Ibovespa Futuro comemora falta de surpresas na França e abre em disparada; dólar e DIs caem

Contratos futuros do índice acompanham movimento de euforia internacional

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A ausência de surpresas nas eleições presidenciais na França trouxe otimismo nos mercados internacionais, com os investidores precificando cada vez menos o risco de um “cavalo de pau” na política local e de um novo “golpe” nas estruturas europeias. O movimento positivo nas bolsas europeias e contratos futuros de Wall Street tem sido acompanhado pelo Ibovespa Futuro, que abriu em disparada. Às 9h09 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice operavam em alta de 1,11%, a 65.345 pontos.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíam 3 pontos-base, a 9,50%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 5 pontos-base, a 9,88%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em maio deste ano caíam 0,92%, sinalizando cotação de R$ 3,125.

Confira os principais destaques deste pregão e da semana:

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Bolsas mundiais

Com o segundo turno “esperado” entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen, os mercados mundiais reagem positivamente nesta segunda-feira: o futuro do Dow Jones registra alta de quase 200 pontos, com ganhos de cerca de 1%, mesmo porcentual do S&P500 futuro, que avança 26 pontos. Alta também para o euro, que avança 1,40% em relação ao dólar e atinge US$ 1,09, com a maior alta porcentual desde novembro, ou cerca de cinco meses e meio. O euro também sobe mais de 1,3% em relação a libra, a 0,8479 por libra, e chegou a subir mais de 3% em relação ao iene.  Atenção ainda para o francês CAC 40, que dispara 4,35%, a 5.279 pontos. O alemão DAX avança 2,91%, o FTSE tem alta de 1,83% e o FTSE MIB registra ganhos de 3,84%. 

Com 97% das urnas apuradas, Macron tem 23,86% dos votos, enquanto Le Pen tem 21,43%. As pesquisas de boca de urna apontavam Macron da noite de ontem, com 23,9% dos votos e Le Pen com 21,7% dos votos. Vale destacar que, segundo as pesquisas de opinião, Macron sairia vencedor. Ele receberia 62% dos votos contra 38% de Le Pen, segundo o instituto Ipsos. Isso anima o mercado, que tem temores de uma eventual eleição de Le Pen, que tem como uma das propostas tirar a França da União Europeia.

“O mercado vai comemorar hoje, mas ela [Le Pen] não está fora”, afirmou Quincy Krosby, estrategista de mercado da Prudential Financial, para a CNBC. “As pesquisas fizeram a coisa certa dessa vez, mas não sabemos se estarão errados no segundo turno.” “Há alguma chance de que as pesquisas estejam superestimando o apoio da Macron”, disse Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI, em nota no domingo. “Mas, de qualquer forma, o pior resultado seria uma disputa  entre Le Pen e Mélenchon”.

Contrastando com esse desempenho, estiveram as bolsas chinesas, que caíram mais de 1% em seu pior dia neste ano em meio a sinais de que Pequim vai tolerar mais volatilidade no mercado enquanto reguladores reprimem cada vez mais o sistema bancário sem regulação e negociações especulativas. A confiança do mercado também foi afetada pela expectativa de uma grande quantidade prevista de ofertas públicas iniciais, o que vai injetar mais oferta para o mercado enfraquecido, e pelas preocupações de que a segunda maior economia do mundo começará a perder força nos próximos meses.  Sinais recentes de estabilidade na economia da China “tem fornecido um bom ambiente externo e uma janela de oportunidade para reduzir a alavancagem no sistema financeiro, fortalecer a supervisão e conter os riscos”, noticiou a agência de notícias oficial Xinhua no domingo. Por outro lado, o japonês Nikkei subiu 1,37% repercutindo as eleições francesas.  

No mercado de commodities, o petróleo interrompe cinco dias de queda e volta a subir após cair abaixo de US$ 50 na quinta-feira com França e após comitê liderado pela Opep supostamente apoiar cortes prolongados de produção; já os metais sobem em Londres e minério cai em Dalian e Qingdao após forte alta na sexta-feira.

Este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) +1,80%

*CAC-40 (França) 4,60%

*DAX (Alemanha) +3,02%

*Xangai (China) -1,37% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,41% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,37% (fechado)

*Petróleo brent +0,69%, a US$ 52,32 o barril

*Petróleo WTI +0,71%, a US$ 49,97 o barril

*Minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao -2,5%, a US$ 66,53 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian +0,20%, a 503 iuanes

Agenda

A semana tem três indicadores relevantes referentes às contas públicas: o relatório da dívida pública referente a março sai nesta segunda, os resultados fiscais do governo central, na quinta-feira, ambos sem horário definido, e o resultado setor público consolidado, na sexta-feira, às 10h30. No mesmo dia, será conhecida a taxa de desemprego, às 9h. Ao longo da semana, o BC divulga ainda as notas de mercado aberto, na segunda-feira, de setor externo, na terça-feira, e de operações de crédito e de política monetária, na quarta-feira, todas às 10h30. Na quinta-feira, o Tesouro realiza leilão tradicional de LTN e NTN-F, às 11h30. Entre os dados semanais, destaque para a balança comercial já nesta segunda, às 15h, e o fluxo cambial na quarta, às 12h30.

Nos Estados Unidos, foco no PIB do primeiro trimestre e para a inflação medida pelo PCE, que serão conhecidos na sexta-feira, às 9h30. No mesmo dia, o PMI de Chicago sai às 10h45, e a confiança do consumidor medida pelo Sentimento de Michigan, às 11h. Ao longo da semana, serão divulgados os números de vendas de novas moradias e a confiança do consumidor medida pelo Conference Board, na terça-feira, às 11h, os estoques de petróleo, na quarta-feira, às 11h30. Na quinta-feira, às 9h30, saem a balança comercial, os estoques no atacado, as encomendas de bens duráveis e os pedidos de auxílio-desemprego. De olho na política monetária, atenção aos os discursos de presidentes regionais do Fed: Neel Kashkari, de Minneapolis, nesta segunda, às 12h30 e às 16h15, e Patrick Harker, da Filadélfia. na sexta-feira, às 15h30. Por fim, atenção para o “grande anúncio” de Donald Trump, que deve entregar seu plano de reforma tributária na próxima quarta-feira, segundo ele afirmou na sexta-feira, sinalizando para um grande corte de impostos. 

Na Europa, destaque para a decisão de juros do BCE (Banco Central Europeu), na quinta-feira, às 8h45. No mesmo dia, às 9h, sai a inflação ao consumidor medida pelo CPI da Alemanha, às 9h. Na sexta-feira, foco no PIB do Reino Unido, às 5h30 e o CPI da zona do euro, às 6h.

Na China, saem os indicadores de atividade econômica, às 10h desta segunda-feira, e os PMIs Industrial e de Serviços às 22h do sábado (29).

Agenda política

No radar político, foco na tramitação do projeto de reforma da Previdência na comissão especial. A votação do texto está marcada para o dia 2 de maio e analistas alertam que os deputados podem se deixar influenciar pelos protestos do Dia do Trabalho (1º), na véspera, e pela greve geral convocada por centrais sindicais para a sexta-feira (28).  Na última sexta-feira, em evento promovido pelo Lide, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) apontou já admitir adiar a votação inicialmente prevista para o dia 8 de maio.  “Se possível vamos votar a matéria no dia 8 de maio, se não for possível, a partir do dia 15”, disse ele. Na tarde de domingo, Temer esteve reunido com ministros para mapear os apoios para a votação do relatório na comissão especial da Câmara e quer que o texto do relatório elaborado por Arthur Maia (PPS-BA) continue como está, sem mais concessões. 

Em segundo plano, o mercado monitora a votação dos destaques do projeto da negociação da dívida dos Estados e a tramitação da reforma trabalhista, que teve o pedido de urgência aprovado na semana passada. Também no radar, a possível instauração da CPI da Previdência, que pretende investigar a situação financeira da Previdência Social e casos de fraude e sonegação das contribuições obrigatórias por parte de grandes empresas. Outro objetivo seria checar a veracidade dos números apresentados pelo governo sobre o rombo no INSS para justificar a necessidade da reforma previdenciária em tramitação no Congresso.

Agenda de Temer e Meirelles

Em destaque na agenda desta segunda-feira, Mariano Rajoy, primeiro ministro da Espanha, é recebido em cerimônia oficial às 10h00, se reúne com presidente Michel Temer e Henrique Meirelles às 10:30, e com empresários espanhois às 11h00, além de ser homenageado em almoço no Itamaraty às 13h00. Meirelles ainda se reúne com ministro do Interior da Argentina, Rogelio Frigerio, 16h00, e com ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, 17h00. O presidente do BC Ilan Goldfajn tem atividades de trabalho em São Paulo, sem
compromisso público pela manhã, e, à tarde, participa da abertura da Missão Anual da Agência Fitch Ratings, no BC em São Paulo (videoconferência com Rio de Janeiro e Nova York). 

Destaque ainda para o seminário “O Fim da Recessão” com presenças esperadas do ministro Luiz Fux, do STF, e Maria Silvia Bastos, presidente do BNDES, no Rio de Janeiro, às 9h00.

Noticiário corporativo

O noticiário corporativo da semana traz como destaque a intensificação da temporada de resultados, com destaque especial para os números do Bradesco e da Vale na próxima quinta-feira (27), antes da abertura do pregão, além da divulgação dos números do Pão de Açúcar e da TIM. Na terça-feira, atenção para Fibria e na quarta, chama atenção os números do Santander.  

Além disso, atenção ainda para o agitado noticiário de empresas desde a última quinta-feira, que deve repercutir no mercado nesta segunda. A noite da quinta-feira foi marcada pelo anúncio de dividendos da Vale, elevação da perspectiva do rating da mineradora de estável para positiva pela S&P e aumento do preço de combustíveis pela Petrobras. Já na sexta, chamou a atenção as recomendações feitas pelo BB Investimentos: o banco elevou a Usiminas para outperform e iniciou cobertura para as ações de companhias de energia. A Transmissão Paulista foi iniciada com recomendação outperform, enquanto a Taesa e a Alupar foram iniciadas com recomendação marketperform. Já as ações da Copasa, após a forte queda da quinta-feira em meio à decepcionante revisão tarifária preliminar (veja mais aqui), tiveram a recomendação elevada pelo Scotia Bank de sector marketperform para sector outperform pelo Scotia Bank, com preço-alvo sendo reduzido de R$ 45,00 para R$ 43,00. 

Atenção ainda para a Eztec. As vendas líquidas da companhia caíram 66,7% no primeiro trimestre deste ano, na comparação anual, indo para R$ 9 milhões, segundo prévia operacional. 

Já a Bloomberg noticia que a L’Oreal escolheu a Natura Cosméticos além de companhias de private equity como ofertantes na próxima rodada do leilão para seu negócio Body Shop, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela agência. CVC Capital Partners, Advent International Corp. e Investindustrial Advisors SpA também estão entre as empresas da disputa, disseram as fontes.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.