Ibovespa vira para alta com Petrobras e bancos; DIs despencam 12 pontos-base após ata do Copom

De acordo com o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, o mercado está precificando 25% de chance de corte de 125 pontos-base na Selic na próxima reunião do Copom, marcada para 31 de maio

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após operar no campo negativo durante toda a manhã, em meio ao noticiário turbulento no exterior e as reações dos investidores ao adiamento da leitura do relatório da Reforma da Previdência em comissão especial na Câmara, o Ibovespa virou para alta nos primeiros minutos da tarde desta terça-feira (18). Às 12h11 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira subia 0,36%, a 64.563 pontos, puxado sobretudo pela recuperação das ações da Petrobras e da alta dos bancos. Na volta do feriado de Páscoa na Europa, os mercados digerem o cenário de maior aversão ao risco de olho nas eleições da França e após o discurso da premiê britânica Thereza May; na Ásia, atenção para a nova queda do minério de ferro. Por aqui, atenção também para novas revelações da Operação Lava Jato e a repercussão da Ata do Copom.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 mergulhavam 12 pontos-base, a 9,52%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuavam 7 pontos-base, a 9,84%. No radar dos investidores, destaque para a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), com um entendimento de maior corte nos juros no próximo encontro. Para a equipe de análise da XP Investimentos, o documento “mostrou novamente uma comunicação confusa”, mas “surpreendeu ao apontar que foi discutida a possibilidade de um corte de juros maior que 1 p.p. realizado na última reunião”.

De acordo com o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, o mercado está precificando 75% de chance de corte de 100 pontos-base na Selic na próxima reunião do Copom, marcada para 31 de maio. A probabilidade de uma redução mais expressiva, de 125 pontos-base, estaria em 25%. “Essa avaliação me parece muito precipitada. As apostas estão feitas porque estão baratas e está valendo a pena agora”, explicou.

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Os contratos de dólar futuro com vencimento em maio, por sua vez, caíam 0,19%, sinalizando cotação de R$ 3,100. Já o dólar comercial operava em queda de 0,36% ante o real, cotado a R$ 3,0932 na venda.

Confira ao que se atentar neste pregão:

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, os papéis da Vale (VALE3; VALE5) caem forte, seguindo mais um dia de derrocada do minério de ferro. Acompanham o movimento negativo as ações da Bradespar (BRAP4) — holding que detém participação da mineradora — e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e CSN (CSNA3). A commodty spot (à vista), negociada no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em queda de 4,60%, a US$ 63,20 a tonelada, enquanto o contrato futuro negociado em Dalian tem baixa de 6,59%, a 468 iuanes. A queda do minério ocorre após o Citigroup dizer que espera queda do produto diante da perspectiva de oferta excessiva e desaceleração da demanda chinesa. Ontem, a sessão já foi movimentada para a Vale também em meio ao dia de baixa do minério.

Depois de cair 22% nos últimos 30 dias, o Credit Suisse elevou a recomendação do Santander Brasil (SANB11) para outperform e revisou o preço-alvo para R$ 30 por ação (de R$32), uma vez que as estimativas foram praticamente mantidas. O novo preço-alvo implica em um preço-alvo de 23%. “Nos preços atuais, SANB11 está negociando a 8.8 vezes o preço sobre o lucro e 1,5 vez a relação entre o preço e o book value, “o que nos parece atrativo ao considerar crescimento de lucro por ação de 22.4% CAGR entre 2016 e 2019, o ROE sustentável de 19.4% e um dividend yield médio de 9.4% para 2017-18”, afirmam os analistas.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 QUAL3 QUALICORP ON 20,65 +4,56 +7,27 28,99M
 SANB11 SANTANDER BRUNT 25,01 +2,67 -11,66 38,38M
 BRFS3 BRF SA ON 40,83 +2,59 -15,38 33,83M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 62,00 +2,19 +13,24 18,55M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 9,02 +1,92 +46,91 24,75M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRAP4 BRADESPAR PN 18,69 -3,16 +25,86 16,73M
 VALE5 VALE PNA 25,59 -3,14 +9,64 292,35M
 VALE3 VALE ON 26,61 -2,99 +3,62 70,13M
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,18 -2,56 -12,92 29,84M
 EMBR3 EMBRAER ON 15,76 -2,23 -1,29 13,27M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Agenda
Em Brasília, as atenções se voltam para a reforma da Previdência. Prevista para esta manhã, a leitura do parecer do relator Arthur Maia (PPS-BA) foi adiada para quarta-feira, com o pedido de mais tempo para a inclusão de termos discutidos recentemente. O presidente da comissão especial dedicada a deliberar sobre o assunto na Câmara, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), garantiu, porém, que não haverá mudanças nos prazos de tramitação da PEC. Ainda segundo ele, a diferenciação para aposentadorias entre homens e mulheres deverá ser mantida.

No Senado, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que pretende por fim ao foro privilegiado e que já já estava pronta para votação no Plenário voltou para análise da CCJ, após decisão de que ela tramitasse em conjunto com outra proposta de emenda constitucional. A mudança atrasa a tramitação do tema na Casa.   

 Além disso, às 8h, o Copom divulgou a ata da última reunião, na semana passada, que cortou a Selic em 1 ponto percentual. A ata apontou que a extensão do ciclo de corte da Selic dependerá de estimativas da taxa de juros estrutural, que continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê. A extensão do ciclo de corte ainda dependerá de fatores de risco e projeções de inflação, assim como o grau de antecipação dependerá da evolução da atividade e dos fatores de risco. O Comitê afirmou considerar o atual ritmo de corte de juros como adequado.

Operação Lava Jato

As revelações da delação da Odebrecht seguem no radar dos mercados. De acordo com delatores,  o ministro da Casa Civil do governo Michel Temer, Eliseu Padilha, um dos nomes fortes do governo, pediu, recebeu e gerenciou propinas e caixa dois durante os últimos três governos federais, conforme aponta o jornal Folha de S. Paulo de hoje. Desde FHC, passando por Lula e chegando a Dilma Rousseff, o atual chefe da Casa Civil foi encarregado de arrecadar ao menos R$ 11,5 milhões junto à empreiteira.

Além disso, nesta data, o STJ deve julgar o pedido de liberdade do ex-ministro Antônio Palocci. Contudo, conforme aponta a Folha de S. Paulo, o próprio Palocci vê como mínimas as chances de uma decisão favorável e caminha para fechar um acordo de delação premiada. 

Ainda sobre o assunto Lava Jato, Temer disse,em entrevista ao SBT na noite de ontem, não estar preocupado com uma possível delação de Eduardo Cunha, preso desde outubro do ano passado, que possa envolvê-lo. “Não sei o que ele pretende fazer, não estou preocupado com o que ele venha a fazer. Espero que ele seja muito feliz. Espero que se justifique em relação a todos os eventuais problemas que tenha tido. Acho que ele foi um deputado muito atuante, muito eficiente no exercício da legislatura. Mas não sei o que ele vai fazer, não tenho que me incomodar com isso”.

InfoMoney TV

Com o foco dos mercados no avanço das pautas de ajuste fiscal em Brasília, o programa Visão Macro será exibido excepcionalmente nesta terça-feira (18), às 16h. O entrevistado é o analista político da consultoria Tendências, Rafael Cortez. Ele analisará a tramitação da reforma da Previdência na Câmara e o impacto das delações da Odebrecht sobre as pautas de ajuste fiscal do governo no Congresso. Mais cedo, às 13h30, o Na Real na TV recebe a cientista social e professora aposentada da USP Loudes Sola para abordar o distanciamento entre a classe política e o eleitorado e a dicotomia entre representantes e representados. Para assistir à programação ao vivo da InfoMoney TV.

Bolsas mundiais

Na volta do feriado prolongado da Pascoa, os mercados europeus registram mau humor e operam em baixa, em meio às incertezas quanto às eleições presidenciais na França no próximo domingo e a possível antecipação das eleições parlamentares no Reino Unido para junho. A primeira-ministra britânica Thereza May anunciou que irá convocar eleições gerais antecipadas para 8 de junho, numa iniciativa que lhe dará maior margem de manobra para o “Brexit” caso ela seja vitoriosa. Em meio a esse anùncio, a bolsa de Londres acentuou as perdas e cai cerca de 1,6%, enquanto a libra avança 0,8%. 

Na Ásia, os principais índices acionários da China caíram pela terceira sessão seguida nesta terça-feira em meio a preocupações com o aumento das regulações e a sustentabilidade do crescimento econômico do país. Esse movimento ocorreu apesar da recuperação do setor industrial da China, que responde por cerca de um terço da economia, levou ao crescimento melhor do que o esperado da China no primeiro trimestre diante do aumento das encomendas para exportação e do recorde na produção de aço. Dados divulgados nesta terça-feira pela Agência Nacional de Estatísticas mostraram que o setor industrial cresceu 6,5 por cento no primeiro trimestre ante o ano anterior, ritmo mais forte desde o quarto trimestre de 2014.

No restante da região, a confiança piorava diante do aumento das tensões sobre a Coreia do Norte e às 7:06 (horário de Brasília) o índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão, tinha queda de 0,92 por cento. No mercado de commodities, mais um dia de expressiva queda para o minério de ferro: o minério cai em Dalian após Citigroup dizer que espera queda do produto diante da perspectiva de oferta excessiva e desaceleração da demanda chinesa.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Brasil)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.