Ibovespa encerra 2 quedas semanais de olho em agenda política e se aproxima dos 64 mil pontos

Na véspera do feriado de Tiradentes, índice sobe 0,56%, embalado por Vale, Petrobras e siderúrgicas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou, na semana entre 17 e 20 de abril, uma sequência de duas quedas acumuladas. Com a alta de 0,56% desta quinta-feira, o benchmark da bolsa brasileira somou valorização de 1,49%, encerrando o período de quatro dias úteis a 63.760 pontos, antes do feriado de Tiradentes. O volume financeiro no último pregão de mais uma semana reduzida foi de R$ 6,642 bilhões, abaixo da média dos últimos 21 dias, em R$ 7,49 bilhões. Nesta sessão, o bom desempenho dos papéis de Vale, Petrobras e siderúrgicas ofuscou a queda dos bancos e contribuiu para o fechamento positivo do índice, também na esteira da alta das bolsas internacionais e do minério de ferro no mercado de commodities.

No mercado de juros futuros, os DIs com vencimento em janeiro de 2018 e 2021 encerraram o pregão com respectivas quedas de 2 e 4 pontos-base, a 9,54% e 9,93%, nesta ordem, com os investidores respondendo aos dados abaixo do esperado para o IPCA-15. Os contratos de dólar futuro com vencimento em maio, por sua vez, fecharam em alta de 0,14%, sinalizando cotação de R$ 3,161. O dólar comercial subiu 0,32% ante o real, cotado a R$ 3,1574 na venda.

No radar dos investidores nesta semana, ganhou destaque a agenda política, com a aprovação das contrapartidas para o regime de recuperação fiscal dos Estados, a apresentação do relatório da reforma da Previdência em comissão especial e a aprovação do regime de urgência para a tramitação da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados. Do lado da economia, indicadores de atividade e do setor serviços animaram o mercado, assim como os últimos números inflacionários, revelados nesta quinta. O avanço de 1,31% no IBC-Br (Índice de Atividade do Banco Central) de fevereiro ante janeiro sugeriu ritmo de crescimento mais intenso para a economia, embora os dados sugiram cuidado, uma vez que muito do resultado deveu-se às revisões acentuadas para cima na PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) e na PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de janeiro em meio à mudança metodológica nas duas sondagens do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

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Confira os destaques deste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Vale (VALE3, R$ 28,05, +5,17%; VALE5, R$ 26,86, +5,87%) registram um dia de fortes ganhos, em meio à alta do minério de ferro e aos dados de produção. A holding Bradespar (BRAP4, R$ 19,58, +5,44%) também avança.  Já a produção de minério de ferro da Vale em 2017 foi recorde para um primeiro trimestre, com alta de 11,2% ante o mesmo período do ano passado, para 86,2 milhões de toneladas. A mineradora, maior produtora global de minério de ferro, atribuiu o avanço à aceleração das atividades na mina S11D, em Canaã dos Carajás, Pará, que entrou em operação comercial neste ano, e no projeto Itabiritos, no Sistema Sudeste. Os papéis também devem reagir à alta do minério de ferro no mercado chinês.

O BTG Pactual comentou, em relatório, que a produção da mineradora mostrou números fortes de minério de ferro, com volume de produção total em 86,2 milhões de toneladas, acima das projeções, pelo “ramp-up” de S11D. Com exceção do volume de níquel que veio 5% abaixo da estimativa, os demais ficaram acima, comentaram. No mercado de commodities, o minério de ferro sobe na China com ideia de que o selloff recente foi excessivo, enquanto o zinco lidera alta de metais em Londres. O minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao fechou em alta de 1,18%, a US$ 65,36 a tonelada, enquanto os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian subiram 3,16%, a 489 iuanes.

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,27, +1,57%; PETR4, R$ 13,08, +2,06%) subiram apesar do petróleo operar praticamente estável nesta sessão. A sinalização dos principais produtores de petróleo da Opep de que haverá prorrogação, ao longo do segundo semestre, do atual corte da produção impactou favoravelmente os preços desta commodity na manhã, mas a cautela com aumento de estoques nos EUA e no aumento de produção fizeram o petróleo praticamente reverter os ganhos. 

Ainda no radar da companhia, a MLog (ex-Manabi) informou que sua subsidiária Asgaard Navegação assinou contrato com a estatal para afretamento da embarcação Asgaard Sophia, dedicada ao combate de vazamentos de óleo no mar. O acordo é válido por quatro anos, extensível por igual período. A operação sob o novo contrato deverá ocorrer no início de maio. 

A produtora de aços planos Usiminas (USIM5, R$ 4,04, +2,02%) interrompeu no primeiro trimestre uma sequência de 10 resultados trimestrais negativos ao obter lucro líquido de 108 milhões de reais, informou a empresa nesta quinta-feira. Nos três primeiros meses de 2016, a empresa reportou resultado líquido negativo de 151 milhões de reais. Na véspera, a Usiminas já havia divulgado que o lucro de janeiro a março deste ano havia sido de 108 milhões de reais. 

A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 528 milhões de reais, ante 50 milhões de reais no primeiro trimestre de 2016. A empresa trocou de presidente no final de março em meio à disputa de poder travada pelos sócios Nippon Steel e Ternium-Techint. Em janeiro e fevereiro, período em que o ex-presidente Rômel Erwin de Souza estava no comando da empresa, a Usiminas teve lucro líquido de 121 milhões de reais e Ebitda de 366 milhões de reais.

Conforme destaca o BTG Pactual, a primeira leitura do balanço da Usiminas foi de um balanço forte, com menor pressão de custo e aumento recente de preços. “Vale lembrar que um resultado preliminar saiu no início da semana e as ações já precificaram mas achamos que esse resultado vai marcar o pico e vemos risco de queda para os preços com os prêmios acima de 25%”, apontam os analistas.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRFG3 MARFRIG ON 6,36 +6,00 -3,78 19,90M
 VALE5 VALE PNA 26,86 +5,87 +15,08 681,02M
 BRAP4 BRADESPAR PN 19,58 +5,44 +31,85 47,54M
 VALE3 VALE ON 28,05 +5,17 +9,23 127,21M
 CSNA3 SID NACIONALON 7,46 +5,07 -31,24 60,80M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON EJ 30,78 -5,58 +10,99 126,06M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 8,69 -1,81 +41,53 38,99M
 BBDC4 BRADESCO PN 31,14 -1,74 +7,64 375,37M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,74 -1,46 +13,82 376,80M
 CSAN3 COSAN ON 36,23 -1,28 -5,03 25,26M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 C?digo Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 26,86 +5,87 681,02M 682,17M 32.472 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,88 +2,06 384,48M 570,89M 22.878 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,74 -1,46 376,80M 383,52M 22.301 
 BBDC4 BRADESCO PN 31,14 -1,74 375,37M 293,16M 31.180 
 CIEL3 CIELO ON EB 24,74 +0,16 231,95M 143,90M 9.872 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,98 -0,66 201,38M 217,51M 21.401 
 JBSS3 JBS ON 10,04 -1,08 177,26M 98,43M 17.267 
 BBAS3 BRASIL ON 31,40 +0,80 139,63M 229,99M 10.702 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,40 -0,84 138,98M 145,16M 15.264 
 VALE3 VALE ON 28,05 +5,17 127,21M 147,41M 13.437 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Inflação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,21% em abril, após subir 0,15% em março, revelou nesta quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, que esperavam inflação entre 0,16% e 0,35%, com mediana de 0,27%.

A alta em abril foi a menor para o mês desde 2006, quando havia ficado em 0,17%, informou o IBGE. A taxa acumulada em 12 meses diminuiu de 4,73% em março para 4,41% em abril, a mais baixa desde janeiro de 2010, quando o resultado ficou em 4,31%. Em abril de 2016, a taxa do IPCA-15 foi de 0,51%.

Com o resultado anunciado nesta quinta-feira, o IPCA-15 acumula aumento de 1,22% no ano. A taxa acumulada em 12 meses até abril foi de 4,41%, de acordo com o IBGE.

Otimismo com Brasil

A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira (20) que a economia brasileira “virou a página” e está preparada para retomar seu curso ao longo deste ano e 2018. Conforme noticia a Folha de S. Paulo, Lagarde atribuiu às políticas fiscal e monetária adotadas pelo governo Michel Temer como fatores decisivos no que ela entende como retomada da economia brasileira.

“Eu diria que, graças ao ciclo, a políticas que foram anunciadas, algumas que já foram implementadas, a economia brasileira virou a página e vai avançar no curso de 2017 e 2018”, disse a diretora do FMI em Washington. No entanto, ela ponderou que reformas estruturais ainda são necessárias. Na avaliação de Lagarde, o combate à corrupção também vai ser muito importante para “destravar o potencial da economia brasileira”. A mais recente projeção feita pelo FIM mostra projeção de crescimento de 0,2% neste ano.

Política no radar
Em destaque no noticiário político, vinte e quatro horas após sofrer uma derrota em plenário, a base aliada na Câmara conseguiu aprovar o requerimento de urgência que dá celeridade à apreciação do projeto da reforma trabalhista. Embora os aliados afirmem que manterão a votação do texto na comissão especial na próxima semana, o requerimento aprovado abre brecha para que a votação seja feita diretamente no plenário.  Na terça-feira, 18, o requerimento teve o apoio de apenas 230 deputados, 163 votaram contra e apenas um parlamentar se absteve. Sem os 257 votos necessários, o requerimento foi rejeitado na noite anterior. Nesta quarta-feira, 19, foram 287 votos a favor e 144 contra. Os partidos de oposição e o Solidariedade, que integra a base governista, orientaram voto contra o requerimento. O PSB, também da base aliada, liberou a bancada a votar livremente.

Na agenda de hoje, Michel Temer reúne-se com Dyogo Oliveira, ministro  do Planejamento, às 10h e com o presidente do BB Paulo Caffarelli. Henrique Meirelles se reúne em Washington com representante do Brasil no FMI, Alexandre Tombini, e o diretor executivo do Banco Mundial, Otaviano Canuto, com ministro das Finanças da China, Xiao Jie, participa de painel sobre economia brasileira, de seminário para investidores organizado pelo JPMorgan, se reúne com ministro das Finanças da Austrália, Mathias Cormann, com presidente do BNP Paribas, Jean Lemierre, e com representantes da Moody’s. 

Já o jornal O Estado de S. Paulo aponta que o novo placar da Previdência mostra só 50 votos a favor de 305 votos ouvidos até a noite de quarta. Contudo, após as novas mudanças na Câmara, que vão reduzir a economia esperada pelo governo, podem facilitar sua aprovação pelo Congresso, na avaliação do Palácio do Planalto.

Destaque ainda para nova pesquisa Ibope divulgada pelo Estadão, que mostra Lula como presidenciável com maior potencial de votos. O jornal pondera, contudo, que pesquisa é anterior às últimas acusações contra o ex-presidente.

Agenda

Nesta sexta-feira (21), a B3 ficará fechada devido ao feriado de Dia de Tiradentes, celebrado no Brasil. As praças internacionais operam normalmente. Os PMIs Industrial, de Serviços e Composto da Alemanha serão divulgados às 5h30, os da zona do euro, às 6h, e os dos EUA, às 10h45. Nos Estados Unidos, investidores também monitoram o discurso do presidente regional do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, às 10h30 e as vendas de moradias usadas, às 11h.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.