Azul dispara 7% na estreia na bolsa, Sanepar sobe 4% antes de dia D e Petrobras “ignora” petróleo e cai 2%

Confira os principais destaques de ações da bolsa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado sofreu uma reviravolta na última hora de pregão desta terça-feira (11), com a divulgação da lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou a abertura de inquérito contra nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais. A reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo às 16h (horário de Brasília) provocou uma forte queda no Ibovespa e uma disparada no dólar. 

Nos 30 minutos que se seguiram da divulgação da notícia, o Ibovespa mergulhou 600 pontos, puxado pelas ações da Petrobras, Vale e bancos, que caíram cerca de 1% neste período, enquanto o dólar futuro disparou 0,55%. Após a forte histeria, o índice até tentou ensair uma recuperação nos 30 minutos finais de pregão, mas ainda encerrou no negativo, com queda de 0,45%, a 64.361 pontos, enquanto o dólar futuro registrava alta de 0,33%, a R$ 3,155.

Além disso, foi destaque hoje também o primeiro dia de negociação das ações da Azul, que fecharam com alta de 6,67%. Vale menção, contudo, que nos últimos 10 minutos de pregão, as ações das aéreas – incluindo a Gol -, que comemoravam hoje a notícia de que o governo liberou o capital estrangeiro nas companhias do setor, sofreram um baque. Os papéis da Gol e Azul caíram cerca de 1% nos últimos 10 minutos de pregão, após Temer desistir de Medida Provisória e informar que vai enviar um projeto de lei ao Congresso prevendo a elevação do limite de participação de capital estrangeiro nas aéreas brasileiras, de 20% para 100%. 

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Veja abaixo os destaques da bolsa nesta sessão:

Azul (AZUL4, R$ 22,40, +6,67%) 
A companhia aérea Azul finalmente faz sua estreia na B3 hoje, após ter precificado sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nesta segunda-feira, concluindo com sucesso sua quarta tentativa de chegar ao pregão, numa operação que chegou a ser suspensa após vazamento de informações no mercado. 

As ações dispararam até 9,43%, a R$ 22,98, no seu primeiro dia de negociação na bolsa e após uma notícia de que o governo teria anunciado hoje a edição da uma Medida Provisória que libera o capital estrangeiro nas empresas aéreas nacionais, sem limites. Nesta tarde, contudo, a Casa Civil da Presidência da República informou que o governo desistiu de Medida Provisória e vai enviar um projeto de lei ao Congresso prevendo a elevação do limite de participação de capital estrangeiro nas aéreas brasileiras, de 20% para 100%. Com isso, as ações da Azul e Gol caíram cerca de 1% nos últimos 10 minutos de pregão (veja mais aqui). Ainda assim, a Gol (GOLL4, R$ 10,40, +7,66%) fechou também com alta expressiva hoje de quase 7%. Na máxima do dia, essas ações atingiram ganhos de 8,39%, a R$ 10,47.

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O volume financeiro movimentado com as ações da Azul hoje ficou em R$ 292,45 milhões, enquanto o giro dos papéis da Gol foi de R$ 73,2 milhões, contra média diária de R$ 23,8 milhões nos últimos 21 pregões.   

Terceira maior companhia aérea do país, a Azul precificou sua oferta a 21 reais por ação, no centro da faixa estimada pelos coordenadores, de 19 a 23 reais por papel. Incluindo as oferta primária (ações novas) e secundária (de papéis detidos pelos sócios da companhia), a operação envolveu 96,2 milhões de ações, movimentando 2,02 bilhões de reais.

Sobre a Gol, a ação reage também à informação de que a demanda por voos no mercado doméstico da empresa aumentou 13,2% em março ante mesmo mês de 2016, enquanto a oferta subiu apenas 6,8%. De acordo com o comunicado da Gol, a taxa de ocupação no mês passado ficou em 76,9%, alta de 4,3 ponto percentual frente ao mesmo mês do ano anterior. Os dados do sistema total da empresa, que incluem voos nacionais e internacionais, mostram alta de 11,8% na demanda em março e elevação de 5,8% na oferta. Considerando apenas os números internacionais, a demanda subiu 1,7% no mês passado, enquanto a oferta teve baixa de 1,6%, levando a taxa de ocupação para 80,5%, elevação de 2,6 pontos em relação a março de 2016.

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Petrobras (PETR3, R$ 15,25, -2,43%;PETR4, R$ 14,68, -1,74%)
As ações da Petrobras caíram forte, apesar do dia praticamente estável dos preços do petróleo no mercado internacional. Os contratos futuros do Brent registravam leve alta de 0,13%, a US$ 56,05 o barril, enquanto os do WTI subiam 0,26%, a US$ 53,22 o barril. O petróleo virou para alta hoje, com relatos de que a Arábia Saudita mostrou interesse pela expansão do acordo de corte na produção da commodity feito pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). 

No radar, a Petrobras comentou a elevação ontem de seu rating – de B2 para B1 – pela agência de classificação de risco Moody’s, além da alteração da perspectiva de estável para positiva na tarde de segunda-feira. 

“A revisão da nota de crédito da Petrobras pela Moody’s reconhece o trabalho intenso que vem sendo feito na melhora dos indicadores operacionais da companhia, além do esforço de redução da dívida. Mostra que estamos no caminho correto, mas é também a constatação de que é o início de um trabalho e que ainda há muito a ser feito”, declarou o presidente da Petrobras, Pedro Parente.

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Vale (VALE3, R$ 28,66, -1,27%; VALE5, R$ 27,24, -1,27%)
As ações da Vale recuaram após o minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, na China, cair pelo 4° dia. A commodity encerrou a sessão em queda de 0,44%, a US$ 74,38 a tonelada. Já os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian tiveram leve alta de 0,19%, a 525 iuanes. 

O movimento negativo também foi acompanhado pelas ações da Bradespar (BRAP4, R$ 20,11, -1,85%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 10,03, -3,09%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 4,33, -3,13%), CSN (CSNA3, R$ 8,39, -0,71%) e Usiminas (USIM5, R$ 33,97, -2,22%). 

Bancos

O Bradesco (BBDC3, R$ 31,72, +0,35%; BBDC4, R$ 32,11, +0,25%) e Itaú (ITUB4, R$ 37,86, -0,19%) tiveram a recomendação elevada para ‘sector perform’ pelo Scotia Capital. Ainda no radar do setor, o Itaú confirmou que em comunicado que o  Carf proferiu decisão favorável ao banco, reconhecendo serem inaplicáveis pretendidas cobranças de IR e de CSLL e ratificando regularidade e legitimidade dos atos da fusão com Unibanco da forma como foram integralmente aprovados pelo BC, CVM e Cade. 

Outras recomendações
Ainda no radar de recomendações, a Cosan (CSAN3, R$ 38,56, -0,62%) foi rebaixada de compra para neutra pelo Goldman Sachs, enquanto a Ultrapar (UGPA3, R$ 70,29, -1,91%) foi rebaixada de compra para neutra pelo Citi. As ações da Ultrapar aparecem nesta manhã entre as maiores quedas do Ibovespa. 

Sanepar (SAPR4, R$ 11,50, +3,79%)
A Agepar (Agência Reguladora do Paraná) marcou para às 11h da próxima quarta-feira (12) a deliberação do Conselho Diretor sobre a revisão tarifária da Sanepar. A expectativa pela reunião para a revisão tarifária da empresa ocorre desde a audiência pública sobre a revisão da companhia, realizada no final de março. A deliberação acerca da revisão é o item 2 da pauta. 

A audiência pública, realizada no dia 24 de março, para que população, acionistas, investidores, políticos e órgãos reguladores pudessem expor seus argumentos sobre qual deve ser o veredicto final sobre o reajuste tarifário a ser implementado foi vista como positiva pelos analistas de mercado. 

“Achei que a audiência foi surpreendentemente positiva, a Sanepar recebeu pouquíssimas críticas, soube se posicionar muito bem principalmente ao usar argumentos técnicos e quase todas as associações presentes apoiaram a empresa”, disse um gestor de investimentos que participou da audiência. A audiência, prevista para acontecer das 19h às 21h, durou até quase 22h pelo excesso de participantes. “Tinham muitos investidores, tanto que nem deu tempo de todos falarem”, conta um dos gestores ouvidos pelo InfoMoney na época (veja mais clicando aqui). 

Vale destacar que a ação da Sanepar tem sofrido bastante na Bolsa desde o dia 8 de março, após a Agepar divulgar a revisão tarifária preliminar, em que anunciou um reajuste inicial menor do que o esperado, de 5,7%, e um diferimento de oito anos da tarifa, o que aumentou a percepção de risco político dentro da empresa paranaense. Em meio às últimas sinalizações, analistas de mercado esperam por um reajuste inicial maior e um diferimento menor, de um ciclo tarifário, de 4 anos. 

Natura (NATU3, R$ 30,40, +0,80%)
As ações da Natura sobem pelo 5° pregão seguido, quando acumulam ganhos de 6,6%. Nos últimos dias, dois analistas técnicos recomendaram a compra da ação. 

No programa Visão Técnica (veja aqui) da última sexta-feira, o analista gráfico Igor Graminhani, da XP Investimentos, disse que a ação deu ponto de entrada na quinta-feira, quando ultrapassou um ponto importante (em R$ 29,30), confirmando uma formação de pivot de alta. Os alvos eram em R$ 31,00, R$ 32,55 e R$ 33,70, um topo forte tocado duas vezes no ano passado – em agosto e outubro. Indicação de compra do papel também foi dada pelo analista Rodrigo Cohen, da Rico Corretora, em seu programa semanal na InfoMoneyTV “Técnicas e Trades da Semana” (veja aqui). 

Papel e celulose 

As ações do setor de papel e celulose – Fibria (FIBR3, R$ 29,20, -0,85%), Suzano (SUZB5, R$ 13,07, -1,58%) recuam, em dia de noticiário misto. Enquanto o dólar cai frente ao real, dados da consultoria Foex divulgados nesta manhã mostram aumento de 1,63% no preço da celulose na Europa na semana, para US$ 741 a tonelada. A exceção no setor era a Klabin (KLBN11, R$ 15,05, 0,0%), que operava estável. Neste momento, o dólar comercial registrava baixa de 0,09%, a R$ 3,1362 na venda.  

Além disso, ainda no radar do setor, a ENCE (produtora de celulose espanhola) anunciou aumento de preço de US$ 40 a tonelada válido a partir de 1º de maio. Segundo o Credit Suisse, o anúncio é positivo para as empresas brasileiras, já que dá suporte para que elas continuem a tendência de ajustes de preços para cima. No setor, os analistas do banco reforçaram a preferência por Suzano.

Eletrobras (ELET3, R$ 15,75, +2,41%; ELET6, R$ 20,37, +3,14%)
A Eletrobras informou que três associações, Abrace, Abividro e Abrafe, ganharam tutela antecipada parcial visando à suspensão dos efeitos sobre suas tarifas do pagamento dos créditos relativos a ativos considerados não depreciados existentes em 31 de maio de 2000 da rede básica, segundo comunicado à CVM.  Associados não conseguiram suspender o pagamento integral da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão – TUST. Os demais pedidos de associações foram indeferidos. A Eletrobras registrou cerca R$ 36,5 bilhões a receber a título de RBSE e vai avaliar efeitos da decisão. A companhia informou que manterá o mercado informado.

Oi (OIBR3, R$ 3,61, +0,56%; OIBR4, R$ 3,51, +6,36%)
A Justiça nomeou o escritório Arnoldo Wald como administrador judicial da
companhia, em substituição ao papel da PwC na empresa. Ainda no radar da empresa,  os credores enviaram carta ao presidente do conselho pedindo mais informações sobre as negociações com credores, segundo cópia do documento, ao qual a Bloomberg teve acesso.

A carta questiona declarações feitas pela companhia quando divulgou a proposta revisada de recuperação judicial, especificamente comentários de que o plano foi elaborado “a partir de conversas realizadas em mais de 50 reuniões presenciais com diversos credores da Oi no Brasil e no exterior”, de acordo com a carta. “Achamos essa declaração surpreendente e enganosa, já que estamos cientes de que vocês não tiveram nenhuma negociação substancial com o Steering Committee, o International Bondholder Committee ou Export Credit Agencies”, segundo a carta, assinada por Erick Alberti, diretor da Moelis, e advogados da companhia. A Moelis não quis comentar e a Oi não retornou imediatamente o pedido de comentário feito pela Bloomberg.

Bombril (BOBR4, R$ 2,33, -27,19%) 
As ações da Bombril tiveram dia de correção, após dispararem 73,91% ontem sem nenhum motivo aparente. O pregão foi marcado novamente por forte volume financeiro, que atingiu R$ 8,2 milhões, contra média diária de R$ 621 mil dos últimos 21 pregões. 

Da última vez que a ação da Bombril tinha registrado uma alta dessa magnitude na bolsa, em agosto do ano passado, a companhia havia informado ao mercado que, no contexto de sua reestruturação, avaliava financiamento e venda de ativos não estratégicos como alternativas para fortalecer sua estrutura de capital. Do fechamento do dia 30 de julho até o dia 4 de agosto, as ações da companhia subiram 192% na bolsa.