BTG, o resultado foi forte com vendas crescendo 19.5% na base anual ajudado por um crescimento das vendas nas mesmas lojas de 17.8% e expansão de 17.5% no canal multimarcas. 

Klabin (KLBN11, R$ 15,80, +0,06%)
A Klabin teve leve alta na bolsa após a companhia registrar lucro líquido de R$ 602 milhões no primeiro trimestre de 2017, uma queda de 44% na comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a março deste ano, o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 539 milhões, um leve aumento de 5% ante 2016. A margem Ebitda ajustada no período caiu de 35% para 29%.

A receita líquida da Klabin avançou 28% em um ano, para R$ 1,867 bilhão. A empresa registrou despesas financeiras de R$ 325 milhões no trimestre, redução de R$ 29 milhões em relação ao quarto trimestre de 2016, e receitas financeiras de R$ 266 milhões no trimestre, R$ 87 milhões acima do observado no trimestre exatamente anterior.

Desta forma, o resultado financeiro no período, excluídas as variações cambiais, foi negativo em R$ 60 milhões, R$ 116 milhões melhor em relação ao quarto trimestre e no mesmo patamar primeiro trimestre de do ano passado.

Odontoprev (ODPV3, R$ 11,40, +2,52%)

A Odontoprev reportou lucro líquido de R$ 69 milhões no primeiro trimestre, praticamente estável quando comparado ao mesmo período de 2016 – com leve variação positiva de 0,3%. O Santander espera “alguma reação positiva” nas próximas sessões.

Cemig (CMIG4, R$ 8,58, -3,60%)

Após a queda de 5% na véspera em meio ao corte de recomendação do JPMorgan, as ações da Cemig seguiram em forte baixa. Essa é a quarta queda seguida do papel, que acumula no período desvalorização de 10%. 

Ontem, o JPMorgan rebaixou a recomendação da ação de overweight (exposição acima da média) para neutra, citando a perda das concessões de três usinas e a leitura de que a venda de ativos demore mais do que o previsto. O preço-alvo por ação também foi reduzido de R$ 14,00 para R$ 12,00. 

“Mapeamos 7 venda de ativos da Cemig até 2018, mas estamos céticos sobre se alguns conseguirão ser concluídos dentro do prazo previsto, tais como Belo Monte e Gasmig”, comentou a equipe de análise do banco, liderada por Fernando Abdalla, em relatório divulgado na quarta. 

BTG Pactual (BBTG11, R$ 18,40, -0,43%) e Banco Pan (BPAN3, R$ 1,86, +3,33%)

O banco Pan negou nesta tarde a intenção da Caixa Econômica Federal de adquirir uma fatia do banco. Nesta manhã, a Coluna do Estadão apontava que os executivos da Caixa avaliam comprar a fatia do BTG Pactual no banco Panamericano caso a instituição não seja fortemente atingida pela Operação Conclave. A ação foi deflagrada na semana passada e investiga supostas irregularidades na compra pelo banco público de 40,35% da instituição que pertencia ao grupo Silvio Santos. Após a transação, descobriu-se um rombo de cerca de R$ 4 bilhões, cuja real situação financeira havia sido maquiada. Fontes do mercado ouvidas pelo jornal dizem que a compra de mais ações pela Caixa seria feita com ajuda do BNDES. A assessoria da Caixa informa que “não vai se pronunciar” sobre o assunto envolvendo o Panamericano. O BNDES não se manifestou ontem.