Ibovespa fecha em queda e dólar sobe após jornal divulgar nomes da lista de Fachin

Após esboçar uma reação, índice acentuou as perdas no fim do pregão após o jornal O Estado de S. Paulo apresentar a lista completa do ministro do STF, Edson Fachin

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em uma sessão de bastante volatilidade, o Ibovespa fechou em queda após a divulgação, pelo jornal O Estado de S. Paulo, da lista completa dos pedidos de abertura de inquérito do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin. O índice chegou a perder 600 pontos em apenas 20 minutos com o “susto” da notícia, mas conseguiu se recuperar, apesar de fechar no negativo.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 0,45%, aos 64.359 pontos – chegando a cair 2% na mínima do dia -, com volume financeiro de R$ 8,019 bilhões. Já o dólar ganhou força com a notícia da lista, com o dólar comercial fechando em alta de 0,29%, para R$ 3,1480 na venda, ao passo que os contratos de dólar futuro com vencimento em maio apresentaram alta de 0,35%, sinalizando cotação de R$ 3,156.

Já os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 recuaram 4 pontos-base, a 9,62%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 tiveram alta de 3 pontos-base, a 9,85%.

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O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de inquérito contra nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais, entre eles os presidentes das duas Casas, segundo as 83 decisões do magistrado que foram divulgadas pelo Estadão. A abertura de inquérito tem como alvo nomes da política que gozam do chamado “foro privilegiado” e se baseia nas delações dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht (saiba mais clicando aqui).

Mais cedo, o índice chegou a cair 2% na mínima do dia diante da tensão geopolítica e as declarações dos Estados Unidos e da Rússia sobre um novo ataque contra a Síria. Porém, o mercado se acalmou após o presidente Donald Trump falar novamente sobre corte de impostos e regulação do setor financeiro, o que animou o mercado nos EUA e acabou puxando o Ibovespa.

Segundo a agência de notícias russa Sputnik, o presidente Vladimir Putin afirmou ter informações de que os Estados Unidos estão preparados para lançar um novo ataque aéreo. Desta vez, o alvo será o sul de Damasco, na Síria. O presidente russo afirmou ainda que o objetivo da ofensiva é culpar o governo do presidente sírio Bashar Al-Assad pela ação. Ele ainda apontou que a Rússia lançará uma apelação para a ONU (Organização das Nações Unidas) para iniciar uma investigação sobre o ataque químico na Síria da semana passada.

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“O mundo está subestimando o tamanho da crise que está por vir”, diz Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset. Para ele, as bolsas mundiais hoje refletem uma escalada dos riscos geopolíticos, com ainda muito espaço para realização de lucros por parte dos investidores.

Durante a tarde, Trump voltou a comentar suas futuras medidas e animou o mercado. Ele disse que a criação de empregos está “no topo” da agenda de seu governo e reafirmou que irá reduzir impostos e eliminar regulações que considera “inúteis”. Sobre a lei Dodd-Frank, que regula o sistema financeiro americano, Trump disse que pretende manter algumas regulações, mas que a maioria será substituída.

Outro ponto que ajuda o mercado nesta tarde é o relato de que a Arábia Saudita mostrou o interesse pela extensão do acordo de corte na produção da commodity feito pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com isso, o barril do WTI subiu 0,24%, para US$ 53,21, enquanto o Brent avançou 0,14%, cotado a US$ 56,06.

Destaques da Bolsa

Do lado acionário, a companhia aérea Azul (AZUL4) finalmente fez sua estreia na B3 hoje, após ter precificado sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nesta segunda-feira em R$ 21, concluindo com sucesso sua quarta tentativa de chegar ao pregão, numa operação que chegou a ser suspensa após vazamento de informações no mercado. As ações subiram 6,67% – com ganhos de 9,43% na máxima do dia -, cotadas a R$ 22,40.

Ainda no setor aéreo, vale destacar o noticiário de que o governo, após idas e vindas, vai liberar o capital estrangeiro para as companhias do setor. Hoje o teto para capital externo com direito a voto nas empresas do setor está em 20%. Com isso, as ações da Gol (GOLL4) fecharam com ganhos de 6,63%, cotadas a R$ 10,30.

Além disso, a companhia informou que a demanda por voos no mercado doméstico aumentou 13,2% em março ante mesmo mês de 2016, enquanto a oferta subiu apenas 6,8%. A taxa de ocupação no mês passado ficou em 76,9%, alta de 4,3 ponto percentual frente ao mesmo mês do ano anterior. Enquanto isso, houve uma alta de 11,8% na demanda em março, considerando o sistema total da empresa.

Apesar da virada do preço do petróleo no exterior, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) seguiram no campo negativo. No radar, a companhia comentou a elevação ontem de seu rating pela Moody’s. “A revisão da nota de crédito da Petrobras pela Moody’s reconhece o trabalho intenso que vem sendo feito na melhora dos indicadores operacionais da companhia, além do esforço de redução da dívida. Mostra que estamos no caminho correto, mas é também a constatação de que é o início de um trabalho e que ainda há muito a ser feito”, declarou o presidente da Petrobras, Pedro Parente.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,33 -3,13 -9,79 66,12M
 GGBR4 GERDAU PN 10,03 -3,09 -7,13 107,07M
 PETR3 PETROBRAS ON 15,25 -2,43 -9,98 145,78M
 USIM5 USIMINAS PNA 3,97 -2,22 -3,17 51,58M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,62 -2,11 +7,87 437,91M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 10,45 +3,77 -8,33 118,69M
 CMIG4 CEMIG PN 9,88 +2,92 +28,15 73,69M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 30,07 +2,84 +17,51 128,25M
 BRFS3 BRF SA ON 38,50 +2,61 -20,21 79,64M
 ELET3 ELETROBRAS ON 15,75 +2,41 -30,95 30,16M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 VALE PNA 27,24 -1,27 761,26M 692,61M 52.203 
 PETR4 PETROBRAS PN 14,68 -1,74 566,77M 596,66M 30.111 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,62 -2,11 437,91M 176,79M 37.483 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 37,86 -0,18 436,68M 403,55M 24.719 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,11 +0,25 358,83M 276,07M 22.324 
 BBAS3 BRASIL ON 32,82 +0,09 309,68M 215,63M 19.445 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 19,14 -0,88 265,20M 307,42M 23.891 
 ITSA4 ITAUSA PN 9,60 +0,42 179,03M 140,60M 25.520 
 UGPA3 ULTRAPAR ON 70,18 -2,07 146,44M 84,37M 10.349 
 PETR3 PETROBRAS ON 15,25 -2,43 145,78M 150,95M 15.189 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Operação Lava Jato
A Operação Lava Jato segue no radar dos mercados, principalmente após o depoimento de Marcelo Odebrecht a Sérgio Moro, que foi vazado e gerou críticas do juiz. No depoimento, Odebrecht confirmou que o ex-presidente Lula é o ‘amigo’ da planilha de propinas milionárias da empreiteira e ainda disse que ‘Italiano’ – alcunha também lançada na planilha – é uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil/Governos Lula e Dilma) e ‘Pós Itália’ referência a Guido Mantega, que também ocupou a pasta da Fazenda.

Odebrecht também confirmou todos os repasses anotados na planilha do Setor de Operações Estruturadas, que ficou conhecida como departamento de propinas da empreiteira. A primeira versão da planilha, de 31 de junho de 2012, informa que havia R$ 23 milhões à disposição de Lula, identificado pelo codinome “Amigo”. A segunda versão, datada de 31 de março de 2014, aponta um saldo de R$ 10 milhões para o codinome “Amigo”.

Segundo o depoimento, a diferença de R$ 13 milhões teria sido sacada entre os 21 meses que separam as duas versões do documento. Odebrecht apontou que os saques para Lula teriam sido identificados na tabela “Programa B”. “B” é uma referência a Branislav Kontic, que retirava o dinheiro em espécie e entregava ao petista, afirmou o empresário.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.