De olho na política e Wall Street, Ibovespa cai pela 1ª vez após 3 altas seguidas; dólar sobe 0,7%

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira (26), quebrando uma sequência de três altas, com o mercado de olho em Wall Street e no ambiente político. Os investidores estão à espera da votação da reforma trabalhista no plenário da Câmara, com o governo tentando conquistar mais de 300 votos para demonstrar força e capacidade de impor agenda.

Lá fora, Wall Steet apagou os ganhos nesta tarde, após a Casa Branca detalhar “o maior corte de impostos da história” dos Estados Unidos, conforme anunciou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, nesta tarde (veja aqui). Entre as medidas, o plano prevê o corte da taxa de impostos individuais de 39,6% para 35%; e a redução dos impostos das empresas de 35% para 15%. 

Com isso, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,44%, a 64.861 pontos, puxado pelas blue chips Petrobras e Vale, que seguiram o movimento negativo das commodities. As siderúrgicas, contudo, não acompanharam o desempenho e encerraram a sessão com as maiores altas do índice. Os papéis da Usiminas e CSN subiram 5,4% e 4,2%, respectivamente. Na máxima desta sessão, o Ibovespa subiu 0,89%, indo a 65.436 pontos. O volume financeiro negociado hoje foi de R$ 7,7 bilhões.  

Já as taxas longas dos contratos de juros futuros reduziram o avanço e fecharam em leve alta, com a suavização da cautela externa após a divulgação do resumo da proposta fiscal de Donald Trump, que também levou o dólar a reduzir os ganhos frente ao real. Os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançaram 1 ponto-base, a 10,07%, após subir até 11 pontos hoje, a 10,17%. Por outro lado, os contratos mais curtos, com vencimento em janeiro de 2018, caíram 1,5 ponto, a 9,515%. O dólar comercial subiu 0,68% ante o real, fechando a R$ 3,1715 na compra e R$ 3,1730 na venda.

O movimento de alta dos DIs visto mais cedo era explicado pela percepção do mercado de que a versão da reforma da Previdência que está passando é a que dá para passar, o que está longe de ser a perfeita, explicou Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset Wealth Management. Com uma reforma abaixo do que o mercado entende como ideal, há riscos de as mudanças não serem suficientes para alterar a perspectiva do crescimento das despesas públicas. E os investidores de renda fixa já estão de olho nesta possibilidade — elevada com a decisão da cúpula do PSB por fechar questão contra as reformas do governo Michel Temer, apesar dos efeitos práticos ainda questionáveis. “Os juros terão que subir [no longo prazo]. Infelizmente, essa é a visão do mercado”, explicou Spyer.

Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Luiz Parreiras – gestor do fundo Verde Scena XP FIC FIM, lançado em 19 de abril pela Verde Asset e distribuído com exclusividade aos clientes da XP Investimentos – disse que é prematuro demais “sepultarmos” a reforma da previdência, mas já é possível concluir que, pela diluição gradual e constante, devemos ter mudanças bem menores do que o outrora vislumbrado.

“A nossa grande preocupação em toda essa história é a apatia como o mercado tem enfrentando essa diluição. (…) Os preços até agora não refletem essa piora. Mas tem um número mágico – que eu não sei qual é – que será o ‘grão de areia’ que fará o mercado dizer ‘nossa… agora ficou difícil!’ É esse o jogo que está começando a ficar perigoso”, disse o gestor (veja aqui a entrevista na íntegra). 

Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) voltaram a cair mesmo depois da divulgação de que os estoque de petróleo nos Estados Unidos caíram acima do esperado, segundo dados da Agência Internacional de Energia. A surpresa negativa veio dos estoques de gasolina, que subiram acima do previsto (veja aqui).