Ibovespa Futuro ignora queda internacional e “comemora” aprovação da reforma trabalhista na Câmara

Contratos futuros do índice sinalizam sessão de otimismo, com investidores apostando em reformas encaminhadas, apesar de governo não ter alcançado marca dos 308 votos

Marcos Mortari

Painel de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – A quinta-feira começa com os investidores digerindo um turbilhão de drivers políticos e econômicos no Brasil e no mundo e a cautela dando o tom das bolsas globais. No radar do mercado, estão a agenda de Donald Trump após um anúncio vago de redução de impostos nos Estados Unidos, a manutenção da política monetária do BCE na Europa e a repercussão da aprovação do texto-base da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados por 296 votos favoráveis — quórum mais baixo que o governo precisará para aprovar as mudanças na Previdência. Às 9h04 (horário de Brasília), os contratos futuros do Ibovespa com vencimento em junho operavam em alta 0,69%, a 66.055 pontos.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 5 pontos-base, a 10,03%, após uma sequência de fortes altas nos últimos pregões. Os contratos de dólar futuro com vencimento em maio deste ano, por sua vez, recuavam 0,46%, sinalizando cotação de R$ 3,159.

Confira ao que se atentar neste pregão:

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Bolsas mundiais

A sessão é de queda para as bolsas europeias, após decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu) manter a taxa de juros a zero e programa de quantitative easing nos mesmos patamares de 60 bilhões de até euros mensais. No mercado de câmbio, o peso mexicano e dólar canadense sobem após Casa Branca dizer que Trump não vai retirar imediatamente os EUA do tratado comercial da América do Norte.

Na Ásia, o iene recua após BOJ (Bank of Japan) manter seus estímulos à economia. O BoJ fez sua mais otimista avaliação da economia em nove anos em sua reunião de política monetária, e descreveu a recente fraqueza da inflação como temporária, sinalizando confiança de que uma recuperação sustentada ajudará a alcançar sua ambiciosa meta de preços. Mas o presidente Haruhiko Kuroda admitiu que as percepções do público sobre as futuras altas de preços permanecem fracas, sugerindo que o banco central vai ficar atrás em relação às autoridades monetárias de Estados Unidos e Europa em encerrar seu forte programa de estímulo. Já na China, os mercados acionários  reverteram as perdas na sessão e encerraram em alta nesta quinta-feira, com uma forte recuperação das empresas menores elevando a confiança em meio a preocupações persistentes sobre o crescimento econômico e regulamentos mais rígidos.

Entre as commodities, o petróleo cai e se aproxima de US$ 49 com mercado pesando produção maior e queda de estoques, ainda elevados, nos EUA. O dia foi de leve queda para o minério negociado em Qingdao, mas vale ficar de olho:  o sell-off da commodity  pode dar sinais de piora, com BHP e Banco Mundial alertando sobre oferta. 

Este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) -0,43%

*CAC-40 (França) -0,26%

*DAX (Alemanha) -0,19%

*Xangai (China) +0,37% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,49% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,19% (fechado)

*Petróleo brent -1,04%, a US$ 51,28 o barril

*Petróleo WTI -1,03%, a US$ 49,11 o barril

*Minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao -0,30%, a US$ 66,42 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +0,40%, a 506 iuanes

Agenda de indicadores

Os destaques domésticos ficam com o resultado primário do governo central, ainda sem hora marcada, e o leilão tradicional de LTN e NTN-F, às 11h30. Nos Estados Unidos, atenção à balança comercial, aos estoques no atacado, às encomendas de bens duráveis de março, que serão conhecidos às 9h30, mesmo horário em que serão divulgados os pedidos de auxílio-desemprego de abril. Às 11h, serão divulgadas as vendas pendentes de moradias e, ao meio-dia, a sondagem industrial do Fed de Kansas.

Os investidores também devem acompanhar de perto a coletiva de imprensa com o presidente da autoridade monetária, Mário Draghi, às 9h30. Mais cedo, às 9h, a Alemanha divulga a inflação ao consumidor medida pelo CPI.

Noticiário político

Em destaque nesta data, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a reforma trabalhista na madrugada desta quinta-feira (27), após a rejeição de dez destaques apresentados pelos partidos de oposição e de partidos da base aliada que pretendiam modificar pontos do projeto (PL 6.786/16) aprovado na noite de ontem (26). Os outros destaques que seriam votados nesta quinta-feira foram retirados e o texto segue para o Senado.  A sessão que aprovou a reforma foi aberta na manhã dessa quarta-feira e foi encerrada às 2h06. Vale destacar que a votação do texto-base teve 296 votos a favor, ante 177 contra.

A Eurasia destacou que a aprovação reforma trabalhista é bom presságio para a Previdência. “Cerca de 300 votos a favor de um projeto altamente controverso que exigiu apenas maioria simples para passar é uma forte vitória por qualquer padrão”. Já Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, afirmou que a votação da reforma trabalhista na Câmara não chega a empolgar, mas mostra que as reformas estão encaminhadas. 

A reação inicial do governo à aprovação da reforma trabalhista foi de comemoração. O apoio de 296 deputados na noite desta quarta-feira foi avaliado como uma “vitória com larga margem”. Apesar do tom, governistas reconhecem que o placar gera apreensão sobre o futuro porque revela que será necessário esforço extra para aprovar a reforma da Previdência – tema ainda mais polêmico e que exige apoio de 308 votos. Apesar da comemoração minutos após a vitória, governistas já admitem nos bastidores que o esforço necessário para conquistar os votos necessários para a reforma da Previdência poderá ser ainda maior do que o imaginado inicialmente. Enquanto parte do governo trabalha com a possibilidade de que o tema poderia ser votado ainda em maio, já há quem acene com a necessidade de prazo ainda mais longo para conquistar apoio dos parlamentares. 

InfoMoneyTV

A InfoMoneyTV receberá o vice-prefeito, Bruno Covas, às 13h30. Ele será entrevistado pelo editor do InfoMoney, Thiago Salomão, e pelo economista Alan Ghani, professor e blogueiro do InfoMoney.

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado, com destaque para os resultados da Vale e do Bradesco. A mineradora teve alta do lucro líquido de 25% na comparação com os primeiros três meses do ano passado, passando de R$ 6,311 bilhões para R$ 7,981 bilhões, com a ajuda de uma maior produção de minério de ferro. Já o Bradesco teve lucro líquido ajustado de R$ 4,648 bilhões no primeiro trimestre, alta de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, ajudado pelo aumento das receitas com prestação de serviços e pela redução de despesas com provisões de inadimplência. A Natura lucrou R$ 189 milhões, a Via Varejo  fechou o primeiro trimestre com lucro atribuído aos sócios de R$ 97 milhões, contra 9 milhões registrados no mesmo período de 2016. Restoque, OdontoPrev, Multiplan, Localiza, Estácio, Duratex também divulgaram seus números. Já a Petrobras informou que revelará seus números em 11 de maio, após o fechamento do mercado.

Além dos resultados, destaque para Usiminas, que disse à CVM não ver elementos para concluir que procedimento da siderúrgica para substituir conselheiros tenha tido objetivo de prejudicar a acionista CSN. 

(Com Reuters, Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.