Tecnologia do bitcoin pode revolucionar o mercado de capitais nos próximos anos, dizem especialistas

Durante evento em São Paulo, diretores de diversas companhias comentaram os impactos que o blockchain terá no médio e longo prazo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O blockchain, tecnologia criada com o bitcoin e que está se expandindo para diversos outros meios, promete revolucionar o mercado de capitais nos próximos anos. A opinião é consenso entre diretores de diversas companhias que participaram da primeira conferência internacional no Brasil de blockchain, em São Paulo. Para eles, a mudança não ocorrerá no curto prazo, mas tem potencial de mudar o mercado.

Segundo João Paulo Oliveira, chefe de blockchain da fintech Foxbit, mudanças profundas ocorrerão na maneira como o mercado negocia ativos, mas em um prazo acima de 5 anos. “Durante os próximos 3 anos nada vai mudar, mas no longo prazo tenho certeza que este sistema vai mudar o mercado”, afirmou durante o painel “Transformando o mercado de capitais”.

Ele fez uma comparação com a internet, dizendo que demorou cerca de 10 anos para que ela realmente começasse a mudar a forma como vemos e fazemos as coisas, acreditando que o blockchain será o próximo passo disso tudo.

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Já Christina Hutchinson, diretora da Swift Brasil, concorda que estas mudanças irão demorar pelo menos 5 anos, mas ressalta que já em 2018 as pessoas verão os primeiros casos, mas que ainda serão isolados, sem afetar o mercado como um todo. João Paulo complementou dizendo que este primeiro caso não será no mercado financeiro.

Participou do painel também o arquiteto para a indústria bancária e mercado financeiro da IBM Brasil, Luiz Fernando Jeronymo, que contou que a bolsa já tem feito diversos estudos e tem uma área dedicada ao blockchain e como ele poderá ser implementado no mercado brasileiro. “A Cetip tem feito estudos e agora com a B3 estas análises continuam”, disse.

Fredrik Voss, responsável pela iniciativa de inovação em blockchain da Nasdaq, comentou um pouco sobre as experiências mais avançadas da tecnologia nos Estados Unidos. Para ele, no médio e longo prazo, à medida que o blockchain passa a ser mais utilizado, certamente haverá o potencial para mercados primários e secundários se tornarem mais eficientes em relação ao modo como suas ações são listadas e processadas. Além disso, será possível ter um “histórico” dos papéis, tornando os negócios ainda mais seguros.

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O que é blockchain?
Em resumo, o blockchain (nome que vem da ideia de ser uma cadeia de blocos) é um sistema de contabilidade. É um tipo de banco de dados descentralizado que registra operações de forma permanente. Esta tecnologia foi criada junto com o bitcoin e hoje é muito difícil separar as ideias, mas o uso do blockchain vai muito além da moeda digital.

Um bloco é a parte atual da blockchain onde são registrados algumas ou todas as transações mais recentes e uma vez concluído é guardado na blockchain como banco de dados permanente. Toda vez que um bloco é concluído um novo é gerado. Existe um número incontável de blocos na blockchain que são linkados uns aos outros – como uma cadeia – onde cada bloco contém uma referência para o bloco anterior.

Entre as maiores vantagens apontadas por especialistas para o uso do blockchain estão a segurança e agilidade do sistema. Por ficar gravado em uma cadeia de forma irreversível, esta tecnologia permite, por exemplo, que seja mais fácil guardar informações e tornar o sistema mais seguro, principalmente por descentralizar a cadeia, já que todos os computadores ligados ajudam na produção dos blocos e registros.

Para entender melhor o que é blockchain, clique aqui.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.