Forte disputa reduz retornos em leilão de transmissão de energia, dizem analistas

O deságio médio oferecido pelos investidores no leilão da segunda-feira foi de 36,5 por cento, ante cerca de 12 por cento na licitação realizada em outubro de 2016

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – A forte disputa registrada no leilão de concessões para construção de novas linhas de transmissão de energia realizado pelo governo na segunda-feira reduziu a taxa de retorno do setor na comparação com uma licitação anterior, em 2016, disseram analistas do Credit Suisse em relatório nesta terça-feira.

Eles apontam a menor presença de agentes financeiros no certame desta semana e uma reação negativa do mercado financeiro aos resultados da licitação como “fortes sinais” de que não será mais possível para os investidores alcançar uma taxa interna de retorno de cerca de 15 por cento, como estimado para os projetos do leilão anterior.

O deságio médio oferecido pelos investidores no leilão da segunda-feira foi de 36,5 por cento, ante cerca de 12 por cento na licitação realizada em outubro de 2016.

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Analistas do banco Brasil Plural estimaram que a taxa interna de retorno dos empreendimentos licitados na segunda-feira deverá ser de em média 9,5 por cento, com retornos na casa dos 3 por cento para ao menos três projetos. Eles não fizeram, no entanto, comparações com a licitação passada.

Segundo os profissionais do Credit Suisse, as empresas que participaram do leilão desta semana foram mais agressivas dessa vez e projetaram em seus lances que conseguirão cortar custos e antecipar os empreendimentos.

“Isso também torna os lances mais arriscados, uma vez que há consideravelmente menos espaço para erros durante o período de construção”, afirma o relatório do banco.

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Ainda assim, o Credit Suisse avalia que o setor de transmissão ainda oferece espaço para a criação de valor, principalmente para companhias com “disciplina de capital” e bom histórico na execução dos empreendimentos.

Os analistas do Brasil Plural também apresentaram projeções positivas para o setor de transmissão, mas ressaltaram que os deságios do certame desta semana foram “muito agressivos comparados ao leilão anterior” e disseram esperar “lances mais disciplinados e maior foco na racionalidade econômica” nas próximas licitações.

As ações da Cteep (TRPL4) e da EDP Energias do Brasil (ENBR3), duas das maiores vencedoras do leilão, fecharam em queda na segunda-feira. A Engie (ENGI11), que apresentou lances mas não levou projetos no certame, fechou praticamente estável.

Nesta terça-feira, porém, as ações operavam em alta.

“Em nossa visão, a reação negativa do mercado após o leilão sugere que os investidores já estão desafiando a visão de que esses leilões têm potencial para adicionar valor ao setor”, apontaram os analistas do Credit Suisse.

 EMPRESAS

Apesar das ressalvas, os analistas do Credit Suisse apontaram que a EDP Energias do Brasil disse estimar um retorno de cerca de 12 por cento para os empreendimentos que levou no leilão, o que poderia chegar a 14 por cento se a companhia conseguir cortar mais custos.

Eles também comentaram que o fato de a Engie sair de mãos vazias do certame sugere que a empresa provavelmente esperava obter retornos melhores na licitação.

Já o Brasil Plural destacou a participação da Equatorial (EQTL3) no leilão, ao ressaltar que a empresa conseguiu levar um lote com deságio baixo, de 9 por cento, e assim deve conseguir um retorno de 15,4 por cento, o segundo maior estimado para o certame.

 

(Por Luciano Costa)