Mercado digere desembarque do PSB na reforma da Previdência e Ibovespa Futuro abre em queda; DIs sobem

Contratos futuros do índice sinalizam cautela dos investidores após alta na véspera com eleições na França

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma sessão de euforia dos investidores com a ausência de surpresas nas eleições presidenciais francesas e o crescimento das apostas em uma vitória do candidato centrista Emmanuel Macron, a terça-feira (25) indica pregão de maior tranquilidade, com as bolsas mundiais registrando altas moderadas. Na agenda brasileira, as atenções do mercado se voltam para a votação da reforma trabalhista em comissão especial na Câmara, o que pode ser um importante termômetro para a força do governo após o baque do PSB, que fechou posição contra a reforma da Previdência. Às 9h20 (horário de Brasília), os contratos do Ibovespa Futuro com vencimento em junho operavam em leve queda de 0,75%, a 64.920 pontos.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 subiam 3 pontos-base, a 9,53%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançavam 11 pontos-base, a 10,03%. Os contratos de dólar futuro com vencimento em maio deste ano, por sua vez, saltavam 0,94%, sinalizando cotação de R$ 3,162.

Confira ao que se atentar neste pregão:

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Bolsas mundiais

As bolsas mundiais seguem a sessão de ânimo registrada na última segunda-feira com a redução do risco político na França. Contudo, o fôlego é bem menor do que o observado na véspera. Além disso, o mercado fica de olho nas tensões geopolíticas crescentes entre EUA e Coreia do Norte: Pyongyang conduziu um grande exercício de artilharia nesta terça-feira para marcar a fundação de seu Exército, enquanto um submarino dos Estados Unidos atracou na Coreia do Sul, em meio a crescentes preocupações sobre os programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte.

Já nos mercados asiáticos, os índices chineses se estabilizaram nesta terça-feira após vendas generalizadas na sessão anterior e com o maior ânimo internacional, também repercutindo as eleições na França. Atenção ainda para os dados econômicos vindos da China: a taxa de desemprego urbano registrado no país caiu abaixo de 4% pela primeira vez em anos, em um sinal de que o crescimento econômico mais lento não está criando o forte desemprego que Pequim teme que provoque instabilidade social. O Ministério de Seguridade Social informou nesta terça-feira que 3,34 milhões de novos empregos foram criados no primeiro trimestre. Além disso, o  Politburo da China, principal órgão de decisão do Partido Comunista, afirmou que o país vai manter a política fiscal proativa e a política monetária prudente, informou a agência de notícias oficial Xinhua.

No mercado de commodities, o petróleo tem leve alta após seis baixas seguidas, enquanto o minério de ferro tem nova queda em Dalian com aumento de oferta.

Este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) +0,22%

*CAC-40 (França) +0,40%

*DAX (Alemanha) +0,08%

*Xangai (China) +0,19% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +1,31% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,08% (fechado)

*Petróleo brent +0,23%, a US$ 51,72 o barril

*Petróleo WTI +0,12%, a US$ 49,29 o barril

*Minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao -0,69%, a US$ 66,07 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -0,20%, a 498 iuanes

Agenda de indicadores

Em dia de agenda enxuta, os destaques ficam com a nota de setor externo de março, que o BC divulga às 10h30, com informações das importações e exportações e do IDP (Investimento Direto no País). Nos EUA, serão conhecidos os preços residenciais de fevereiro, às 10h, e as vendas de novas moradias de março e a confiança do consumidor de abril, às 11h.

Agenda política

Na política, os investidores acompanham o início das discussões sobre o relatório da reforma da Previdência na comissão especial ao longo desta semana. O projeto deve ser votado na próxima terça-feira (2) e seguir para o plenário da Casa no dia 15. Vale destacar que a Executiva Nacional do PSB se reuniu na última segunda-feira (24) e aprovou posição contrária às reformas propostas pelo governo de Michel Temer. A Executiva nacional do partido aprovou por 20 votos a 7 posição contrária à reforma trabalhista e, por 21 a 2, posição contrária à reforma da Previdência. Em meio a esse cenário, em busca de apoio para conseguir aprovar as reformas na Câmara, principalmente a da Previdência, o governo deu início a uma ofensiva até sobre os partidos nanicos na Casa, informa o jornal O estado de S. Paulo. Na negociação, essas legendas pleiteiam cargos no terceiro escalão do Executivo e oferecem, em troca, a garantia de que a maioria de suas bancadas votará a favor das reformas.

Antes disso, é esperada a votação da reforma trabalhista. A expectativa em Brasília é que o tema seja apreciado na Comissão já nesta terça e, no plenário, na quarta (25). Já a pauta da recuperação fiscal dos Estados pode ter a apreciação dos destaques concluída nesta terça (24). Dois dos destaques que serão votados pretendem afrouxar as contrapartidas e retirar a possibilidade de privatização de estatais e proibições de realização de novas despesas com pessoal, como contratações, reajustes, auxílios e concessão de incentivos tributários.

Ainda no noticiário político, atenção para a repercussão do depoimento de cerca de duas horas na segunda-feira (24) do marqueteiro João Santana ao TSE, que afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia do esquema de caixa dois utilizado em 2014 em sua campanha à reeleição.  A afirmação também foi feita por sua sócia e mulher, Mônica Moura, também delatora da Lava Jato, que contou ter tratado pessoalmente com Dilma naquele ano, em uma reunião no Palácio do Planalto, do esquema ilegal de arrecadação de recursos para a disputa eleitoral.

Agenda de Temer e Meirelles

Na agenda do presidente, Michel Temer reúne-se com Pedro Parente, presidente da Petrobras, 10h00, deputado Vinícius Gurgel (PR/AP), 12h00, Antônio Megale, presidente da Anfavea, 15h00, Robson Andrade, presidente da CNI, 16h00, José Felix, presidente do Grupo América Movil, 18h30. 

Já o ministro da Fazenda Henrique Meirelles se reúne com ministro da Agricultura, Blairo Maggi, 10h00, se reúne por videoconferência com a diretora sênior da Fitch, Shelly Shetty, 11h00, com Temer, 12h00, e com o presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Kundapur Vaman Kamath, 17h00.

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é movimentado nesta terça-feira. A BRF informou as linhas de trade finance PPE de US$ 150 milhões com Rabobank e Safra. Além disso, a  Justiça negou nesta segunda-feira o pedido de liminar da Nippon Steel & Sumitomo metal, que buscava anular eleição na Usiminas, decidida em reunião do conselho de administração no dia 23 de março, segundo informações do Valor.  O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações, Gilberto Kassab, por sua vez, disse ontem que a Medida Provisória para eventual intervenção do governo na Oi deve ser publicada nos próximos dias. Destaque ainda para a prévia operacional da Helbor, com os lançamentos atingindo R$ 116,8 milhões no primeiro trimestre de 2017. Por fim, no radar de recomendações, a Telefônica Brasil foi iniciada com recomendação outperform pelo Safra, enquanto a Tim Participações foi iniciada com recomendação neutra. Vale destacar que, após o pregão, serão divulgados os dados do balanço da Engie e da Lojas Renner do primeiro trimestre. 

(Com Reuters, Agência Estado e Bloomberg)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.