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SÃO PAULO – Enquanto as ações da Vale e siderúrgicas derreteram nesta terça-feira (18), com a derrocada do minério de ferro, 3 papéis de diferentes setores chamaram atenção na ponta positiva do Ibovespa, com ganhos entre 3% e 5%. Embora atuem em áreas distintas, o motivo da alta dos papéis Qualicorp, Santander e Marfrig nesta sessão foi o mesmo: revisões para cima de recomendações. Vale menção que as units do Santander, com alta de 3,3%, se descolaram dos demais grandes bancos, que fecharam entre leves perdas e ganhos, com Itaú Unibanco (-0,36%), Bradesco (BBDC3, +0,03%; BBDC4, -0,59%) e Banco do Brasil (+0,97%).
Além desses papéis, ganhou o holofote do mercado nesta tarde as ações do setor de papel e celulose, que passaram a subir forte após a Fibria anunciar reajuste de preços a partir de 1° de maio na Europa, América do Norte e Ásia. Contribuiu para o movimento positivo desses papéis também o movimento do dólar, que ganhou força na reta final de pregão em meio às manifestações contra a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O dólar comercial encerrou em alta de 0,29%, a R$ 3,1134 na venda.
Confira abaixo os principais destaques de ações desta sessão:
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Vale (VALE3, R$ 26,61, -2,99%; VALE5, R$ 25,40, -3,86%)
As ações da Vale caíram forte, seguindo mais um dia de derrocada do minério de ferro. Acompanharam o movimento negativo as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 18,79, -2,64%) – holding que detém participação da Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 9,37, -2,60%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,10, -4,43%), CSN (CSNA3, R$ 7,31, -4,32%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,96, -0,75%).
A commodty spot (à vista), negociada no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em queda de 4,60%, a US$ 63,20 a tonelada, enquanto o contrato futuro negociado em Dalian caíram 6,59%, a 468 iuanes, nesta sessão, para o menor valor desde janeiro, pressionados por uma continuada queda nos preços do aço em meio a preocupações com o excesso de oferta.
O vergalhão de aço caiu para uma mínima de dez semanas, após a produção da China, principal produtor e consumidor, não mostrar nenhum sinal de desaceleração apesar da demanda fraca e meio a esforços do governo de reduzir capacidade.
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Além da Vale, destaque para um relatório do BTG Pactual sobre Usiminas. Ontem, as ações da siderúrgica subiram 7,84%, após o vazamento dos números do resultado do primeiro bimestre da companhia. Mesmo com o mercado otimista, o banco disse que segue bastante cauteloso com a ação e mantém recomendação neutra para os ativos.
Petrobras (PETR3, R$ 14,46, -1,30%; PETR4, R$ 14,10, -1,26%)
As ações da Petrobras recuaram, com a queda do petróleo e notícia de que a Justiça suspendeu a venda da BM-S-8, onde está o prospecto de Carcará, na Bacia de Santos, para a Statoil. A operação, anunciada em julho, foi concluída em novembro com o pagamento de US$ 1,25 bilhão, correspondente a 50% do valor total da transação. Lá fora, os contratos futuros do petróleo Brent recuavam 0,54%, a US$ 55,06 o barril.
Segundo o Credit Suisse, a notícia é marginalmente negativa para a Petrobras, dado que pode aumentar as dúvidas em relação à velocidade da execução dos desinvestimentos da empresa.
Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente ao pedido de comentário. Mas a petroleira brasileira tem informado repetidamente que está tomando as medidas judiciais cabíveis para levar adiante a sua estratégia de venda de ativos. Já a Statoil considera recorrer sobre suspensão da venda de Carcará.
Fibria (FIBR3, R$ 27,74, +1,13%)
As ações da Fibria, que operavam próximas ao zero ao zero, ganharam força nesta tarde, após a companhia anunciar aumento de preço a partir de 1° de maio de 2017 para os mercados da Europa, América do Norte e Ásia. Os demais papéis do setor de papel e celulose – Suzano (SUZB5, R$ 12,80, +2,73%) e Klabin (KLBN11, R$ 14,90, +0,74%) – subiraam na esteira.
Segundo o comunicado da Fibria enviado à imprensa, o aumento na Europa será de US$ 40, passando US$ 820 a tonelada. Na América do Norte, o aumento também será de US$ 40, passando a US$ 1000 a tonelada. E na Ásia, o aumento será de US$ 20, com o preço passando a US$ 670 a tonelada.
Mais cedo, o mercado olhava os números da consultoria Foex, que mostraram mais uma semana de aumento de preços da celulose tanto na China (+1,95%, a US$ 602,70 a tonelada) quanto na Europa (+0,68%, a US$ 716,30 a tonelada). No setor, os analistas do Credit Suisse comentaram hoje que seguem preferindo a Suzano.
MRV Engenharia (MRVE3, R$ 15,40, -0,84%)
As ações da MRV Engenharia viraram para queda, apesar de dados operacionais positivos do 1° trimestre. De acordo com o Bradesco BBI, a prévia “continua a confirmar a força do segmento de baixa renda”. O BTG Pactual destacou que os números vieram fortes, reforçando o bom momento para o segmento. Os analistas do banco reiteraram a recomendação de compra do papel.
No primeiro trimestre, as vendas contratadas brutas da MRV somaram R$ 1,3 bilhão, 7,2% mais ante janeiro a março de 2016, conforme prévia operacional divulgada nesta segunda-feira. Já vendas líquidas subiram 15% na mesma comparação, para R$ 1,05 bilhão. A construtora lançou 7.677 unidades nos três primeiros meses de 2017, o equivalente a um valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,211 bilhão. A cifra é 24,5% maior que a do primeiro trimestre de 2016 e foi 13,1% acima do quarto trimestre. Ao mesmo tempo, a relação distratos sobre vendas caiu para 20,5%, de 26% entre janeiro e março de 2016, devido à adoção do projeto ‘venda garantida’, por meio do qual a MRV contabiliza o negócios somente após o repasse.
“Esse primeiro trimestre foi de inflexão e esperamos que esse ano seja mais ativo em lançamentos e vendas comparado a 2016”, afirmou à Reuters o co-presidente da empresa, Rafael Menin. O executivo ainda disse que a MRV não espera recuperação forte da economia em 2017 e, apesar das medidas positivas adotadas pelo governo no âmbito do Minha Casa Minha Vida (MCMV), a MRV será “assertiva” nos lançamentos, concentrando-se em microrregiões subabastecidas.
Cyrela (CYRE3, R$ 13,30, -1,63%)
As ações da Cyrela caíram , após dados operacionais fracos do 1° trimestre, segundo analistas do BTG Pactual. Segundo eles, apesar de esperados, os números refletem um cenário complicado para as vendas para a renda média e alta.
“Depois de um desempenho das ações forte este ano (alta de 32% no acumulado do ano), nós consideramos que a ação não é mais uma pechincha e que estamos preocupados que a fraqueza no resultado possa persistir. Ainda assim, mantemos nossa recomendação de compra para a Cyrela, como um dos veículos preferidos para capturar uma potencial recuperação nas vendas do segmento de média e alta renda – um movimento que parece ocorrer a partir de 2018”, comentaram.
As vendas líquidas da Cyrela Realty tiveram queda de 4,3% no primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 520 milhões. Os lançamentos ficaram praticamente estáveis no período, a R$ 612 milhões. A participação da empresa nos lançamentos passou de 67% para 88%. A Cyrela informou que lançou nos três primeiros meses do ano três empreendimentos, dos quais dois na cidade de São Paulo e um no Rio de Janeiro.
A companhia informou que das vendas líquidas no trimestre passado, R$ 199 milhões foram de imóveis prontos em estoque ante R$ 99 milhões no primeiro trimestre de 2016. A participação das vendas de estoque em construção se manteve em R$ 209 milhões e o restante, R$ 112 milhões, correspondeu a lançamentos.
Santander (SANB11, R$ 25,18, +3,37%)
As units do Santander se descolaram do restante do setor e disparam mais de 3%, figurando como a terceira maior alta do Ibovespa. O movimento ocorreu após o Credit Suisse ter elevado a recomendação do papel para outperform (desempenho acima da média) e revisado o preço-alvo para R$ 30 por ação (de R$32), implicando em um potencial de valorização de 23%.
A revisão ocorreu depois de uma queda de 22% das units nos últimos 30 dias e a percepção de que as estimativas para o banco foram praticamente mantidas.
“Nos preços atuais, SANB11 está negociando a 8.8 vezes o preço sobre o lucro e 1,5 vez a relação entre o preço e o book value, “o que nos parece atrativo ao considerar crescimento de lucro por ação de 22.4% CAGR entre 2016 e 2019, o ROE sustentável de 19.4% e um dividend yield médio de 9.4% para 2017-18”, afirmam os analistas.
Marfrig (MRFG3, R$ 6,07, +3,94%)
A Marfrig foi elevada pelo Bradesco BBI para outperform, após seis anos com recomendação neutra/underperform. O banco atribui 4 fatores para revisão ter ocorrido agora: 1) desalavancage; 2) transformação de Keystone em uma “fábrica de dólares”; 3) possível ciclo de gado positivo nos próximos três anos; e 4) provável IPO da Keystone. Segundo os analistas, a Marfrig apresentou significativa desalavancagem nos últimos três anos, com o múltiplo dívida líquida/Ebitda (que mensura em quantos anos a geração de caixa da empresa pagará sua dívida líquida) caindo de 6,0 vezes para 3,2 vezes. Além disso, eles citam que o IPO da Keystone deve ocorrer antes do esperado, permitindo um potencial de valorização do papel de 34 a 64%, segundo Bradesco BBI, complementando que as melhorias alcançadas com Keystone e seu balanço patrimonial ainda não foram precificadas. Desde que Keystone foi adquirida em 2010, volumes aumentaram organicamente em 4% ao ano, e sua margem Ebitda subiu de 5% para 9%, de acordo com relatório. Embraer (EMBR3, R$ 15,83, -1,80%)
O Bradesco BBI rebaixou a Embraer para underperform por avaliação de riscos, com o preço-alvo do ADR sendo reduzido de US$ 22 para US$ 18. A entrega de cerca de 100 aviões em 2017 encolherá backlog do E1 para 51 aeronaves em 2018/2019. O banco vê 2-3 anos de turbulência durante a transição de E1 para E2, próxima geração de jatos regionais; contudo, o E2 será produto competitivo. A Embraer deve entregar 9 E2s em 2018 e 35 em 2019, insuficiente para evitar contração de lucros líquidos. A margem será reduzida em 2017 devido ao fim de isenção fiscal. O Bradesco BBI reduziu estimativas de entrega de aeronaves para 88 e 83 em 2018/19, abaixo de 99 e 100 anteriormente; estimativas reduzidas para Ebit 2017/18 em 4% e 20%, respectivamente. Qualicorp (QUAL3, R$ 20,81, +5,37%)
Os analistas do Credit Suisse elevaram a recomendação da Qualicorp para outperform, com preço-alvo de R$ 26 por ação. O novo preço-alvo está refletindo: (1) novas estimativas macroeconômicas; (2) resultado de 2016; e (3) mudança na dinâmica do negócio da empresa. “Estruturalmente preferiríamos ver um crescimento sólido de top line com a combinação de crescimento orgânico e aumento de preços mais modestos, mas enquanto a economia nao recupera, esperamos que aumento de preço de dois dígitos seja o principal fator do crescimento de receita. Os analistas acreditam que nossas estimativas estão conservadoras e esperamos uma compressão de margem de 30 ponto-base no curto prazo, refletindo um aumento de provisões”. BRF (BRFS3, R$ 40,61, +2,04%) “Acreditamos que as perspectivas para a empresa no curto prazo ainda são desafiadoras, com a demanda doméstica ainda fraca, preço de grãos alto e pressionando o resultado até o 2° trimestre de 2017 e alta competição no mercado internacional, mas que a melhora no resultado operacional deve ser uma questão de tempo se os spreads continuarem nos níveis atuais”, comentaram. Braskem (BRKM5, R$ 31,65, +1,80%) De acordo com notícia do jornal, a sede da Braskem Idesa poderia ser transferida do México para os Estados Unidos, diante das ameaças do presidente Donald Trump de fechar o mercado dos EUA a produtos do país vizinho, de acordo com o empresário Emílio Odebrecht. Ao fim de um dos depoimentos prestados ao Ministério Público Federal (MPF), Emílio, que é sócio e presidente do conselho de administração do grupo Odebrecht, controlador da Braskem, afirmou que o assunto está em estudo, conforme destacou o jornal desta terça-feira. Via Varejo (VVAR11, R$ 11,14, +0,36%)
O grupo varejista francês Casino manteve a previsão de crescimento do lucro anual, apesar da desaceleração das vendas no primeiro trimestre em meio a sinais de enfraquecimento dos negócios na França, enquanto a inflação mais baixa afeta as operações no Brasil. A empresa ainda informou que não está sob pressão para vender a fatia controladora na Via Varejo, mas não forneceu um prazo para conclusão do negócio. “O clima brasileiro é favorável. Não temos qualquer pressão em relação a esse ativo, cujo valor intrínseco pode apenas melhorar”, disse a repórteres o diretor financeiro da empresa, Antoine Giscard d’Estaing. Vale destacar que, segundo a Coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, Michel Klein, ex-proprietário da Casas Bahia, está se movimentando para levar a Via Varejo. Apesar de certo desconforto do francês Casino devido ao interesse de Klein, o ex-dono tem dito que, agora, mantém uma parceria exclusiva com o Bradesco: o banco colocaria capital na Via Varejo por meio de seu braço de private equity e financiaria o restante da operação para Klein. As conversas estão em andamento. A relação entre Klein e Bradesco é antiga e sempre foi muito boa. Uma oferta ainda não foi formalizada. Mas existe a expectativa de que o negócio possa ser retomado após a publicação do balanço da companhia, na semana que vem.
Embora não entre na “bolo” das ações que tiveram suas recomendações revisadas, as ações da BRF também foram destaque em relatório do Credit Suisse nesta manhã. Os analistas ressaltaram que o movimento dos papéis da companhia costumava ter uma forte correlação com o spread de aves (considerando 50% exportação e 50% doméstico), mas que foi perdido nos últimos meses.
A Braskem informou que não cogita transferir a sede do seu Complexo Petroquímico do México para os EUA e para nenhum outro país, segundo comunicado enviado por e-mail, em resposta a reportagem do Valor Econômico.